Campo Maior, praça de guerra até meados do século XIX, foi com Ouguela, Elvas, Juromenha e Olivença, uma das principais defesas do corredor do Xévora-Caia, por onde se fizeram as maiores tentativas de invasão do nosso território a partir do país vizinho.
A sua função militar determinou fortemente o crescimento do casco urbano da vila. Confinada no cerco das muralhas, viu, durante séculos, limitado o seu crescimento e, mesmo, definido o tipo de utilização dos seus campos, uma vez que, por razões de estratégia militar, as terras que rodeavam a povoação não deviam ser arborizadas. Predominava, por isso, o campo aberto, servindo de plantio a searas e de pasto aos rebanhos de gado ovino.
Porém, em épocas de relações pacíficas com a Espanha, como no período que vai desde o século XIV, ao século XVII, abrandadas as preocupações defensivas, a vila pôde crescer para além das muralhas.
Esse crescimento foi então determinado por um outro factor: a existência de fontes que garantissem o abastecimento de água à população.
Durante o período atrás referido, a vila cresceu ao encontro das grandes nascentes de água. Assim, desenvolveu-se uma área de crescimento em direcção à Fonte S. Pedro, a nordeste do núcleo medieval, outra em direcção à Fonte Nova, a noroeste, uma terceira em direcção à área da Fonte das Negras, a leste.
As fontes, são, portanto, um dos factores do crescimento do núcleo urbano. Nesses pontos se localizam as mais antigas e persistentes nascentes de água do concelho.
A Fonte de S. Pedro, provavelmente a mais antiga, é local habitado desde os mais remotos tempos. Vestígios de ocupação romana, têm aparecido com abundância no espaço que a rodeia. Perto da fonte, localiza-se o mais antigo dos locais de culto de Campo Maior: a Ermida de S. Pedro. Este templo assenta sobre vestígios de um templo romano.
Estas fontes ficaram exteriores à vila quando, mais uma vez, por razões de estratégia militar, a vila teve de ser defendida após a Restauração de 1640. Na eminência de ataques pelo exército espanhol, a vila foi dotada de novas muralhas e de um conjunto de baluartes. Devido a isso, deu-se uma contracção do casco urbano que provocou o desaparecimento de bairros que se tinham estendido nas três direcções atrás referidas.
Mas, as fontes persistiram até à actualidade. Essas fontes exteriores estão localizadas nos pontos principais de acesso à vila e vão desempenhar uma tríplice função que definiu a sua estrutura muito particular: são simultaneamente fontes de abastecimento de água potável; são bebedouros para os animais e tanques para a lavagem das roupas.
Por outro lado, prevenindo a possibilidade de cercos demorados, a vila teve de se dotar de outras fontes, internas às muralhas, que assegurassem o abastecimento normal de água. Por isso, essas fontes internas eram mais simples porque desempenhavam apenas essa função. Na actualidade, estas fontes têm um mero carácter decorativo, pois o sistema de abastecimento de água ao domicílio tornou-as desnecessárias.