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ACERCA DOS "GAVIÕES" QUE EXISTIRAM NA AVENIDA

por Francisco Galego, em 17.08.14

A referência feita pelo blogue “De Campo Maior”, ao texto que antes aqui foi publicado sobre “A Feira”, sugeriu-me escrever um texto usando o título das crónicas que, há muito tempo, fazia na televisão um mestre que tive na Faculdade de Letras de Lisboa e que muito contribuiu para a minha formação: o grande escritor e poeta Vitorino Nemésio.

Com alguma saudade e muita consideração, vou responder ao “De Campo Maior” começando assim:

 

Se bem me lembro…

 

Havia efectivamente, creio que, pelo menos, três "gaviões" na Avenida.

Os “gaviões” eram uma espécie de barracões em madeira, de considerável dimensão que corresponderiam, pela sua função, aos actuais “quiosques”. Aliás, os locais onde actualmente estão os que são bares, na parte oriental da Avenida da Liberdade, são os locais onde ficavam dois desses “gaviões”.

Ao contrário dos actuais “quiosques” que quase só funcionam no Verão, os “gaviões” funcionavam todo o ano. Uns tinham uma categoria semelhante à das tabernas mas um deles era mais do tipo “café e restaurante”. Chamava-se "Gavião Branco". Nas primeiras décadas do século XX, era considerado o local frequentado pelos homens considerados "notáveis" na vila. Digo homens, porque nenhuma senhora frequentava esses locais, sob pena de ficar "malfalada".

Já agora, uma curiosidade: Foi em volta do “Gavião Branco” que nasceram os primeiros grupos que praticaram o futebol em Campo Maior, desporto que se desenvolveu devido ao grande dinamismo de João Ruivo, funcionário público, escritor e jornalista, fundador de dois jornais: O Campomaiorense e o Notícias de Campo Maior. João Ruivo esteve ligado a todos os clubes de futebol que existiram em Campo Maior, incluindo o Sporting Clube Campomaiorense.

Os jogadores serviam-se do “gavião” como ponto de apoio e treinavam no fosso a que mais tarde se chamou “Jardim das Viúvas” que ficava mesmo em frente, no terreno onde está em construção um novo Jardim de Infância. Mas, os jogos eram disputados no terreno que fica entre a fonte/chafaris/tanque de S. Pedro e o muro da quinta do mesmo nome.

A sociedade campomaiorense era então muito estratificada. Por isso, havia os que frequentavam um ou outro dos "gaviões", consoante o grupo social a que pertenciam.

Quando surgiu o “Café Guitano”, no Terreiro, este nasceu logo estratificado em três zonas: a dos ricos, a dos remediados e a dos pobres. Claro que havia, espalhadas pela vila, um número considerável de tabernas.

Então, os “gaviões” entraram em declínio, foram fechando e acabaram por ser demolidos. O que durou mais tempo foi o “Gavião Branco” que esteve em funcionamento quase até ao final dos anos quarenta do séc. XX. Mas, nesse tempo, já não passava de uma vulgar taberna frequentada pelos contrabandistas.   

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publicado às 16:04


DA VINHA E DO VINHO

por Francisco Galego, em 11.10.11

Passámo a época das vindimas e estamos no início de nova produção vinícola.

 O vinho é uma das mais antigas produções do nosso território. Foram os romanos que o introduziram associado à produção dos cereais e do azeite. Estes três produtos agrícolas compunham a trilogia básica de sustentação para as populações romanizadas. A pecuária, sobretudo suínos e ovinos, eram as produções complementares para o abastecimento da carne, do leite e da lã.

Mas o vinho foi sempre considerado uma produção de excelência. Na Idade Média era tomado como complemento alimentar de grande importância e eram-lhe atribuídos efeitos terapêuticos no ataque a muitas maleitas. Nos Descobrimentos Marítimos, os navegadores perceberam que o vinho era o principal antídoto para o terrível escorbuto que resultava de uma alimentação desvitaminada por não poderem ingerir produtos frescos como frutas e vegetais, durante as longas viagens sem se aproximarem de terra.

 

O vinho foi sempre produzido em particamente todas as regiões do nosso país. Mas, no Alentejo, até há pouco tempo, a vinha ou bacelo aparecia associada ao olival. Com o alastramento da filoxera, a vinha sofreu forte redução na segunda metade do século XIX.

Actualmente, o vinho pode ser considerado produto de destaque da nossa produção agrícola por três ordens de razões: pela quantidade, pela variedade e pela excelência da sua qualidade. São portugueses alguns dos vinhos mais famosos do mundo.

 

Para ficarmos como uma noção da projecção dos vinhos portugueses, consideremos os seguintes dados:

- Em 1756 foi criada a Região Demarcada do Douro, primeira região vitivinícola a ser demarcada em todo o mundo. Governava em Portugal o Senhor Marquês de Pombal, em nome de Sua Majestade, D. José, soberano absoluto do Reino de Portugal e dos Algarves d’aquém e d’além-mar;

- No ano de 2010 foram vendidos 86 milhões de litros de vinho do Porto, tendo sido facturados dois milhões e meio de euros na exportação de vinho do Porto para o Brasil e o aumento das exportações de porto nesse ano foi de cerca de 3% o que correspondeu a 370 milhões de euros;

- A venda de vinho da Madeira no primeiro semestre de 2011 aumentou 5% e a venda total deste vinho para o estrangeiro atingiu a soma de 6.750 milhões de euros.

 

Mas, porque as condições climáticas não foram as mais favoráveis, espera-se uma redução de 30% na produção de vinho na Região Demarcada do Douro.

Por outro lado, há problemas difíceis de compreender no que respeita à produção do vinho: os agricultores queixam-se de uma sufocante falta de apoios e de se verem coagidos a vender a sua produção a preços muito baixos.

Coisas deste modo português de complicar em vez de facilitar, ou malhas que o “cego” capitalismo tece?

 

(Fonte de dados; DN, 2/10/11)


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publicado às 21:39


Um enfado de Carnaval

por Francisco Galego, em 19.02.10

Quando escrevo este texto é Quarta-feira de Cinzas. Terminou o Carnaval. Guardadas as máscaras e os trajes exibidos pelas figuras grotescas do Entrudo, a vida vai agora voltar à normalidade. Este ano, o tempo não ajudou: a chuva constante anulou os planos dos promotores dos folguedos. Por razões familiares, não estive presente para assistir às manifestações carnavalescas em Campo Maior. Não posso, portanto opinar sobre o brilho e a alegria dos festejos.

Na localidade onde me encontro, as ruas costumavam despovoar-se, os lugares de estacionamento ficavam desertos. O pessoal debandava para os corsos das localidades próximas. Noutros tempos, havia quem se atreve-se a ir até à Mealhada. Alguns iam até Torres Vedras de antiga fama e tradição pelos seus cortejos. A maioria, ficava-se por Loures, fazendo um Carnaval mais caseiro e mais em conta.

Este ano não. Os centros comerciais da zona estavam cheios de gente que, enfastiadamente, gastava o tempo concedido pelo fim-de-semana prolongado pela ponte e pelo feriado. Que monótonos são, na maioria das vezes, os tempos livres das populações suburbanas desta cidade… Sobretudo quando chove e nem dá para esticar as pernas entorpecidas pela rotina diária dos dias de trabalho. Por isso faz-se a triste peregrinação destes grandes espaços onde as pessoas se amontoam para fazer pouco mais que nada: olham-se as montras, espreitam-se as lojas contendo qualquer impulso consumista porque, neste tempo de crise, os orçamentos não permitem descuidos mais ousados que as modestas concessões para dar algum prazer às crianças. Alguns permitem-se o luxo de ver um filme, tomar um café, comer um bolo. Depois vão voltar a casa e mergulhar no sofá em frente ao enfado de uma televisão que, na maioria das vezes, nem sequer os diverte.

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publicado às 12:10


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