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Aqui se transcrevem textos, documentos e notícias que se referem à vida em Campo Maior ao longo dos tempos
As “Festas” dos anos 30 aos anos 50
No ano de 1935, uma nova Comissão Administrativa da Câmara Municipal, tomou posse no dia 6 de Abril e era constituída por Manuel Joaquim Correia, como presidente, dr. Justo Garcia d’Agrela, João Vitorino Muñoz, Mauro das Dores Alves, João Aguiar Mexia Serra e João Martins Leitão. Esta nova administração chegou a ter o projecto de realizar as Festas. Mas, na verdade, elas não se chegaram a efectivar.
A Europa estava à beira de arrastar o mundo para um novo conflito. Aqui ao lado, estava eminente o primeiro ensaio duma nova Grande Guerra, com a guerra civil em Espanha
Em 1936, verificou-se um acontecimento que teve profundos reflexos em Campo Maior: em Julho, com o levantamento das tropas sedeadas em Marrocos e comandadas pelo General Francisco Franco, contra o governo republicano, começava a Guerra Civil de Espanha que se transformou num ensaio para a 2ª Grande Guerra que se lhe iria seguir. E, mais estranho ainda é que as Festas se vão realizar nos três anos em que a guerra civil esteve mais acesa: 1936; 1937; 1938.
Sobre as Festas nestes anos, as notícias são muito escassas. Os elementos disponíveis são insuficientes para se fazer uma análise minimamente fundamentada. Registe-se apenas a certeza de que as festas se continuavam a realizar apesar de o clima geral no país e no mundo ser tão pouco tranquilizador.
O ano de 1938 começou com todas as polícias, forças militares e militarizadas em estado de alerta pela suspeição de que estivesse a ser organizado um golpe militar contra o Estado Novo. O regime, ao mesmo tempo que toma medidas de prevenção, desencadeia um vasto plano de propaganda. Vão seguir-se várias comemorações de exaltação nacional que culminam com a dupla celebração dos Centenários da Fundação de Portugal em 1140 e da Restauração da Independência em 1940.
Em 1 de Abril de 1939, com a tomada de Madrid pelas tropas nacionalistas de Franco, terminou a Guerra Civil. Começaram as grandes manifestações de apoio a Salazar que acelera a consolidação do seu Estado Corporativo. Estas manifestações, mobilizando grandes massas com gente de todas as regiões do país que se deslocaram a Lisboa para manifestarem o seu público e massivo apoio a Salazar. Estas manifestações instituíram-se como prática habitual, até ao fim do regime.
A 1 de Setembro de 1939, com a invasão relâmpago da Polónia e consequente declaração de guerra da Inglaterra e da França à Alemanha, começa a Segunda Grande Guerra.
Brados do Alentejo, Estremoz, 20 de Setembro de 1936
Festas de Setembro
Decorreram brilhantíssimas, como se esperava, as festas de Setembro e com farta concorrência de forasteiros. As ornamentações das ruas estavam soberbas, bem assim, touradas, fogos de artifício, feira, etc. Houve alguns pequenos percalços, como não podia deixar de ser. A excelente banda humanitária de Palmela que agradou imenso, não quis ir cumprimentar o regente da nossa filarmónica como estava combinado. A Comissão das Festas, por sua vez, não quis fornecer água aos filarmónicos e, como se extraviasse o bilhete premiado da rifa do aparelho de rádio, não se sabe a quem pertence.
Brados do Alentejo, Estremoz, 26 de Setembro de 1937
Festas de Setembro
Conforme se esperava resultaram brilhantíssimas as Festas de Setembro. A parte religiosa foi um primor. As touradas esplêndidas, sobressaindo muito o cavaleiro José Corado, o “Coradinho” e a banda taurina “os formidáveis” . As ornamentações das ruas como ano nenhum. As três noites de fogo esplêndidas e os concertos musicais a mesma coisa. A nova feira magnifica, tendo os feirantes feito bom negócio. Os forasteiros, em diversos meios de transporte, contavam-se aos milhares.
O Correio Elvense, Nº 407, 4 de Setembro de 1938
Nesta formosa e progressiva vila começam hoje e prolongam-se até ao próximo dia 7 as tradicionais Festas do Povo. Que há anos ali se realizam com grande êxito e muita concorrência, espacialmente desta cidade. O programa de tão atraentes festas é o seguinte:
Dia 4 – Às 6 horas, início das festas. Repique dos sinos em todas as freguesias e uma salva de 21 morteiros; às 12 horas, solene festividade religiosa na igreja de S. João Baptista, na qual tomará parte uma especial orquestra sob regência do maestro Lino Fernandes; às 15 horas, abertura da exposição de quadros e outros trabalhos do pintor Francisco Xara; às 18 horas procissão coma imagem do padroeiro S. João Baptista, a qual percorrerá as principais ruas da vila; às 21 horas, arraial na Praça da República, abrilhantado pela Banda da Academia dos Amadores de Música Campomaiorense, fazendo a sua apresentação de cantadeiras Rancho do Sor.
Dia 5 – Às 8 horas alvorada pela Banda da Academia dos Amadores de Música Campomaiorense; às 15 horas início da venda da flor por um grupo de gentis senhoras desta localidade; às 17 horas, grandiosa corrida de touros à vara larga, uma das mais características diversões do Alentejo, abrilhantada pela Banda da Academia; às 21 horas, apresentação na Avenida Dr. Agrela do rancho infantil, o qual apresentará várias danças e cânticos do seu vasto reportório; às 22 horas, continuação do festival nocturno, fogo preso e do ar, bailes e descantes populares.
Dia 6 – Às 16 horas gincana de burros e corrida de sacos, na Praça da República; às 18 horas, corrida de touros à vara larga abrilhantada pela Banda da Academia; às 22 horas, continuação do festival com fogo preso e do ar; às 0 horas, largada de um balão.
Dia 7 – Às 8 horas, alvorada pela banda, às 17 horas, última corrida de touros; às 22 horas, leilão de prendas não sorteadas na tômbola, concerto pela banda, bailes e descantes populares, fogo de artifício, preso e do ar.
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