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Aqui se transcrevem textos, documentos e notícias que se referem à vida em Campo Maior ao longo dos tempos
As “Saias”, a outra grande manifestação da cultura popular campomaiorense, não podia deixar de se dedicar a este tão notável tema que são as Festas do Povo de Campo Maior.
Venham ver as nossas festas,
Festas de grande valor;
Ficam no Alto Alentejo,
Vila de Campo Maior.
Vem, amigo forasteiro,
Venham ver as nossas festas;
De norte a sul do país,
Não há outras como estas.
Se vens às Festas do Povo,
Leva contigo uma flor;
Que este povo habilidoso,
Fez com carinho e amor.
Venham a Campo Maior,
Ver o mais lindo jardim;
Tenho corrido mil terras,
Nunca vi ruas assim.
Nunca vi ruas assim,
Mas quem seria o pintor?
Foi o povo que as pintou
Com carinho e com amor.
Campo Maior minha terra,
E terra dos meus amores;
Setembro Festas do Povo,
As ruas cheias de flores.
Foi o povo que as fez,
Com suas mãos carinhosas;
Cada rua é um jardim,
De flores maravilhosas.
Todos fizeram flores,
Todos cantaram cantigas;
Eram crianças e velhos,
Rapazes e raparigas.
Durante noites e noites,
Toda a gente fez as flores;
Sacrificando o descanso,
Esquecendo mágoas e dores.
Mas que ruas tão bonitas,
Já não sei qual a melhor;
Nunca mais esquecerás,
Festas de Campo Maior.
Mas que ruas tão bonitas,
Que flores maravilhosas!
São tantas, tantas as ruas,
Qual delas a mais formosa.
Novos velhos e crianças,
Numa labuta sem fim;
Transformaram estas ruas,
Num verdadeiro jardim.
São ruas cheias de flores,
De cravos, botões e rosas;
Todas feitas em papel
De cores esplendorosas.
Esta vila camponesa,
Está enfeitada a rigor;
Com lindas flores de papel
Que são poemas d’amor.
Povo de Campo Maior,
Como tu não há igual;
Estas tuas lindas festas,
São únicas em Portugal.
Cantar toda a gente canta,
Versos toda a gente faz;
Mas de festas como estas,
Ninguém mais é capaz.
Nós cá em Campo Maior,
Somos muito hospitaleiros;
Pomos cadeiras à porta,
P’ra sentar os forasteiros.
Numa manhã de Setembro,
A vila acorda mais bela;
E a camponesa sorri,
Debruçada na janela.
Durante meses e meses,
Mãos rudes fazem magia;
Transformam papel em flores,
Para nos dar alegria.
Vila de Campo Maior,
Terra de grande beleza;
Toda composta de flores,
Pareces uma princesa.
O povo que agora canta,
Jamais cantará de novo,
Se um dia se perderem,
As nossas festas do Povo.
Campo Maior terra bela,
A terra dos meus amores,
Que bela és enfeitada,
Toda coberta de flores.
As tuas Festas do Povo
São no mundo sem rival,
Com toda a sua beleza
Dão fama a Portugal.
Olhem bem p’ra a nossa rua,
Não precisou d’arquitecto;
Vejam bem as nossas flores
Reparem no nosso tecto.
Primavera é em Abril
Se das estações me lembro,
Mas vem a Campo Maior
Ver Primavera em Setembro.
Festas de Campo Maior
Como elas não há igual,
São as festas mais bonitas
Que já vi em Portugal.
Campo Maior, terra amada,
De beleza sem igual;
As festas da minha terra
São jardim de Portugal.
Campo Maior, terra bela,
Terra de trabalhadores;
De dia vão trabalhar,
À noite fazem flores.
Campo Maior tua fama,
Vai para lá das fronteiras;
Tens as festas dos artistas,
E tens boas cantadeiras.
Festas de Campo Maior,
Feitas com muito carinho;
Todos dão o seu melhor,
Desde a criança ao velhinho.
Minha vila alentejana,
Minha terra camponesa;
Tuas festas têm fama,
De tanto gosto e beleza.
Cheguem a Campo Maior,
Ao romper da madrugada;
Venha ver as lindas flores,
Destas mãos abençoadas.
Por entre flores à janela,
Espreita uma camponesa;
E o forasteiro se espanta,
Ao olhar tanta beleza.
Aqui a Campo Maior,
E às suas Festas do Povo;
Vem gente do estrangeiro,
Vem gente do mundo todo.
Dizia a minha avozinha,
Com uma grande comoção,
Não deixem morrer as festas,
Mantenham a tradição.
Às vezes penso comigo,
E digo de mim p’ra mim,
Mas que força tem o povo,
P’ra fazer festas assim.
Camponesa, camponesa,
Eu sou de Campo Maior;
Temos as festas mais lindas,
No mundo não há melhor.
Vou a fazer umas quadras,
Sempre com frases de novo;
Falando sempre nas festas.
Desta vila e deste povo.
Quando se pensou nas festas,
Pensei logo em fazer quadras;
Mas desculpem meus senhores,
Se algumas saem erradas.
Se algumas saem erradas,
O autor é taberneiro;
Faz quadras, vende vinho,
Assim passa o dia inteiro.
Maravilha e perfeição;
Não há festas como estas;
Digo à nova geração:
Não deixem morrer as festas.
Raparigas venham ver,
Esta rua tão mimosa;
Enfeitada com verdura,
E com flores cor-de-rosa.
Acabámos o trabalho,
Vamos todos p’ra folia;
Vamos ver as outras ruas,
Cantando com alegria.
Queremos cantar, ser alegres,
Queremos ter alegria;
Acabada a enramação,
Vamos todos p’ra folia.
Trabalham ricos e pobres,
Sem se fazer excepção;
É digna de apreciar,
Esta bonita união.
Por vezes pensando eu,
Digo de mim para mim,
Mas que força tem o povo,
P’ra fazer uma Festa assim.
Do mundo já viste tudo,
Do bom até ao melhor;
Mas Festas é que não viste,
Como as de Campo Maior.
Com carinho verdadeiro,
Coração e amor profundo;
Fazemos das nossas festas,
As melhores festas do Mundo.
As festas da minha terra,
Vou-tas dizer a cantar,
Tantas noites sem dormir,
Muitos dias sem parar.
Não há Festas como estas,
Deste povo sem igual;
Pois ninguém consegue ver,
Nada assim em Portugal.
Amigo do seu amigo,
Povo muito hospitaleiro;
P’ras Festas dá o trabalho,
E também dá o dinheiro.
As flores da minha rua,
Alegram-me o coração;
Só por pensar que as fiz,
Com gosto e satisfação.
Com gosto e satisfação,
Fiz flores p’ra minha rua;
Mas olha que a “enramação”
Não é igual à da tua.
De beleza sem igual,
São Festas da tradição;
São feitas por este povo,
Que tira da terra o pão.
Nesta terra alentejana,
Com suas espigas douradas;
Com gente trabalhadora,
De mãos bem calejadas.
De mãos bem calejadas,
Fazendo cravos e rosas;
Para criar um jardim,
Nestas ruas tão formosas.
Da minha rua eu levo,
Flores a São Joãozinho;
Uma p’ra pôr na bandeira,
Outra para o cordeirinho.
Há papoilas e há rosas,
Há de tudo o que é bonito;
Para pormos no altar,
De São João Bendito.
Com verdadeiro carinho,
Com amor firme e profundo;
Fizemos das nossas Festas,
As melhores festas do mundo.
Minha rua se vestiu,
De cores dignas de se ver;
E diz-me lá com franqueza,
Se não está linda a valer.
Se é mais bela ou menos bela,
Todas o são com certeza;
Importa é ver o esforço,
Desta gente camponesa.
Assim da noite p’ro dia,
Esta magia apareceu;
Mas ninguém faz uma ideia,
Do trabalhinho que deu.
Quem vem de grande lonjura,
Nem que venha descontente,
Em vendo esta loucura,
Fica encantado c’a gente.
Eu não sei qual foi o ano,
Em que a festa começou;
Mais foi tal a maravilha,
Que nunca mais acabou.
Setembro, cá nesta vila,
Outro mês não há assim;
Trocado com a Primavera,
Transformado num jardim.
Uma abelhinha pousou,
Na minha flor de papel;
Coitadinha abalou triste,
Não podia fazer mel.
Extraído de Francico Pereira Galego – Campo Maior, Cantar e Bailar as Saias,
Livros Horizonte, Lisboa,
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