No seu blogue “Abrupto”, José Pacheco Pereira ao pronuncia-se sobre o Freeport vem a admitir o que está hoje perfeitamente provado, ou seja, que o primeiro-ministro foi vítima em 2005, de uma, no seu dizer, “campanhazita negra”, com “origem nuns imbecis do meu partido e do PP, a brincar a coisas sérias”, acrescentando que “foi obra de amadores tão grosseira que tinha rabos-de-palha de fora e foi denunciada por muito boa gente do PSD na altura”.
Em 2005 José Sócrates acusou Santana Lopes de, com a cumplicidade de elementos do CDC-PP, serem os mentores das notícias sobre o caso Freeport e das insinuações sobre a sua sexualidade, para o desacreditarem pessoal e politicamente em ano de eleições. Pacheco Pereira foi então dos que mais alto protestou, juntando-se ao coro dos que gritaram contra a “teoria da conspiração e da cabala” acusando Sócrates de se estar a vitimizar para daí tirar vantagem nas eleições que se iam realizar. Ou seja, inverteu descaradamente o argumento para tornar culpado quem efectivamente estava a ser atacado.
Pacheco Pereira volta a assumir agora posição semelhante argumentando que entende que as “campanhas negras” e os poderes ocultos de que fala o líder do governo são uma ficção, pois que o que verdadeiramente está agora em jogo “é algo de mais grave e nada oculto”.
É natural que sim. Afinal os conspiradores também aprendem com os seus erros e, em vez de uma “Campanhazita negra”, apresentem agora obra de maior vulto e muito melhor estruturada. Quem parece que não aprendeu muito com a tentativa anterior foi Pacheco Pereira, porque não acompanhou a evolução dos ditos conspiradores e volta a utilizar exactamente os mesmos argumentos.