por Francisco Galego, em 10.08.09
Noutros tempos, a maioria dos campomaiorenses nasciam viviam e morriam em Campo Maior. Muitos nem de cá chegavam a sair ao longo de toda a sua vida. Era difícil viajar, tão difícil que só uma minoria de privilegiados o poderia fazer.
Por outro lado, Campo Maior constituía uma comunidade essencialmente rural: uma população na sua maioria muito pobre, vivendo, na quase totalidade, do trabalho nos campos e dos rendimentos que a terra propiciava; uma comunidade rural que tinha hábitos e comportamentos muito ligados ao seu estilo de vida. Era próprio das comunidades rurais a pouca tendência para as inovações. As mudanças aconteciam a um ritmo tão lento que os hábitos passavam de geração para geração.
A partir de meados do século passado, com o fim da Segunda Grande Guerra, as coisas começaram a mudar a um ritmo tão alucinante que quase não temos tempo para assimilar as mudanças o que se vão verificando ao longo das nossas vidas.
Com estas mudanças, todas as tradições e actos culturais que definiam e caracterizavam as povoações tendem a ser esquecidas à medida que se instala uma uniformizada e massificada forma de comportamento que apaga todas as diferenças e descaracteriza completamente os grupos humanos. Isso até se verifica nessas esquisitas manifestações que têm por hábito classificar como festivais de folclore.
Devemos deixar que esta forte tendência arrase e lance no esquecimento todos os vestígios da cultura dos nossos antepassados? Nada podemos e nada devemos fazer para preservar um património cultural para que os nossos descendentes que vivem lá por fora possam dele tomar conhecimento?