Postos à conversa, o assunto acabou para derivar para um artigo, por mim publicado, sob o título A propósito de uma leitura ... sobre as questões das escolas e da educação, começou ele por dizer que tinha grande dificuldade em aceitar algumas das convicções que eu aí tinha expressado.
Perguntando-lhe qual a razão, disse que lhe parecia que eu estava a não considerar as grandes diferenças que os professores hoje têm de enfrentar nas salas de aula, quando exercem a sua profissão. Mas, - contrapus eu -, essa é precisamente a razão dos maus resultados que se constatam actualmente nas questões da educação.
Vou tentar explicitar alguns dos espectos que referi, no texto publicado e que suscitaram a sua desaprovação:
- As mudanças sociais, principalmente a fraca competência que se verifica em muitas famílias - sobretudo as mais carenciadas de recursos e de menor nível educativo - e a necessidade de as escolas assumirem essa função para atenuarem as desigualdades, promovendo a igualdade de oportunidades, através de uma adequada educação escolar das novas gerações.
- A escola, tornou-se o elemento fundamental na preparação das novas gerações, devendo estar atenta às mudanças sociais para cumprir, de forma adequada e adaptada, a sua função. Ora, em muitos espectos, a escola apresenta ainda, formas de organização e comportamentos de um modelo escolar que, tendo sido eficaz em tempos passados, são completamente desadequados para as necessidades do tempo presente.
- O ensino é hoje entendido como de frequência obrigatória e, cada vez se alarga mais o número de anos da sua frequência, porque cada vez é mais evidente a sua necesidade como forma de uma preparação que evite e previna indesejáveis comportamentos e problemas sociais.
- A escola hoje necessária, não é compatível com determinadas práticas. Daí que haja cada vez maior necessidade de, partindo de novos pressupostos, recorrer a novas práticas que, de forma abreviada, não se limitem a um ensino baseado na memorização que tem hoje muito pouca ou nenhuma utilidade. E também porque, se torna cada vez mais evidente que, uma avaliação dos resultados da educação baseada nas classificações dos alunos, medindo exclusivamnete o insucesso, sem analisar as suas causas, não mede apenas o insucesso dos alunos. Mede principalmente, o insucesso da escola para dotar os alunos da capacidade e da vontade de adquirirem conhecimetos e competências que irão ser determinantes das suas condições de vida.
- Será que a própria formação dos professores está a ser devidamente orientada para os dotar das competências necessárias ao real e adequado exercício da sua profissão?
Como se vê, trata-se de um assunto de tão grande importância que - manda a prudência - deve ser abordado, não em termos de meros palpites e opiniões, porque exige o levantamento de questões, de razões e a aquisição de conhecimentos e de informações que permitam formular concepções e soluções devidamente fundamentadas e adequadas.
Francisco Galego, (In “Além Caia”, blog, 19/10/2018)