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Aqui se transcrevem textos, documentos e notícias que se referem à vida em Campo Maior ao longo dos tempos
Deve ser construído um edifício para as escolas visto que estas estão mal instaladas[1]
Erro grande foi o da vereação que exerceu o seu mandato em 1920, ter consentido a venda do palácio Camaride[2], quando tudo indicava que era o Município que devia fazer a aquisição do referido palácio, onde as escolas primárias oficiais se encontravam magnificamente instaladas, com todas as condições de conforto e de higiene e satisfazendo os requisitos indispensáveis dos estabelecimentos de ensino.
A atitude daquela vereação e do Governo que então ocupava as cadeiras do poder foi bastante prejudicial a Campo Maior que ainda está sentindo os efeitos do erro cometido, pois as escolas, ainda hoje, não têm instalação condigna e própria.
Pretendeu a Comissão Administrativa Municipal transacta remediar o mal com a compra do edifício onde funcionava o antigo Asilo Camaride[3] mas, para o mesmo se adaptar ao fim que se pretende – a instalação das escolas –, trará grandes encargos para o cofre do Município e nunca ficará obra de jeito, segundo a opinião dos entendidos, por se tratar de um edifício antigo, de salas pouco espaçosas, mal ventiladas e mal iluminadas[4].
Mais vantajoso e mais prático seria que a actual comissão administrativa procedesse à alienação do prédio e, com o produto da sua venda e de alguns subsídios do Estado, deliberasse construir um edifício próprio, nas imediações do jardim público, obedecendo ao projecto previamente delineado por um arquitecto, edifício que contivesse o número de salas precisas para o funcionamento das escolas existentes e das que, por ventura, venham a ser criadas; um edifício que satisfizesse todas as condições exigidas pela moderna pedagogia, com parque de recreio, jardim, sala de ginástica, piscina para natação, etc., de forma a constituir um atractivo para as crianças.
Pouco a pouco se poderia ir erguendo o novo edifício, contribuindo a Câmara anualmente com a sua verba e o Estado com um subsídio e, dentro de alguns anos, a nossos olhos se ostentaria um magnífico edifício escolar que seria o enlevo dos campomaiorenses.
Ao critério dos actuais edis submetemos o nosso alvitre que traduz o sentido dos naturais desta terra.
[1] Este texto foi publicado por João Ruivo, no jornal de Lisboa, O Século em 15 de Março de 1930
[2] Trata-se, de facto, do Palácio dos Carvajais. A confusão resulta de a Condessa de Camaride ter sido herdeira universal dos Carvajais e, portanto, a última proprietária deste palácio que acabou por ceder a religiosas que ali estabeleceram residência conventual e asilo de crianças e de idosas.
[3] Este edifício, que é hoje a sede da Casa do Povo de Campo Maior, é que era o verdadeiro palácio Camaride, que foi também casa de religiosos e asilo de idosos.
[4] Contudo, neste mesmo edifício funcionaram aulas de turmas de Instrução Primária até ao final dos anos 40 do século XX.
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