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Interrompendo a "Pausa para férias..."

por Francisco Galego, em 28.07.18

Rui Silveira veio ao meu encontro para me comunicar que iria apresentar no CCCM, um esboço  do seu projecto de realização de um filme tendo enfoco centrado nas "Festas do Povo de Campo Maior". Sugeriu mesmo que eu fizesse uma intervenção que suscitasse a intervençao dos que assistissem a essa sessão que ocorreu ontem, dia 27 de Julho, a partir das 21h e 30m.

Pensando nos que teriam gostado de assitir e que o não puderam fazer, transcrevo a seguir o texto que por mim foi lido, no final dessa apresentação:

AS “FESTAS DO POVO DE CAMPO MAIOR”

As manifestações culturais nascem numa sociedade e reflectem as fases e a evolução dessa mesma sociedade.

Há manifestações culturais de carácter “mais erudito”.

Há manifestações culturais de carácter “mais popular”.

As “Festas do Povo de Campo Maior” são a manifestação de cultura popular mais notável produzida pela comunidade campomaiorense. Nasceram ligadas à celebração de um “mito” religioso local, próprio da sociedade essencialmente rural e agrícola que, - até meados do séc. XX -, era a sociedade campomaiorense. Mas, a motivação religiosa foi dando lugar à manifestação festiva de expressões artísticas que englobavam a intervenção e a participação de quase toda a população.

As “Festas do Povo de Campo Maior” começaram por ter um carácter meramente local. Mas, foram ganhando fama a nível regional, depois nacional, até atingirem fama, mesmo além-fronteiras.

Em finais do séc. XIX, com o crescimento duma nova estrutura social, a dos artistas, ligados às novas profissões artesanais, foram assumindo uma capacidade de invençâo e de criatividade que as tornaram tão excepcionáis que lhes valeram o nome de Festas dos Artistas.

Depois, já no séc. XX, porque envolviam toda a população, levaram a que, em cada rua, se formasse uma comunidade da vizinhança que nela habitava.  Tomaram então a designação de Festas do Povo.

E agora, que as comunidades dos vizinhos são já tão escassas que praticamente não dão para traçarem e realizarem novos projectos, ...

... em que irão tornar-se estas festas?

Esta é a questão fundamental que importa entender. Estamos a lidar com uma manifestação de cultura popular que, realizada numa vila cuja população tem oscilado entre 7 e 10 mil habitantes, chegou a atrair cerca de 1 milhão de visitantes.          

Mas, a sociedade actual nesta vila, está a atravessar um período de rápidas e acentuadas mudanças que poderão pôr em risco a própria existência desta manifestação cultural.

Daí o aparecimento de testemunhos como os que estão registado neste filme, alguns dos quais eu já tinha abordado no livro que publiquei em Julho de 2004, chamando a atenção para alguns problemas e procurando preservar a memória desta grande e notável realização de cultura popular da comunidade campomaiorense. 

Termino esta breve intervenção na qual - não por alarmismo, mas como advertência - chamo a atenção para que:

As “FESTAS DO POVO”, bem como outra manifestação da cultura popular campomaiorense que frequentemente lhe está associada – o “CANTAR E BAILAR AS SAIAS” –, se confrontam com grandes mudanças socio-culturais que poderão colocar em questão a sua sobrevivência. A menos que sejamos capazes de encontrar soluções mais adequadas às circuntâncias da sociedade em que actualmente vivemos.

Deixo-vos com esta interrogação:

            Como devemos proceder para garantirmos a preservação e a continuação desta importante manifestação de cultura popular, que são as “Festas do Povo de Campo Maior”?

 

 

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publicado às 11:49


ISTO SOU EU A PENSAR ...

por Francisco Galego, em 07.07.18

Quanto às decisões e acções das organizações profissionais dos funcionários de Estado que oficialmente se designam como sindicatos, começo a ter algumas dúvidas e reservas sobre se, a maneira como actuam, está de acordo com o sentido que se deve dar às relações entre a entidade empregadora – o Estado – e as organizações dos profissionais que trabalham para o Estado.

Poderão ou deverão esses sindicatos exigir do mesmo modo concessões, direitos e vantagens na mesma medida e com os mesmos efeitos que outros sindicatos utilizam para condicionarem os comportamentos dos seus patrões?

Se não, vejamos: Os patrões são detentores directos dos bens patrimoniais e dos meios de produção, envolvidos na relação contratual que existe entre empregadores e empregados. Essa relação, lactum sensu, obedece às regras que regulamentam as relações do mercado de trabalho. Neste caso, se o patrão procura obter o máximo de lucro, os contratados têm de lutar para que os seus direitos fundamentais sejam, também, tomados em consideração.

Mas, no caso dos contratos com o Estado, quem é efectivamente o patrão? Poderão as regras contratuais estabelecidas ser consideradas do mesmo modo, ou deverão, devido à especificidade da situação, tentar a articulação mais justa entre os deveres dos que servem uma instituição pública e os direitos que preservem a dignidade dos que assumiram cumprir a sua função ao serviço dessa instituição?

O Estado é uma instituição gerida pelos que, em situação de eleição democrática, foram escolhidos por todos nós para assumir, ao nível mais elevado, a função de agir em defesa do interesse maior da Sociedade.

De facto, a falta de esclarecimento de certos conceitos e decisões, pode levar a consequências nem esperadas nem desejáveis. Na verdade, a confusão entre o conceito de Estado e o conceito de “patrão”, pode servir de base a certas reivindicações que, embora apresentadas como justas e progressistas, se não são compatíveis com as condições reais existentes, podem enfraquecer de tal modo o Estado nos seus compromissos sociais e no seu posicionamento democrático, que, ponham em risco a segurança mesmo dos que se batem por essas reivindicações. Se assim suceder, a sua luta, por mais justa que possa parecer, ela não conduz a uma solução que possa ser considerada como verdadeiramente justa e progressista.

Será por isso que, acontece que, organizações políticas, colocadas na oposição, que se caracterizam pelas suas posições conservadoras, aparecem, com certo oportunismo, a apoiar reivindicações que vão contra essas suas opiniões e opções?

 

 

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publicado às 00:04


ANTIGOS JORNAIS DE CAMPO MAIOR ( II )

por Francisco Galego, em 05.07.18

O NOTÍCIAS DE CAMPO MAIOR

 

João Ruivo foi a alma do jornal O Campomaiorense que, numa primeira fase de publicação, durou de 1921 a 1923.

Durante este período o jornal procurou manter-se imparcial e acima das lutas partidárias. Embora João Ruivo fosse um activo militante republicano, era seu entendimento e sua prática que o jornalismo devia usar do máximo de neutralidade e democraticidade mantendo-se equidistante em termos de opiniões político-partidárias.

            A falta de recursos económicos, o peso excessivo das despesas e a fraca adesão dos leitores numa terra onde imperava o analfabetismo, ditaram a necessidade de procurar uma solução que viabilizasse a continuação do jornal.

            Um outro grupo de jovens, quase todos ligados a famílias de grandes proprietários agrícolas, alguns com cursos superiores, tomaram o encargo de fazer sair o jornal, começando assim a 2ª fase da sua publicação, que iria durar de 1924 a 1927.

            Este grupo agia sob a liderança do Dr. Francisco Telo da Gama personalidade que durante muito tempo marcou profundamente a vida de Campo Maior, quer  na chefia do município, quer como governador civil do distrito e mesmo como membro do governo, na função de secretário de Estado.

            A partir de certa altura, a colagem do jornal a tendências políticas que pugnavam por soluções políticas de carácter autoritário, levou o antigo grupo fundador a reagir criando outro jornal, intitulado  – Notícias de Campo Maior – ficando assim a vila com dois jornais a publicarem-se simultâneamente, nos anos de 1926 a 1928.

Depois, seguiu-se a Ditadura Militar que resultou da vitória do golpe de Estado levado a efeito por militares em 28 de Maio de 1926. A acção inibidora da censura, a suspensão das liberdades democráticas e a saída de Campo Maior de João Ruivo, ditaram o encerramento do Notícias de Campo Maior a partir 1 de Junho de 1929.

            O Campomaiorense que já tinha suspendido a sua publicação em 14 de Abril de 1927, voltaria a publicar-se nos anos de 1933 a 1935, então já com um total alinhamento com o Estado Novo e com a ideologia do corporativismo salazarista.

 

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publicado às 00:05


COMO SE OBTÉM O SUCESSO...

por Francisco Galego, em 03.07.18

Numa entrevista, publicada na "Revista" do jornal "Expresso" nº 2.383 de 30/6/2018, p.32, sendo o entrevistado o Arquitecto Eduardo Souto Moura a quem foi atribuido o Leão de Ouro da Bienal de Arquitectura de Veneza, e que desenhara uma casa para Ciristiano Rolnado, declarou sobre os hábitos deste:

"Ele, das 8 horas às 12h e 30, treinava. Depois ia para o ginásio. A seguir almoçava massa com frango (...) A seguir dormia a sesta e depois fazia piscinas. Por fim, sentava-se no sofá a falar comigo e adormecia. Ao Jantar tornava a comer frango. Fiquei impressionadíssimo. Ali havia esforço, mesmo. Foi gesto a gesto, até chegar lá acima.Admiro-o imenso."

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publicado às 11:42


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