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O QUE CELEBRAMOS NESTA DATA DE 1 DE DEZEMBRO?

por Francisco Galego, em 30.11.19

O Primeiro de Dezembro é o “Dia da Restauração” da soberania, ou seja, da reconquista da independência do Reino de Portugal, porque o país estava na dependência do Reino de Espanha desde 1580. 

A imaturidade do jovem rei D. Sebastião levara-o a aventurar-se, no ano de 1578, a participar directamente na Batalha de Alcácer Quibir, no norte de África. O seu desaparecimento em combate, deu origem ao mito, que perdoraria por largo tempo, designado como “O Sebastianismo” e que consistia na crença de que ele ainda estaria vivo, esperando o momento de regressar o que, segundo a crença popular, aconteceria numa manhã de nevoeiro. 

Na realidade, este desastre teve como consequência que seu tio, o Cardeal D. Henrique, de avançada idade, tivesse de assumir o governo do reino entre 1578 e 1580 e que, tendo morrido sem descendência, a coroa do Reino de Portugal, por direito de sucessão, fosse assumida pelo rei Filipe II de Espanha, que se tornou também o rei Filipe I de Portugal. Seguiu-se, com a sucessão de mais dois reinados (os de Filipe II e Filipe III), o período do “Domínio Filipino”, até à restauração da Independência em 1 de Dezembro de 1640 que, com a Guerra da Restauração (1640-1668), cortou a dependência de Espanha e colocou no trono de Portugal, o duque de Bragança, coroado rei de Portugal como D. João IV, dando início à Dinastia.  

Esta data começou a ser celebrada no ano de 1823, e tornou-se feriado nacional em meados do século XIX.

Em 2012, o XIX Governo Constitucional, apoiado por uma maioria PSD-CDS e liderado por Passos Coelho, suspendeu este feriado, que foi reposto em Janeiro de 2016, com os votos do XXI Governo Constitucional liderado por António Costa.

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NOTÍCIAS ANTIGAS DE CAMPO MAIOR (17)

por Francisco Galego, em 25.11.19

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Notícia publicada no número 210,  do jornal, - A Democracia -, publicado em Elvas, no dia 24 de Outubro de1876,  pág.s 1 e 2

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CARTEIRA D’UM VIAJANTE

Campo Maior II

Campo Maior vista de fora e à medida que nos aproximamos, é uma vila de agradável panorama. De dentro do seu recinto abaluartado, surge o velho castelo coroado de ameias, obra do século passado em que, debalde pretenderam copiar a arquitectura do século XIV, pois apenas conseguiram dar-lhe a forma, mas não a robustez.

Pouco a pouco, detrás dele, um pouco para a esquerda, descobre-se o grandioso templo da Matriz, virado para o observador e depois um grupo extenso de casario, destacando-se como que recortado caprichosamente sobre o azul do céu. Quase no extremo, sobreleva-o a Igreja de São João Baptista, sobre cujas abóbadas assenta um terraço que as cobre todas.

À direita do castelo, o convento dos franciscanos, com a sua torre em forma de coroa real e a capela de S. Sebastião distante uns 50 metros e que, de fora, parece incorporada no convento.

Perto, voltada a Elvas, fica a porta de Santa Maria, coberta por um revelim a meio do lance da muralha, que liga o baluarte de Lisboa ao de S. Sebastião. Não tem ponte levadiça e é formado por duas altas colunas laterais de alvenaria, encimadas por um troféu de armas, fechado dentro duma moldura triangular.

O estado das fortificações, - visto deste lado -, não é desolador, como as que defendiam a Porta de São Pedro que estão hoje completamente arruinadas.

Esta porta de São Pedro está voltada à outrora praça de Ouguela, entre os baluartes do Principe e o de S. João e tem sobre a verga uma inscrição análoga à que em Elvas está na fachada dos paços do concelho.

Por ela se pode deduzir que terá começado a ser construida no reinado de D. João IV e que ainda não estava de todo acabada no grande cerco de 1712, embora em adiantado estado de defesa.

Entrando pela porta de Santa Maria, comumente chamada de Porta da Vila, o visitante não ficará muito agradado, pois se acha numa rua de simples e pobres habitações e que, apesar de lhe chamarem Rua Direita, não deixa de ser uma rua bastante tortuosa. Apenas desde o meio, a rua se torna mais notável com algumas construções de bom aspecto.

A má impressão começa a desvanecer-se quando, a partir dos Cantos de Baixo, se vêem partir, em várias direcções, algumas ruas de mais regular construção e a notar-se algum bulício da vida comercial que aqui começa a desenvolver-se e de quem se vem abastecer de água numa fonte que se eleva no meio do terreiro, mas que deita apenas um fraco fio de água.

Dos Cantos de Baixo partem as ruas da Misericórdia e de São Pedro, sendo esta uma das melhores. Vai desembocar na Canada, - hoje Rua 13 de Dezembro -  e dá serventia para o largo da Matriz - à esquerda. E, para a Praça Nova ou de D. Luiz -, por um arco à direita, onde está  uma pedra com letreiro alusivo à fundação do concelho.

 

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PARA A HISTÓRIA DA VILA DE CAMPO MAIOR (16)

por Francisco Galego, em 20.11.19

AS "DEFESAS" OU “TERRAS COMUNAIS” DE CAMPO MAIOR,

por Francisco Galego, (In Alem Caia.blogs.sapo.pt)

Numerosos documentos aludem às terras comunais de Campo Maior – as defesas do concelho -   que, segundo documentos antigos, teriam sido estabelecidas no século XIV, reinado de D. Pedro I, para uso comunal da população e para garantia dos recursos necessários à administração pública dos municípios.  Eram  particularmente importantes nas terras raianas que, por razões defensivas, tinham de ser atractivas para fixação da população.

Segundo Rui Vieira, no caso de Campo Maior, uma das mais antigas referências a defesas data do reinado de D. João III, segundo a qual este rei, no ano de 1550, terá autorizado que a Câmara Municipal campomaiorense arrendasse “a Defesa do Carrascal por dois anos, por mil cruzados, por o concelho "estar em grande necessidade para a despesa da água e fonte que fazeis, para acabardes as audiências e para se fazer um açougue (…) este último a construir, tal como as Casas da Câmara e a das Audiências, na referida Praça Velha”. O mesmo autor refere que “esta defesa do Carrascal, que possuía 20,5 moios de terra, foi comprada à Câmara Municipal de Campo Maior, em 1609, por António da Silva Meneses por 9.250 cruzados (3 contos e setecentos mil réis).”

Segundo Albert Silbert, na obra Le Portugal Méditerranéen à la fin de l'Ancien Régime, uma notícia de 1758 faz referências pormenorizadas ao estatuto e utilização destas terras comunais. Todos os anos estas terras eram divididas em sortes, ou seja, parcelas de um moio de semente, de cerca de uma dezena de hectares, as quais eram leiloadas e cedidas pela melhor oferta e nelas se praticava o cultivo de cereais em afolhamento trienal, como nas restantes herdades da região. Este afolhamento não era rigorosamente respeitado, pois uma parte da terra em repouso era por vezes utilizada com outras culturas, como o grão.

Como se vê, o cultivo destas “sortes da defesa de São Pedro” era feito em regime de exploração privada pelos que tinham conseguido, em leilão, arrematar o direito ao seu uso, pelo período que decorria entre uma sementeira e a sua colheita. Era uma prática que nada tinha de trabalho colectivista popular e muito menos de uso comunal.

Depois das ceifas, a Câmara vendia os restolhos pela melhor oferta. Mas, mesmo no tempo dos restolhos, uma parte da defesa de São Pedro, estava à disposição dos animais, dos habitantes da vila. Era também numa parte integrante da Defesa de São Pedro – o Rossio –, onde a população podia realizar anualmente as suas eiras, após as ceifas e se procedia à debulha dos cereais, daí  a importância que a Defesa de São Pedro tinha para a população de Campo Maior, a qual se vai manter até ao século XX.

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PARA A HISTÓRIA DA VILA DE CAMPO MAIOR (15)

por Francisco Galego, em 15.11.19

Após a morte do cardeal-rei D. Henrique, em 1580, Filipe II de Castela iniciou as diligências para se assenhorar de Portugal. Concentrou o exército castelhano em Badajoz e fez assinar, em Elvas, os autos em que os moradores da cidade portuguesa o reconheciam como sucessor legítimo ao trono português.

Mas, o alcaide-mor Afonso de Monroio, recusou-se a entregar as chaves do castelo, tendo sido feito prisioneiro e substituido.

Em 1640 deu-se a restauração da independência com a aclamação do duque de Bragança como D. João IV, rei de Portugal.

Foi então que, o conde de Vimioso, assumiu o encargo de restaurar e ampliar as fortificações abaluartadas de Campo Maior para assegurar a defesa da fronteira.

Depois, foi Matias de Albuquerque que ampliou o traçado com o  Baluarte de S. Sebastião. Em 1644 era o engenheiro Nicolau de Granges quem dirigia os trabalhos.

Foi então necessário sacrificar, entre outros edificios, a velha igreja da Senhora da Graça, construida no tempo de D. Fernando, e o convento dos franciscanos, construido em 1496, no sítio das Poças.

Campo Maior foi então, durante cerca de vinte e oito anos, muito sacrificado pela sanha dos castelhanos, com principal destaque para o cerco pelo marquês de Bay, que se prolongou desde 28 de Setembro, até 4 de Novembro de 1712, facto que foi descrito por Estêvão da Gama, ao tempo, governador da praça de Campo Maior. O exército do marquês de Bay era composto por cerca de dez mil homens de infanteria e oito mil de cavalaria. Devido às significativas perdas que sofreu, - cerca de dois mil homens -, retirou para Badajoz, após de mais de um mês de cerco.

 

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Segundo Victorino d’Almada, in Jornal “O Elvense” nº 186, de Elvas, 12 de Novembro de 1882

 

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PARA A HISTÓRIA DA VILA DE CAMPO MAIOR (14)

por Francisco Galego, em 10.11.19

Estêvão da Gama de Moura e Azevedo (1672-1741) natural de Campo Maior, onde viveu, e que foi governador da Praça entre 1705 e 1741, numa comunicação feita à Academia de Letras de Lisboa, de que era sócio, refere que nos arredores da Ermida de S. Pedro, à direita da estrada que vai de Campo Maior para Ouguela, se tinham encontrado ruínas de edifícios e de sepulturas de alvenaria que revelavam a presença dos romanos naqueles campos, bem como algumas moedas, sendo uma de ouro, datada do tempo d´El - rei Recesvindo que ocupou o trono entre 649 e 672 da era de Cristo.

         Quando Badajoz foi conquistada aos mouros, pelos Perez de Badajóz, no tempo de Afonso X, o Sábio, de Castela, já ali encontraram um pequeno castelo no qual existiam quatro insignificantes torres e a vila foi dada à igreja de Santa Maria do Castelo de Badajoz, no tempo que teve como bispo D. Frei Pero Perez (1245-1266).

         Segundo a tradição, nas imediações existiam duas aldeias: a de Joannes e a de Luzius que se foram pouco a pouco despovoando.

Sancho IV de Castela deu o temporal de Campo Maior ao bispo de Badajoz D. Gil Colona, que ocupou o cargo episcopal entre 1289 e 1297.

         Em finais do ano de 1296, a milicia do concelho de Elvas apoderou-se do castelo da vila e, no ano de 1297, pelo Tratado de Alcanizes, de 12 de Setembro de 1297, Fernando IV ratificou a posse de Campo Maior aos portugueses: Doy... Olivença  y Campo Maior...con todos sus derechos y con todas sus pertinençias y con todo su señorio e jurisdiccion real ...ao mestre de Aviz que tomou posse de Campo Maior e Ouguela, em 30 de Outubro de 1297.

         Talvez porque o rei não concedeu carta de foral a Campo Maior, como fez, em 4 de Janeiro de 1298,  às outras vilas desta fronteira, só em 5 de Julho de 1301, D. Dinis fez doação de Campo Maior à infanta D. Branca, sua irmã que, mais tarde, renunciou ao senhorio da vila, o qual foi concedido ao bastardo infante D. Afonso Sanches, por sentença de 3 de Janeiro de 1312. Este, seis anos depois, vendeu os direitos sobre a vila à coroa, conjuntamente com a herdade da Contenda , em 28 de Outubro de 1318, tendo vindo tomar posse dela, em nome d’El-rei, o alcaide-mor de Elvas, Vasco Lourenço.

         Integrada nos bens da coroa, D. Diniz fez-lhe reparar o velho castelo, que ficou com duas portas de serventia, uma virada a Norte e outra a Sul e concedeu aos habitantes muitos privilégios e regalias. Contudo, D. Dinis concedeu ao concelho de Arronches, uma parte do território de Campo Maior.

         No espiritual, a vila, tal como Olivença e Ouguela, ficou confiada aos bispos de Badajoz, até à ruptura de 1383.

Contudo, a vila manteve-se fiel ao partido castelhano. Foi combatida em regra pelo mestre de Aviz, redendo-se o arrabalde em 13 de Outubro, capitulando o castelo no último dia de Novembro de 1388. Nesse tempo já um novo recinto fortificado fechava toda a vila. Rendido o castelo, a vila foi governada por Martim Afonso de Mello pouco depois substituido por Rui Gomes da Silva que exerceu o cargo cumulativamento com o de Ouguela.

A vila só foi desligada de todo da diocese castelhana em 1441, pelo papa Eugénio IV.

O rei D. Manuel concedeu novo foral a Campo Maior, datado de 16 de Setembro de 1512.

D. João III mandou fazer, na depois chamada Praça Velha, os antigos paços do concelho para os quais, foi removida, em 1554, a cadeia civil que existia dentro do castelo.

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Segundo Victorino d’Almada, in Jornal “O Elvense” nº 185, de Elvas, 9 de Novembro de 1882

 

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NOTÍCIAS ANTIGAS DE CAMPO MAIOR (13)

por Francisco Galego, em 05.11.19

NOVA ESTAÇÃO TELEGRÁFICA

No dia 25 de Maio notava-se, nos habitantes da populosa vila de Campo Maior, um extraordinário movimento, dirigindo-se muita gente para a Rua de S. Pedro, pela qual se estendia um fio eléctrico que, saindo da estação, colocada no edifício do Sr. Epifânio Lopes da Mata, seguia pela rua das Poças, em direcção à muralha, depois do convento de S. Francisco a encontrar outro fio, indo daqui a outro ponto da muralha  e em direcção a Elvas, ( a três léguas de Campo Maior).

Ao S.r director Garcia, que desejava concluir a linha nesse dia  25, ao soldarem-se os dois fios, pelas 3 horas e meia, participaram-lhe que o fio se achava quebrado junto ao rio Caia (a 4 Kilómetros da vila). Deu logo ordens para que se reparasse a linha o mais breve possível, conseguindo que às 9 horas funcionasse o telégrafo.

No dia seguinte, 26 de Maio, abriu-se ao público a estação.

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Notícia publicada no número 36,  do jornal, - Democracia Pacífica -, publicado em Elvas no dia 6 de Junho de 1867, VI ano, pág. 3.

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A estação do telégrafo eléctrico mudou-se do lugar onde estava, para o edifício da Câmara, com a administração do concelho e outras repartições públicas, onde todas se encontram. É de louvar esta decisão da câmara porque é um edificio belíssimo, quer pela sua magnifica aparência e gosto de construção, quer pelos suficientes cómodos que oferece. 

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Notícia publicada no número 158 do jornal A Democracia, de 24 de Dezembro de 1870, mas com data de 7 de Dezembro.

 

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