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Aqui se transcrevem textos, documentos e notícias que se referem à vida em Campo Maior ao longo dos tempos
São 14:35:
Há bem, mais de uma hora que cai neve. Não pouca e em pequenos farrapos esparsos. Mas neve em abundância que se vai acumulando em camada espessa, cobrindo tudo de um manto branco.
Nunca tinha visto a vila assim. Tenho uma vaga ideia de, sendo muito pequeno, ter brincado com neve. Meu pai fez para mim um boneco. Mas é uma lembrança tão afastada que não a consigo definir com clareza.
Ver, clara e conscientemente visto, é a primeira vez que estou a ver neve a cair sobre Campo Maior. O meu terraço está coberto desta brancura fria que sinto e observo aqui pela primeira vez.
Saí para a rua. Fui até ao Jardim. O espectáculo foi inesperado. Outros pais e outros filhos faziam como eu, de maneira difusa, acho que fiz com o meu pai. Atiravam pequenas bolas de neve uns aos outros; um dos grupos tentava construir um boneco.
Continua a nevar enquanto escrevo. O fenómeno persiste e parece não estar para parar tão depressa. Os vizinhos espreitam tão admirados e deliciados como eu.
Ainda que o não queira, vem-me constantemente à memória aquela balada terna que hoje considero excessiva de tanta pieguice, mas que me deliciava quando a aprendi de cór na minha instrução primária:
Batem leve, levemente,
Como quem chama por mim ...
....
Afinal a neve não bate assim, como dizia o poeta. A neve produz este espantoso espectáculo que é vê-la cair.
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