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Aqui se transcrevem textos, documentos e notícias que se referem à vida em Campo Maior ao longo dos tempos
Campo Maior é uma vila antiquíssima da província do Alentejo e, ao mesmo tempo, praça d’armas. Está situada a três léguas ao norte de Elvas, entre as ribeiras do Caia e do Xévora a outras três a oeste de Badajoz, ainda a três léguas a sul d’Albuquerque e a quatro léguas de Arronches.
O terreno onde assenta a povoação alteia ao sul, abaixa para leste e oeste e ergue-se um pouco ao norte. Sobranceiro a todos os lados da vila, na extremidade sul, eleva-se um castelo vistoso e imponente.
Respectivamente às cercanias, a praça é baixa e dominada por muitos cerros a leste e norte, à distância de dois mil metros, o que contribui para tornar a sua defesa difícil e perigosa[1].
O castelo, segundo Ayres Varela, é obra muito antiga e forte, tanto pela situação em que se acha, como pelas muralhas que o formam. (...) Está situado na parte mais alta da povoação, ao sul, com quatro torres pequenas e uma grande. Há nele duas portas: uma para norte e outra para o sul. El-rei D. Manuel mandou construir um muro desde o castelo até S. Sebastião, muro que, com as torres antes referidas, ficou incluído numa nova fortificação, servindo de cortina aos baluartes de Lisboa e de S. Sebastião e, entre estes, está a porta da vila ou de Santa Maria. Depois foi construída outra fortificação que guardava toda a vila velha, com duas portas.
Uma nova fortificação foi começada por D. João IV e continuada, sem ser acabada, por D. Afonso VI e D. João V, a qual tem os baluartes de S. João e de Santa Cruz, entre os quais o fosso era cheio de água e assim se conservava todo o ano, sendo alimentado pelos ribeiros da Fonte Nova e do Laguinho. Ao baluarte de Santa Cruz segue-se uma grande cortina, no remate da qual fica, a cavaleiro[2], um meio baluarte chamado do Curral dos Coelhos. A estes seguem-se os baluartes de Lisboa e de S. Sebastião, depois o baluarte da Boa Vista, o meio-baluatrte da Rosa[3], o baluarte de S. Francisco, o da Fonte do Concelho e ainda outro[4] cuja cortina fecha a Praça, no baluarte de S. João e na qual está a porta principal, denominada de S. Pedro[5].
A praça tem excelentes fossos, bastantes esplanadas e, em algumas partes, contra-escapas. Tem seis revelins, e dois fortes, sendo o primeiro o de S. João[6], para o nascente, e o outro, o do Cachimbo[7], para o meio-dia. (...)
Por estarem as muralhas de Campo Maior bastante deterioradas, foram-lhe feitas algumas reparações em 1796.
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Texto copiado, com algumas actualizações e anotações, da obra de Pedro Manuel Tavares, (Major d’Artilharia), Estudos Histórico-Militares, Defensa de Campo Maior em 1801, Publicada em Elvas, em 1890.
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[1] Foi sempre apontado à praça d’armas de Campo Maior, como principal defeito, o estar rodeada destes montes que os militares designavam como padrastos (Santa Vitória; Alto da Charrua, Carrascal, Cabeça Aguda...) que se podiam tornar perigosos quando acupados pela artilharia dos exércitos sitiantes.
[2] Ficar “a cavaleiro”, ou seja, “sotoposto” ou sobrelevado, acima de...
[3] Baluarte de Santa Rosa.
[4] Chamado Baluarte do Príncipe.
[5] A Porta de S. Pedro, demolida em 1908, ficava ao fundo do tramo de rua onde hoje se situa a CURPI, dando entrada para o Largo da Carreira, assim designado, por aí chegar a diligência do transporte público que vinha de Elvas. Foi depois chamado largo dos Carvajais por aí se situar o palácio dessa que era a mais nobre e importante família de Campo Maior. Durante algum tempo, esta Porta de S. Pedro, foi chamada Porta Nova, dando assim a ideia que foi construída bastante depois da Porta de Santa Maria, construída na época da "Restauração", também designada com Porta da Vila. Ficava, portanto, muito próxima do baluarte de S. João que o povo designava como " do Cavaleiro" por ter no meio, uma estrutura sobrelevada que permitia que a artilharia disparsse em tiro razo contra as forças sitiantes que cercassem a fortaleza que defendia Campo Maior.
[6] No local onde foi construido o Estádio Capitão César Correia. Era popularmente designado como "Forte das Pesetas".
[7] O que resta desse "Forte do Cachimbo", oficialmente "Forte de Schomberg", ainda é visível no lado esquerdo da estrada para Elvas, antes do desvio para a estrada da Barragem. Era um elemento importante para defesa da Porta de Santa Maria, em conjunto com o Baluarte de Lisboa e o Baluarte de S.Sebastião (Mártir Santo).
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