Copyright Info / Info Adicional
Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Aqui se transcrevem textos, documentos e notícias que se referem à vida em Campo Maior ao longo dos tempos
REMOTAS ORIGENS
Trata-se de uma festa popular que inicialmente tinha um carácter estritamente local e que remonta ao século XVIII.
Foi evoluindo desde uma fase, em que era penas uma celebração religiosa para comemorar um pretenso milagre e daí foi evoluindo para uma festa pagã, até se tornar numa evento de dimensão que vai para além dos limites da povoação onde nasceu e para além das fronteiras de Portugal. Originalmente eram designadas como Festas em Honra de São João Baptista.
Esta festa que se tem realizado nos finais de Agosto, princípio de Setembro – não todos ao anos, nem com periodicidade regular – consiste em ornamentar as ruas da povoação como elementos que começaram pelo uso de elementos naturais - folhagens e flores – mas que a partir de inícios do século XX, começou a usar ornamentos em papel, como predomínio das flores. Essa acentuação nas decorações florais acentuou-se de tal modo que hoje o evento é designado muitas vezes como a Festa das Flores.
As festas começaram por se realizar num fim-de-semana, sendo mais tarde alargada a sua duração para uma semana.
As ruas de Campo Maior são completamente cobertas de ornamentações feitas de papel que reproduzem uma grande variedade de flores naturais. O recurso ao papel talvez tenha sido a solução própria dum clima de verões muito quentes e muito secos duma região muito no interior de Portugal. De qualquer modo tornou-se notável que as ruas, de uma povoação de razoável dimensão, se torne por vezes num fantástico jardim em que as flores são o elemento dominante.
Não é fácil demarcar com rigor a data de começo das Festas do Povo de Campo Maior. As fontes mais antigas apontam para uma origem ligada ao culto de São João Baptista, o santo patrono que figurava no seu antigo brasão. Todos aos anos no dia 28 de Outubro, realizava-se uma missa solene seguida de uma procissão em honra de São João Baptista, na qual participavam solenemente as autoridades municipais que assumiam a organização e despesas de uma festa popular com iluminação nocturna das ruas, havendo bailaricos e descantes populares. Estranha data para tal celebração pois esse dia era consagrado a um outro santo: era o dia de S. Simão.
Mas, em Campo Maior, esta data celebrava o fim do Sítio de 1712, em que a vila estivera na eminência de se render por falta de condições para continuar a resistir ao terrível poder de fogo dos invasores. A maneira como, as tropas espanholas sitiantes, tinham inesperadamente retirado quando a vila já estava praticamente vencida, foi considerada um milagre atribuído à divina intervenção, por interferência de São João Baptista, Patrono e Protector de Campo Maior. Daí que o dia ficasse assinalado como feriado municipal e se decidisse que, nesse dia, se fizessem festejos em honra do Santo Precursor de Jesus Cristo.
Esta tradição foi mantida, mas com interrupções mais ou menos longas em períodos de grandes crises como:
- A Guerra Peninsular, no início do século XIX;
- A Revolução Liberalista de 1820 e as guerras civis que se sucederam até meados
desse século.
Quase no final do século XIX, com a pacificação da sociedade portuguesa, a tradição foi retomada. Mas, devido à instabilidade meteorológica do mês de Outubro, as Festas foram recuadas para o mês de Setembro.
Em 1893, um grupo de jovens ligados às actividades de comércio e aos ofícios artesanais de loja aberta, resolveu reatar a tradição de fazer as Festas em Honra de São João Baptistaque tinham deixado de se fazer desde meados do século XIX. Estes jovens eram chamados de “artistas” por terem uma “arte” ou ofício, não ligado aos trabalhos agrícolas, actividade dominante da maioria da população. Daí que essas festas começaram a ser chamadas de Festas dos Artistas. Só mais tarde, na segunda década do século XX, a designação oficial de Festas em Honra de São João Baptista, foi mudada pela de Festas do Povo, significando que passara a ser toda a população que se envolvia na sua realização.
Desde que a tradição foi reatada em 1893, os jovens que promoveram as Festas, traçaram-lhe os projectos que se iriam manter durante quase todo o século XX: A ornamentação das ruas e a sua iluminação nocturna, um programa festivo do qual se destacavam as festas de igreja com missa solene e procissão, as alvoradas, os concertos pelas banda local ou pelas bandas convidadas de terras vizinhas, as touradas à vara larga, os bailes, os descantes populares e o fogo-de-artifício.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.