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Aqui se transcrevem textos, documentos e notícias que se referem à vida em Campo Maior ao longo dos tempos
Segundo Albert Silbert que, a propósito de uma informação de 1758, faz referência pormenorizada ao estatuto e utilização destas terras comunais, designadas como "defesas", ou seja, os terrenos possuídos e geridos por uma comunidade local, ou pela administração de um concelho, geralmente terras incultas, ou que serviam para cultivar cereais, para pastos comuns e para logradores postos ao dispor da população local.
A defesa de São de São Pedro, em Campo Maior
A defesa de São de São Pedro, a sudeste da povoação, numa área arborizada e ligeiramente ondulada, era todos os anos dividida em sortes, ou seja, em partes de um moio de semente, cerca de uma dezena de hectares, as quais eram leiloadas e cedidas pela melhor oferta e nelas se praticava um afolhamento trienal, como nas restantes herdades da região. Este afolhamento não era rigorosamente respeitado, pois uma parte da terra em repouso era utilizada com outras culturas.
Como se vê, o cultivo destas sortes da defesa de São Pedro era feito em regime de exploração privada pelos que tinham conseguido, em leilão, arrematar o direito ao seu uso, pelo período que decorria entre uma sementeira e a sua colheita. Era uma prática que nada tinha de trabalho colectivista.
Depois das ceifas, a Câmara vendia os restolhos, destinados à alimentação dos gados, pela melhor oferta. Mas, mesmo no tempo dos restolhos, uma parte da defesa de São Pedro, estava à disposição dos habitantes da vila. Era numa parte integrante da Defesa de São Pedro – o Rossio – que a população podia realizar anualmente as suas eiras onde, após as ceifas e se procedia à debulha dos cereais. A notícia que a seguir se transcreve mostra a importância que a Defesa de São Pedro tinha para a população de Campo Maior, a qual se vai manter até ao inicio do século XX:
A VOZ DO ALEMTEJO, Nº 258, Elvas, Sábado, 25 de Julho de 1863
Campo Maior (correspondência particular)
“No dia 21 do corrente pelas 3 horas da tarde manifestou-se o fogo nas eiras públicas do Rossio de S. Pedro desta vila … naquele local havia próximo de 3 mil a 4 mil moios de trigo … sendo o Sr. administrador do concelho o primeiro que se apresentou no sítio do fogo, à testa do qual se conservou, para evitar que se comunicasse aos mais celeiros contíguos, que não seriam menos de 800.
Não sendo menos dignos de iguais encómios e felicitações os mui nobres proprietários que acorreram de pronto ao lugar do incêndio… e ainda mais se deve ao geral da povoação que, ouvindo tocar o sino da câmara, abandonaram as suas casas, correndo da melhor vontade, de moto próprio, a acudir a um tão inesperado incidente…tornando-se muito distintos por esta ocasião os serviços prestados pelos senhores: o subdirector da alfândega José das Dores; os artistas (artesãos)José António de Bastos, José Mendes da Mota, e Dâmaso de Albuquerque; os trabalhadores (assalariados) Manuel dos Santos Valadim, José Duarte, Manuel das Chagas e outros muitos cujos nomes ignoramos…
Campo Maior 22 de Julho de 1863”
Nota: O mesmo jornal abriu subscrição pública para ajuda aos que tinham sofrido significativas perdas com o incêndio e foi publicando as listas desses contributos recebidos, que foram bastantes e, alguns, bastante avultados.
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