Copyright Info / Info Adicional
Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Aqui se transcrevem textos, documentos e notícias que se referem à vida em Campo Maior ao longo dos tempos
CARTEIRA D’UM VIAJANTE
Campo Maior III
-----------------------------------------------------
Notícias publicadas no número 214, do jornal, - A Democracia -, publicado em Elvas no dia 11 de Dezembro de1876, pág. 2.
------------------------------------------------------------
(...) Do Largo da Matriz, quase defronte da igreja, parte a Rua Estreita que vai desembocar a um dos sítios de maior bulício da vila, o terreiro da Misericórdia (chamado agora Largo Barão de Barcelinhos). Ali que estão abertas as lojas de comércio de panos, lãs, linhos, algodões e outros artefactos e quinquilharias.
Próxima, já no caminho do castelo, abafada pela estreiteza de umas vielas que se não podem chamar asseadas, está a Igreja da Misericórdia, uma das melhores da vila.
Nesta pequena Igreja da Misericórdia há três capelas, sendo a central dedicada à Visitação, com duas colunas de mármore e as figuras da Virgem e de Santa Isabel, em escultura. Há neste recinto seis cadeiras para os mesários daquela casa.
Continuando a subir a calçada que conduz a esta igreja, bem depressa chega o viajante à Praça Velha, sobre qual está o castelo da vila.
O castelo, posto que restaurado no século passado, está em ruinas na sua maior parte, tendo apenas em sofrível estado alguns armazéns e os alojamentos da tropa.
O antigo castelo, obra do rei D. Dinis, voou pelos ares, por efeito da explosão da pólvora armazenada na torre de Menagem, na madrugada de 16 de Setembro de 1732, por cujo abalo, ruiu a vila quase toda, sepultando nas ruínas um grande número dos seus desgraçados habitantes.
Nada há dentro dele que valha a pena passar em revista. O Senhor do Castelo é uma capela de nenhum merecimento e o viajante ter-se-ia arrependido de penetrar nele se não fosse disfrutar-se, de vários dos seus sítios, um bonito panorama da povoação, com a cidade de Elvas a sudoeste, alvejando dentro da negrura das suas muralhas, bem como as alturas insignificantes que rodeiam Campo Maior e que serviram de posições para o exército castelhano em diversas ocasiões.
No sítio de 1661, D. João d´Austria, ocupou o monte de Santa Victória a sudoeste, que foi de novo ocupado no de 1712 pelo marquês de Bay e, mais tarde, no ano de 1801, quando o sítio foi mais vigoroso, as alturas do Carrascal, aos Locaios, a noroeste. Nesse mesmo ano, o príncipe da Paz (1) estabeleceu duas baterias no sítio do Carrascal. E, no ano de 1811, o general Girard, estabeleceu as baterias de brecha, a leste, no sítio onde existiam, nesse tempo, as ruínas de um forte que mais prejudicava do que favorecia.
------------------------------------------------------------------------
(1) O Cerco de Campo Maior foi a acção mais importante ocorrida durante a «Guerra das Laranjas», onde Portugal e Espanha se enfrentaram há precisamente 200 anos. Durante duas semanas, a vila de Campo Maior foi submetida a um cerco rigoroso, com bombardeamentos intensos que provocaram enormes destruições e tiveram como corolário a inevitável rendição, mas com todas as honras.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.