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Aqui se transcrevem textos, documentos e notícias que se referem à vida em Campo Maior ao longo dos tempos
As quadras que a seguir se transcrevem, referem a situação dos trabalhadores no tempo do Estado Novo. Algumas, de forma divertida, outras clamando contra as duras condições de vida dos trabalhadores, referem a situação dramática dos que, nesse tempo de grande miséria, viviam sujeitos à apertada vigilância dos maiorais e manajeiros e sob a permanente ameaça de despedimento pelos patrões, o que significaria a perda do magro e raro salário que ganhavam, a mourejar de sol a sol, no trabalho do campo. Algumas são também clara manifestação de revolta contra as injustiças e as profundas desigualdades sociais:
Sendo tu rico e eu pobre,
Sem mim não podes passar;
Enquanto eu tiver valor,
P’ra ti hei-de trabalhar.
Quem vive do seu trabalho,
Nada vale com certeza;
O rico nada valendo,
Já pode mostrar grandeza.
Desprezas-me por eu ser pobre,
A pobreza Deus amou;
Não me trocava contigo,
Assim pobre como sou.[1]
Numa terra em que o carácter sazonal do trabalho nos campos lançava periodicamente os trabalhadores no desemprego, a fome era a trágica visita que muitos deles bem conheciam. Apesar da trágica desgraça que constantemente pairava sobre as suas famílias, conseguiam brincar com a sua própria desgraça:
Ainda hoje não comi,
Coisa que o Senhor criasse;
Mas já vi o meu amor,
Fiquei como se jantasse.[1]
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