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Aqui se transcrevem textos, documentos e notícias que se referem à vida em Campo Maior ao longo dos tempos
A FORTIFICAÇÃO
Texto de Estêvão da Gama, in Notícias da antiguidade, aumento e estado presente da Villa de Campo Maior...Publ. por Rui Rosado Vieira, em 1993):
“É esta Vila fortificada ao moderno, como uma das praças principais das fronteiras.
O seu recinto se ocupa com o Baluarte de S. João (1) e o de Santa Cruz, entre os quais os fossos que lhes correspondem são cheios de água, a que chamam o Lago e o Laguinho (2). Têm muita tenca e excelentes pardelhas (3). Conservam-se todo o ano com abundância de água que recebem dos ribeiros da Fonte Nova e do Laguinho. Ao Baluarte de S. Cruz se segue uma cortina (4) muito grande e, no remate dela, fica-lhe cavaleiro (5) o meio baluarte a que chamam do Curral dos Coelhos. A este se segue o que chamam Baluarte de Lisboa e a ele o Baluarte de S. Sebastião entre os quais está a porta da Vila que chamam de Santa Maria. Segue-se o Baluarte da Boa Vista, a este o Meio baluarte de Santa Rosa, que de novo se fabrica (6), a ele o Baluarte de São Francisco, o Baluarte da Fonte do Concelho e o Baluarte do Pixa Torta (7), cuja cortina fecha a Praça no Baluarte de S. João e nela está situada a porta principal que chamam de S. Pedro (8).
Tem excelentes fossos, bastantes esplanadas, estradas encobertas e, em algumas partes, contra-escarpas (9).
Esta fortificação principiou-a D. João IV e a têm continuado a Rainha D. Luísa, El-Rei D. Afonso VI, El-Rei D. Pedro II e El-Rei D. João V que Deus guarde.
Mas, sem embargo de não estar acabada e ter muitas imperfeições, resistiu ao Sítio que lhe moveram os castelhanos em 27 de Setembro de 1712 (12), governando aquele exército o Marquês de Bay e as nossas armas Pedro de Mascarenhas e a Praça Estêvão da Gama de Moura e Azevedo.”
(...) “É Campo Maior uma das praças mais importantes da Província do Alentejo fronteira de Badajoz, sem que, entre uma ou outra, haja rio ou serra que possam impedir as operações de cavalaria, está fronteira a Albuquerque que é a segunda praça da Província da Estremadura.”
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Notas explicativas:
(1) O Baluarte de S. João, era vulgarmente designado como "Cavaleiro" por ter no meio uma construção mais elevada..
(2) Estes fossos designados militarmente como "fossos molhados", eram muito eficazes em termos defensivos sendo raros em Portugal.
(3) Alguns documentos da época referem que estes peixes eram usados como alimento pela população.
(4) Uma cortina de muralha.
(5) Na parte de cima.
(6) Que estava a ser reconstruido quando foi escrito este texto.
(7) Era assim designado pela população, mas o seu nome oficial era o de Baluarte do Príncipe, em homenagem ao principe D. João que, devido à doença mental de sua mâe, a rainha D. Maria II, teve de assumir o governo do reino, sendo depois coroado como D. João VI.
(8) Durante muito tempo, a população designava-a como "a Porta Nova" e ficava no topo da rua onde se localiza agora a CURPI, dando abertura para o Largo dos Cavajais. Foi demolida por decisão da Câmara Municipal, em 1908.
(9) Os muros que, pelo lado de fora, delimitavam os fossos que cercavam as muralhas da fortaleza.
(10) Foi demolido. No terreno que ele ocupava foi depois construido o Estádio Capitão César Correia.
(11) Ainda são visíveis alguns muros para o lado direito de quem sai à Porta da Vila.
(12) Este cerco durou cerca de um mês, tendo o exército sitiante retirado por cansaço das tropas, desgaste dos materiais e chuvadas intensas que dificultavam a manutenção das trincheiras.
O CASTELO
O castelo de Campo Maior é obra muito antiga e muito forte tanto pela razão do sítio como pelas torres e muros. Foi fabricado pelos mouros (1) e reparado pelo rei D. Dinis que levantou a maior torre que nele há e, por essa razão, quiseram alguns atribuir-lhe a honra de edificador. Os romanos lhe deram o nome com muita propriedade porque daquele sítio se descobre o maior campo que há por aquele distrito.(2)
Segundo o Dr. Ayres Varella, Teatro das antiguidades de Elvas,
(In, Estêvão da Gama, p. 29)
Porém duvidamos que a povoação fosse fundada no sítio onde está o castelo. Talvez no sítio de S. Pedro no qual há uma ermida e onde, segundo fontes muito antigas haveria uma fortaleza ou atalaia dos romanos.(3)
Dista a Ermida de S. Pedro da povoação de hoje dois mil passos em terreno plano, com um vale muito fresco, capaz e hortas e pomares, com água nativa e conserva um chafariz que é do concelho desta vila. Estamos persuadidos de que neste campo, por ser o maior que há nestas vizinhanças, fundaram os romanos este povo, obrigados por um acampamento em que se fixaram como sucedeu nas outras mais povoações que fundaram, como é sabido. Neste campo de S. Pedro se acham as ruínas, cimentos, sepulcros, além de colunas. Distante um quarto de légua, conserva-se um muro de pedra e cal que corta um pequeno ribeiro e a que ainda hoje se chama Muro da Represa, que servia para que os gados dos moradores bebessem nele.
(Estêvão da Gama, Notícias da antiguidade, aumento e estado presente da Villa de Campo Maior... p. 30)
Outras fontes documentais referem que:(…) o castelo e a povoação que nele se desenvolveu foram fundados pelos mouros porque este buscavam os lugares altos para fazerem as suas fortalezas. Com o seu desenvolvimento acabou a povoação de S. Pedro.
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(3) Neste local designado como Ad Septem Aras, que se pode traduzir à letra como "Dos Sete altares", passava uma estrada romana. O nome permite formular a hipótese de ter sido um local de apoio para os que, em viagem, necessitariam de apoio religioso, de condições de higiene, de descanso e mesmo de enterramento dos seus mortos em chão sagrado..
Vento que passas, leva-me contigo.
Sou poeira também, folha de outono.
Rês tresmalhada que não quer abrigo
No calor do redil de nenhum dono.
Leva-me, e livre deixa-me cair
No deserto de todas as lembranças,
Onde eu possa dormir
Como no limbo dormem as crianças.
CAMPO MAIOR NO CONTEXTO DA GUERRA DA SUCESSÃO DE ESPANHA (1701 – 1714)
A Guerra da Sucessão Espanhola disputou-se entre 1701 e 1714 pelo direito de sucessão da coroa espanhola, depois da morte do último monarca da Casa de Habsburgo, Carlos II de Espanha, sem deixar herdeiros da rainha Maria Luísa d'Orleães, a qual pertencia à família real francesa.
O imperador Leopoldo I da Áustria, parente próximo do rei falecido, julgando-se com direitos ao trono de Espanha, iniciou as hostilidades, e assim teve início a guerra.
O conflito seria concluído com a assinatura do Tratado de Paz com a Espanha (2° Tratado de Utrecht, 6 de Fevereiro de 1715). Antes, já desde Setembro de 1709, se faziam tentativas de pôr termo à guerra na cidade flamenga de Utrecht. Porém, a morte de José I, imperador da Alemanha, a quem sucedeu seu irmão Carlos III de Espanha provocava um desiquilibrio que ditou a necessidade de restabelecer a paz.
No caso português, são de referir os últimos episódios da guerra:
- Em 15 de março de 1711, foi recuperada a praça de Miranda do Douro que, em 1710 fora entregue aos espanhóis pelo sargento-mor da vila a troco de 6.000 dobrões;
- Mas, em Campo Maior, o cerco movido pelo marquês de Bay em fins de Setembro de 1712, manteve a vila sob bombardeamento até finais de Outubro, tendo os espanhóis levantado o cerco e retirado para Badajoz, devido à eficaz defesa dos sitiados.
O pior efeito desta demorada e desgante guerra foi o país ter ficado depauperado, com os locais de conflito bastante arruinados. Seguiu-se um periodo de graves dificuldades.
A Inglaterra tivera uma atitude pouco louvável que levou à aproximação de Portugal da França e da Espanha, reduzindo-se o tráfico com a Inglaterra e a Holanda. Foi dada particular importância à incrementação do tráfico com o Brasil. As relações com a França de Luís XV nem sempre foram fáceis de gerir, chegando mesmo à ruptura das relações diplomáticas que se manteve até 1737.
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In, Joaquim Veríssimo Serrão – História de Portugal, Vol. V (1640- 1750) Ed. Verbo
CAMPO MAIOR NO CONTEXTO DA GUERRA DA SUCESSÃO DE ESPANHA (1701 – 1714)
A Guerra da Sucessão Espanhola disputou-se entre 1701 e 1714 pelo direito de sucessão da coroa espanhola, depois da morte do último monarca da Casa de Habsburgo, Carlos II de Espanha, sem deixar herdeiros da rainha Maria Luísa d'Orleães, a qual pertencia à família real francesa.
O imperador Leopoldo I da Áustria, parente próximo do rei falecido, julgando-se com direitos ao trono de Espanha, iniciou as hostilidades, e assim teve início a guerra.
O conflito seria concluído com a assinatura do Tratado de Paz com a Espanha (2° Tratado de Utrecht, 6 de Fevereiro de 1715). Antes, já desde Setembro de 1709, se faziam tentativas de pôr termo à guerra na cidade flamenga de Utrecht. Porém, a morte de José I, imperador da Alemanha, a quem sucedeu seu irmão Carlos III de Espanha provocava um desiquilibrio que ditou a necessidade de restabelecer a paz.
No caso português, são de referir os últimos episódios da guerra:
- Em 15 de março de 1711, foi recuperada a praça de Miranda do Douro que, em 1710 fora entregue aos espanhóis pelo sargento-mor da vila a troco de 6.000 dobrões;
- Mas, em Campo Maior, o cerco movido pelo marquês de Bay em fins de Setembro de 1712, manteve a vila sob bombardeamento até finais de Outubro, tendo os espanhóis levantado o cerco e retirado para Badajoz, devido à eficaz defesa dos sitiados.
O pior efeito desta demorada e desgante guerra foi o país ter ficado depauperado, com os locais de conflito basatante arruinados. Seguiu-se um periodo de graves dificuldades.
A Inglaterra tivera uma atitude pouco louvável que levou à aproximação de Portugal da França e da Espanha, reduzindo-se o tráfico com a Inglaterra e a Holanda. Foi dada particular importância á incrementação do tráfico com o Brasil. As relações com a França de Luís XV nem sempre foram fáceis de gerir, chegando mesmo á ruptura das relações diplomáticas que se manteve até 1737.
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In, Joaquim Veríssimo Serrão – História de Portugal, Vol. V (1640- 1750) Ed. Verbo
CAMPO MAIOR NA GUERRA DA RESTAURAÇÃO
No inicio de 1641, havia uma grande necessidade de reforçar a defesa da fronteira do Alentejo, .
O conde de Vimioso, que assumiu o posto de capitão-general do Alentejo, concentrou os meios de defesa em Elvas, sendo depois substituido por Matias de Albuquerque que devastou algumas terras da Estremadura espanhola, tendo obtido uma importante vitória no lugar de Lobon, perto do Montijo. Esta Batalha do Montijo deu grande ânimo ao exército português, tendo Matias de Albuquerque sido agraciado com o titulo de Conde de Alegrete.
O conde de Monterrey, fortificado em Badajoz, atacou Campo Maior e Olivença. Campo Maior apesar de dispor de poucos meios, resistiu. O ataque a Olivença foi mais violento, mas a vila resistiu por ter sido prontamente socorrida.
Foi feito um grande esforço para reparar as fortalezas e castelos da raia, alguns dos quais estavam desmantelados.
A guerra recrudesceu em meados de 1648. Elvas tornou-se o alvo privilegiado dos ataques que fizeram perigar a defesa da cidade que sofreu um cerco de três meses: Outubro, Novembro e Dezembro. A peste agravou muito a situação de defesa da cidade, chegando a fazer 300 mortos por dia.
Quando cehegaram reforços sob o comando do conde Cantanhede, às quais se juntaram as guarnições de Juromenha, Vila Viçosa, Borba, Campo Maior, Arronches e Monforte, foi possível passar ao contra-ataque a fim de impedir que o exército inimigo fosse atacar Lisboa. Obteve-se uma vitória que permitiu assegurar a independência do reino.
No dia 14 de Janeiro de 1659, deu-se a batalha que constituiu um dos momentos mais altos para a vitória final na Guerra da Restauração: A Batalha das Linhas de Elvas.
Na manhã de dia 15 foi tomado o Forte da Graça. Os castelhanos deixaram mais de 5.000 prisioneiros e muitos mortos, alguns afogados no Caia e no Guadiana e outros foram refugiar-se em Badajoz.
Contudo, a guerra ainda se reacendeu nos anos de 1663 a 1665, em que se deram as últimas campanhas da Restauração.
Seguidamente começou uma crise política interna, no reinado de D. Afonso VI.
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In, Joaquim Veríssimo Serrão – História de Portugal, Vol. V (1640- 1750) Ed. Verbo
Nesta crise dinástica, Campo Maior, que estava muito ligada ao bispo de Badajoz, tomou o partido de Castela, tendo sido uma das últimas vilas a aceitarem D. João I como rei de Portugal.
A expugnação da vila por D. João I
“Na guerra que lavrou no reino depois do falecimento de D. Fernando, em 1383, os habitantes da vila seguiram o partido de Castela por influência do seu alcaide-mor, Paio Rodrigues Marinho.
D. João I em pessoa, cercou Campo Maior e, depois de quatro semanas de assédio apertado, rendeu-a por assalto em 13 de Outubro de 1388 e o castelo entregou-se-lhe por preitesia (capitulação) no 1º de Novembro, sendo alcaide-mor Gil Vasques de Barbuda”.
(Dubraz, opus cit. p. 192)
1580 - SOB O DOMÍNIO CASTELHANO
Monroyo, o Martim de Freitas de Campo Maio (2)
"O caso de Afonso de Monroyo, explicado, defendido com tanto calor ante D. João de Áustria, aconteceu a 19 de Junho de 1580. D. Jerónimo de Mendonça, portador de uma carta selada de Filipe II para o alcaide-mor, tendo feito já em câmara a aclamação, prendeu este no castelo por se recusar a entregar as chaves do mesmo sem ordem dos governadores do reino ou do fronteiro-mor. Filipe II de Espanha (Filipe I de Portugal) respeitou a rigidez de Monroyo e, a homem tão leal, não duvidou mais tarde confiar um comando marítimo.”
(Dubraz, Op. cit. 192)
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Esta crise constituiu a primeira grande tentativa de unificar num só reino, os reinos de Portugal e de Castela.
Após a morte de D. Fernando, o reino dividiu-se entre os que aceitavam a unificação e os que queriam, a todo o custo, manter a indepência do Reino de Portugal. Esta facção era comandada por D. João, o Mestre da Ordem de Aviz, e militarmente tinha como principal comandante D. Nuno Álvares Pereira que conseguiria várias importantes vitórias para as armas de Portugal. Por outro lado, o Dr. João das Regras que, nas cortes de Coimbra conseguiu justificar a razão de que fosse coroado rei de Portugal, D. João, mestre de Ordem de Aviz, porque, embora fosse filho natural de uma relação de D. Pedro I e de D. Teresa Lourenço, era descendente directo dos reis de Portugal devendo, portanto, ser coroado como legítimo rei.
Depois de várias vitórias no campo militar, em 1411, foi assinada a paz, reconhecida a legitimidade de D. João I e a independência do reino de Portugal.
(2) Martim de Freitas, alcaide do castelo de Coimbra, recusou-se a entregar as chaves do seu castelo ao Infante D. Afonso que assumira a regência do reino depois da deposição de seu irmão, D. Sancho II, pelo Papa. Só o fez depois da morte deste e de D. Afonso III ter sido coroado como rei.
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