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NOVOS TEXTOS - O CENTENÁRIO DA GUERRA PENINSULAR

por Francisco Galego, em 15.01.20

Em Campo Maior

No dia 22 deste mês de Março de 1911, nesta extinta praça de guerra, realizaram-se os festejos comemorando os heróicos feitos de armas praticados, quando esta vila esteve sitiada, durante 10 dias, pelas tropas de Napoleão Bonaparte, comandadas pelo Barão de Gerard.

Após encarniçada luta e esgotados todos os esforços dos sitiados, esta praça teve de capitular, mas cabendo maior glória aos vencidos do que aos vencedores, se atendermos à enorme desproporçrão entre as forças sitiantes e as sitiadas.

Em Março de 1811, a vila estava guarnecida por apenas 60 praças de artilharia comandadas pelo Major Talaya, tendo-se juntado o povo, sem distinção de sexos, para garantir a sua defesa, manifestando de novo o seu grande valor e patriotismo, à semelhança do que já havia feito no anterior cerco de 1801.

(...) Referindo os principais momentos dos festejos que agora se realizaram em honra e memória destes bravos, no dia 21 fizeram entrada marcial nesta vila: uma força de caçadores com banda à frente; uma bateria de artilharia com todo o pessoal e material; uma força de cavalaria; uma banda de infantaria.

(...) O povo manifestando um entusiasmo indiscritível, acompanhou a entrada das forças, queimando muitos foguetes durante todo o seu trajecto, tendo as honrosas e dignas comissões dos festejos, acompanhadas das filarmónicas, apresentado os seus cumprimentos ao Sr. General Rodrigues da Costa, hospedado na casa do Dr. Sérgio Parreira, ao qual foi feita uma entusiástica ovação, que se foi repetindo até aos paços do concelho. Sua Exª foi recebido com muitos vivas e palmas, ao entrar na sala das sessões, lindamente ornamentada, e aí agradeceu as provas de simpatia que acabara de receber.

(...) Pelas 12 horas, uma comissão de meninas da elite campomaiorense, foi fazer a entrega de uma da bandeira, lindamente bordada e alusiva aos festejos, a sua Exª.

(...) O Sr. Ministro da Guerra e sua comitiva, bem como o Sr. Governador Civil foram recebidos com entusiasmo delirante e largada de muitos foguetes, na sua chegada aos paços do concelho. Apesar de a noite estar chuvosa, a assistência era enorme.

(...) Os diversos discursos proferidos foram muito ovacionados...

No cortejo organizado no dia seguinte, pelas ruas principais da vila, que estavam primorosamente ornamentadas, ao chegar à rua a que foi dado o nome de Major Talaya. De uma das janelas, da casa do sr. Capitão Dores, o sr. Diogo Mexia Cayola, proferiu uma bela alocução.

(...) Com as senhoras lançando muitas flores das janelas, o cortejo dirigiu-se para o castelo, onde o Sr. Ministro da Guerra descerrou uma lápide comemorativa, ao som de uma salva de 21 tiros e das filarmónicas e bandas que tocaram a “Portuguesa”, tendo em seguida sido proferidos vários discursos e sido ovacionado o sr. oficial Botelho, neto do celebrado Major Talaya que assumira a defesa desta vila em 1811.

 

Texto organizado tendo como base as informações recolhidas no Jornal “O Distrito de Portalegre” nª 1.851, publicado em 29 de Março de 1911.

 

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publicado às 10:03


CAMPO MAIOR – A ABERTURA DAS MURALHAS

por Francisco Galego, em 10.01.20

Com o título “A DEMOLIDA PORTA DE SÃO PEDRO EM CAMPO MAIOR EM 1902”, foi aqui publicado, em 19/9/2019, um texto que deu inicio ao processo de abertura das muralhas .

Este assunto  é hoje retomado, com base nas pág.s 2 dos nºs 24 e 27do jornal  “O LIBERAL”, publicado em Elvas, em 28/10 e  18/11 de 1906), onde se refere que:

Foi concedida autorização, pelo ministro da guerra, para as aberturas nas muralhas que o povo e o municipio tinham muitas vezes pedido, sem que tivessem obtido deferimento, embora se tratasse de obra de grande utilidade para o crescimento da vila, para facilidade da sua comunicação com os campos e da sua expansão para fora dos muros que a rodeiam. Ao mesmo tempo foi impedida a venda dos terrenos que pudessem ser úteis para os melhoramentos que a câmara tenha projectados. Convém que a câmara estabeleça um critério  para não consentir que se façam construções onde e como cada qual deseje, com prejuizo da viação pública.

Conviria também que a autoridade administrativa impeça que os porcos possam vaguear pelas ruas, as quais se tornam um lamentável espectáculo.

Ao mesmo tempo deve ser impedida a venda dos terrenos que possam ser úteis para os melhoramentos que a câmara tenha projectados.

Estão previstas quatro aberturas. A que liga a Rua do Norte com a Avenida está quase em vias de conclusão. As outras, a seu tempo virão.

(...) Por resolução camarária, foi determinado que as ruas "do Leste",  "do Norte" e o largo ainda incompleto que  as ligava à abertura agora realizada, fossem designadas como Rua Ruy Andrade, Rua Conselheiro João Franco e Largo Vasconcelos Porto (1).

(...) Esta primeira abertura foi a que ligava o “Baluarte do Principe”, (que o povo designava como, o do “Pixa Torta”, actualmente residência da família Machado), com o “Baluarte de São João” ou “A Cavaleiro”, no lado oeste da demolida Porta de São Pedro.

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(1) Hoje, respectivamente, designadas como: Rua Capitão Manuel António Vieira (popularmente designada como Rua da Carreira); Rua 1º de Maio; Largo dos Carvajais)

 

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publicado às 00:02


OS PRIMEIOS JORNAIS CAMPO MAIOR (2)

por Francisco Galego, em 05.01.20

João Ruivo foi a alma do jornal O Campomaiorense numa primeira fase de publicação que durou de 1921 a 1923. Durante este período o jornal procurou manter-se imparcial e acima das lutas partidárias. Embora João Ruivo fosse um activo militante republicano, era seu entendimento e sua prática que o jornalismo devia usar do máximo de neutralidade e de democraticidade mantendo-se equidistante em termos de opiniões políticas.

            A falta de recursos económicos, o peso excessivo das despesas e a fraca adesão dos leitores numa terra onde imperava o analfabetismo, ditaram a necessidade de procurar uma solução que viabilizasse a continuação do jornal.

            Outro grupo de jovens, quase todos ligados a famílias de grandes proprietários agrícolas, alguns com cursos superiores, tomaram o encargo de fazer sair o jornal, começando assim a 2ª fase da sua publicação que iria durar de 1924 a 1927. Este grupo agia sob a liderança do Dr. Francisco Telo da Gama personalidade que durante muito tempo marcou profundamente a vida de Campo Maior, na chefia do município, como governador civil do distrito e como membro do governo.

            A partir de certa altura, a colagem do jornal a tendências políticas que pugnavam por soluções de carácter autoritário, levou o antigo grupo fundador a reagir criando outro jornal, o – Notícias de Campo Maior – ficando assim a vila com dois jornais entre os anos de 1926 a 1928.

Depois, seguiu-se a Ditadura Militar que resultou da vitória do golpe levado a efeito por militares em 28 de Maio de 1926. A acção inibidora da censura, a suspensão das liberdades democráticas e a saída de João Ruivo de Campo Maior, ditaram o encerramento do Notícias de Campo Maior a partir 1 de Junho de 1929.

            O Campomaiorense que já tinha suspendido a sua publicação em 14 de Abril de 1928, voltaria a publicar-se nos anos de 1933 a 1935, então já com um total alinhamento com o Estado Novo e com a ideologia salazarista.

 

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publicado às 00:08

O primeiro jornal que Campo Maior teve, apareceu no ano de 1921, vivia Portugal um período agitado e de grande instabilidade social e política. Os governos mudavam devido a uma alucinante sucessão de golpes de Estado, de revoltas, de desencontradas votações no parlamento.

            Muitos, desencantados e cansados de tanta perturbação, procuravam formas alternativas de intervenção social desviando-se da turbulência dos acontecimentos políticos.

Um grupo de jovens campomaiorenses que viriam a constituir-se numa associação que significativamente adoptou o nome de Pró Terra Nostra, (Pela Nossa Terra), resolveu criar um jornal – O Campomaiorense em torno do qual se pudessem realizar acções que promovessem o desenvolvimento de Campo Maior. Eram jovens que podemos considerar de classe média, com algumas bases culturais e distribuídos por diversas profissões e condições sociais: funcionários públicos, comerciantes e empregados no comércio, agricultores, estudantes e alguns, os "artistas", dedicados aos ofícios artesanais que então existiam em número significativo na vila.

            O Campomaiorense foi o primeiro jornal que Campo Maior teve. Este projecto, como sucede com quase todos os empreendimentos humanos, fez-se sob a liderança de um homem que marcou profundamente a vida de Campo Maior, durante os anos vinte do século passado. Chamava-se João Ruivo. Era filho de um mestre-de-obras que deixou algumas construções notáveis na vila, como o Lagar União já desaparecido e o Bairro Operário. João Ruivo que tinha combatido como voluntário na 1ª Grande Guerra, exerceu funções importantes como funcionário da câmara municipal, onde chegou a chefiar os serviços administrativos e a ocupar por algum tempo o cargo de administrador do concelho. Autodidacta, inteligente e aplicado, conseguiu adquirir uma sólida cultura. Foi correspondente de vários jornais de Lisboa, entre eles o Século e o Diário de Notícias, colaborou em vários jornais regionais como Brados do Alentejo de Estremoz, Montes Claros de Borba, Democracia do Sul, Notícias D’ Évora, A Fronteira e Linhas de Elvas.

 

 

 

 

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publicado às 09:53


EXPRESSANDO O MEU DESEJO SINCERO ...

por Francisco Galego, em 01.01.20

Na nova etapa que constitui um NOVO ANO:

 DESEJO A TODOS OS QUE SE CONSIDERAM MEUS AMIGOS, O MELHOR E MAIS AGRADÁVEL POSSÍVEL ANO 20-20.

MESMO PARA OS QUE NÃO SE CONSIDERAM AMIGOS, QUE SEJAM FELIZES, QUANTO A SORTE LHES SORRIR E DE ACORDO COM O QUE MERECEREM...

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publicado às 09:05


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