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Aqui se transcrevem textos, documentos e notícias que se referem à vida em Campo Maior ao longo dos tempos
DE NOVO O EXÍLIO
1959 – Fui mandado para o ambiente mais calmo de Castelo Branco, calma e simpática cidade do interior beirão. Fiz aí muitos bons amigos.
Mas, com a vida boémia coimbrã, tornara-se claro o equívoco em que assentara a minha opção por "Ciências". Tornara-me um leitor compulsivo. Devorava livros desde os romances à poesia e aos ensaios sobre literatura. Tornara-me um razoável conhecedor dos neo-realistas portugueses e de Tolstoi, Dostoieveski, Roman Roland, Gorki e de tantos outros que foram moldando a minha consciência do mundo, dos homens e da realidade social.
A política tornou-se parte integrante das minhas preocupações. Optei desde então por passar à acção lutando, do modo que então era possível, contra a fatalidade da situação em que vivíamos em Portugal. De tudo isto se ressentia a minha vida escolar levada a contragosto para matérias de estudo que pouco me interessavam. No final do ano, em plena prova prática de exame de Física, um professor sagaz, notando a minha contrariedade inquiriu-me e, percebendo o erro em que me enredava, aconselhou-me a desistir e mudar o rumo dos meus estudos. Aceite a sugestão, desisti dos exames e regressei a Campo Maior.
Meu pai que já notara que algo não ia bem, anuiu e resolvemos que me orientaria para as “Letras”.
Porque as minhas actividades implicavam algum risco, convenci o meu pai a emancipar-me para que ele fosse incomodado o menos possível por aquilo que comigo viesse a acontecer. Além disso, assim podia obter passaporte e deslocar-me para fora do país sem carecer de autorização paterna.
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