por Francisco Galego, em 30.08.09
Felizmente vai crescendo o número dos que entendem que na nossa democracia há um excesso de representatividade e um enorme défice de participação. É sobretudo a nível do poder local que começam a surgir projectos políticos que pretendem governar congregando vontades e capacidades através da intervenção dos cidadãos.
Provavelmente as pessoas não estarão fartas da política, mas apenas de uma certa forma de exercício do poder político. Se não, vejamos: o que torna tão desesperantemente censurável a acção de certos políticos? Não é agirem sem terem como base da sua acção um sólido e consistente plano de ideias? Não é a sua obstinação em ignorarem deliberadamente os que se preocupam em reflectir sobre as condições de vida das populações e as suas necessidades? Há algo de mais reprovável e de maior pobreza política que exercer o poder apenas para satisfazer impulsos, interesses e apetências pessoais ou de grupos de influência?
Os homens com responsabilidades de governação, são tanto mais fiáveis quanto maior é a sua disposição para atenderem à opinião daqueles que se propõem governar. Até porque governar deve ser sempre uma forma de servir e nunca uma forma de servir-se.
Provavelmente, na conjuntura actual, a grande questão política não será tanto a da escolha entre esta ou aquela pessoa ou facção, mas a de avaliar os projectos que são apresentados pelos que se propõem ser escolhidos por nós para governarem através do processo democrático das eleições.