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NATURALMENTE...

por Francisco Galego, em 28.02.18

Mais por bom-senso do que por modéstia ou falta de competência, optei por renunciar aos grandes espaços e à ambição dos altos voos – que, na verdade, nunca me seduziram – e vim refugiar-me nesta vila-mátria em que nasci e onde é provável que venha a decorrer esta etapa final do meu viver.

Pareceu-me ser esta a opção ditada pela minha consciência, de acordo com o que agora sou e que resultou da forma como as minhas circunstâncias me foram moldando.

Não se trata de autocomplacência, nem de conformação. Trata-se de uma maneira de aceitar naturalmente aquilo que se foi tornando num modo de ser e de estar.

Cada etapa da vida exige que nos adaptemos, do modo mais inteligente possível, à aceitação daquilo em que nos vamos tornando.

Nota: Porque, por vezes, alguns me chamam a atenção para certos erros ortográficos que, no seu entender, vou cometendo, volto a lembrar que:

...Não aderi ao novo acordo ortográfico, por falta de convicção sobre as virtudes dessa mudança e pelo apego de quem, há mais de setenta anos, está habituado a ler e escrever deste modo a sua língua.

 Mesmo assim, por precaução, peço desculpa por algum erro que tenha escapado. E, sem qualquer hesitação, agradeço que me alertem sempre que isso aconteça.

 

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publicado às 18:18


O ANTIGO CONVENTO DE SANTO ANTÓNIO

por Francisco Galego, em 25.02.18

O Convento de Santo António de Campo Maior, casa da Ordem dos Frades Menores, foi instituído por iniciativa do padre Frei Jorge de Paiva que alcançou, do papa Alexandre VII, a licença necessária à sua fundação, concedida por um breve de 8 de Março de 1493.

Por este instrumento, foi aquele religioso português autorizado a edificar, in Agrimaioris (Campo Maior), ou em qualquer outro local do Reino de Castela, uma casa da regular observância, directamente submetida à Sé Apostólica, em honra de Santo António de Pádua (1), com igreja, cemitério, claustro, dormitório e tudo o mais que necessário fosse à manutenção da comunidade. O convento passou à Província dos Algarves quando esta foi constituida.
Inicialmente erigido no exterior da cerca muralhada da vila de Campo Maior, o primitivo convento foi demolido e transferido para novo local, em 1645, por razões estratégicas, devido à Guerra da Restauração (1640-1668).
Por essa razão, o bispo de Elvas, D. Manuel da Cunha, por escritura de 16 de Junho de 1646, fez doação à desalojada comunidade do antigo convento, da igreja de Nossa Senhora da Assunção, situada no castelo da mesma vila e que fora a antiga matriz de Campo Maior, para que aí se instalassem provisóriamente, até que se erigisse um novo convento.

 Os franciscanos tomaram posse do templo em 12 de Agosto do mesmo ano e aí se manteve a congregação até 1709, ano em que se transferiu para a sua nova e derradeira casa, junto do baluarte de São Sebastião, onde se conservou, como convento dos frades franciscanos, até à extinção das ordens religiosas masculinas, em 1834.

A Ordem da Imaculda Conceição, só em 1942 estabeleceu, em Campo Maior, no edifício do antigo Convento de Santo António, o Convento das Monjas Concepcionistas de Santa Beatriz,.

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(1) Ou seja, Santo António de Lisboa (1191-1231), onde nasceu. Pádua foi a cidade em que passou grande parte da sua vida, onde morreu e onde foi sepultado.

(2) No local hoje desinado como "Campo da Feira"

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publicado às 00:05


NOTAS SOBRE AS ORIGENS DO CONCELHO DE CAMPO MAIOR

por Francisco Galego, em 20.02.18

A aldeia de Campo Maior, foi elevada a vila por foral concedido por Afonso X de Leão e Castela, em 1255.

Este concelho foi integrado na coroa portuguesa em 1297, pelo Tratado de Alcanizes.

Foi-lhe concedido o primeiro foral, cerca do ano de 1300, reinando em Portugal D. Dinis (1279-1325).

D. Manuel I outorgou-lhe foral novo, em 16 de Setembro de 1512.

Ouguela que, pelo referido Tratado de Alcanizes,fora integrada no Reino de Portugal em 1297, adquiriu o estatuto de vila, com câmara municipal, pela concessão de foral, dado em Lisboa, em 5 de Janeiro de 1298. D. Manuel I outorgou-lhe novo foral em 1 de Junho de 1512.

Mas,  este concelho foi extinto por decreto de 31 de Dezembro de 1836, sendo anexado ao concelho de Campo Maio. Em 1842, foi tornada apenas paróquia com o nome de Nª Srª da Graça de Ouguela, sendo depois extinta e agregada, à freguesia de São João Baptista.

Em 1867, houve uma tentativa de extinguir o Concelho de Campo Maior e de o incorporar no concelho de Elvas. Mas, devido à luta desencadeada por muitos concelhos contra essa tentativa de reforma administrativa,  foi esta anulada no ano seguinte.

Em 1895 a freguesia de Degolados foi anexada no concelho de Campo Maior. Mas, por reclamação do concelho de Arronches, ao qual sempre tinha pertencido, em 1898 foi nele reintegrada. Por vontade expressa da sua população, voltou a ser anexada a Campo Maior, em 1926.

O concelho de Campo Maior é, desde então, constituído pela Freguesia de São João Baptista, que integra a aldeia de Ouguela , pela Freguesia de Nossa Senhora da Expectação e pela Freguesia de  Degolados.

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publicado às 11:24


COMO SE FORMOU A VILA DE CAMPO MAIOR?

por Francisco Galego, em 15.02.18

 

Segundo palavras textuais do Dr. Ayres Varella no “Teatro de Antiguidades de Elvas”,  escrito pelos anos de 1644 a 1655:

O castelo de Campo Maior é obra muito antiga e muito forte tanto por razão do sítio como pelas torres e muralhas. Foi fabricado pelos mouros e reparado por El-rei D. Dinis que levantou a maior torre que nele há e, por essa razão, quiseram alguns atribuir-lhe a honra de edificador.

Os romanos lhe deram o nome com muita propriedade porque daquele sítio se descobre o maior campo que há por aquele distrito.

(p. 29)

(É muito incerta a fundação do castelo pelos "mouros", porque não há provas documentais seguras que a sustentem)

            

            Diz o mesmo autor que junto do castelo havia duas aldeias da jurisdição de Badajoz e que a mais populosa se chamava Joannes, ou por ser Bartholomeu Joannes a principal pessoa da aldeia, ou porque a água que para ela vinha era do Campo de Valada que pertencia ao mesmo Bartholomeu Joannes. E a outra aldeia se chamava dos Luzios, que seria perto do castelo, mas da qual não há qualquer notícia.

            Segundo Ayres Varella, o sítio da aldeia de Bartholomeu Joannes seria a um quarto de légua do castelo, para os lados de Arronches, junto da herdade chamada de Valada, num local onde,  no século XVII, ainda existia uma fonte com esse nome, um arco de alvenaria e ruínas de casas.

             Apesar de não existirem documentos que o afirmem explicitamente, muitos indícios apontam para que o castelo de Campo Maior tenha sido construido no reinado de D. Dinis, para protecção da fronteira definida pelo Tratado de Alcanises, em 1297. Claro que o castelo atraía a população espalhada pelos campos, servindo de abrigo e  garantindo a sua defesa em situações de guerra.

              Há também grande probabilidade de a denominação de "Campo Maior"  (em latim, campus major) poder ter sido atribuida pelos romanos, pois eles assim designavam os campos abertos, planos, favoráveis à implantação de culturas como os cerais, os olivais e as vinhas, logo, bons para a fixação de agregados populacionais.

               A força militar dos seus exércitos , garantia de tal modo a Pax Romana, que as populações se podiam dispersar pelos campos em unidades de residência e de produçáo chamadas Villae as quais, segundo alguns autores, terão dado origem às unidades hoje designadas como herdades e montes.  Porém, com a desagregação do Império Romano,  novas invasões geraram a insegurança que levou à construção de zonas fortificadas e defendidas por castelos, ao abrigo das quais se podiam garantir condições de defesa das populações, agregadas em aldeias, vilas e cidades.        

           

 

 

 

 

 

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publicado às 00:02


AS RAZÕES DE UM NOME ...

por Francisco Galego, em 10.02.18

Segundo a acta da sessão da CMCM, de 10 de Junho de 1882, foi tomada a resolução de levar a efeito a criação duma biblioteca, por proposta dos cidadãos Dr. José Maria da Fonseca Regala e João Francisco Dubraz, sendo este nomeado seu conservador nessa mesma sessão. À sala de leitura foi dado o nome do Marquês de Pombal por, nesse ano, se comemorar o centenário da sua morte.

(...) Sempre muito devotado às questões culturais e à valorização de Campo Maior, João Dubraz convocou para o dia 9 de Julho de 1882, uma reunião para a constituição da comissão instaladora da Biblioteca Municipal de Campo Maior, na qual participaram algumas das mais proeminentes figuras da sociedade campomaiorense desse tempo.

Em reunião de 9 de Agosto do mesmo ano, por proposta de João Dubraz, todos os presentes concordaram que se iniciasse uma campanha de angariação de livros através do envio de uma circular, da qual foram impressos 350 exemplares que foram enviados a várias entidades. Foi também sugerido que se enviasse uma “respeitosa carta à Exa. Sra. D. Maria Rita Freire de Andrade Carvajal” pedindo-lhe que cedesse os livros existentes no palácio do Largo dos Carvajais, que seriam um generoso donativo e que vieram a constituir um importante núcleo para a constituição da biblioteca. Desencadeou-se também uma campanha para angariação de donativos de livros. O próprio João Dubraz, em seu nome e no dos seus quatro filhos, fez um donativo de mais de uma centena de volumes.

Nos primeiros anos, a Biblioteca esteve instalada no edifício da Câmara, numa sala do primeiro andar. Mais tarde, foi instalada no mesmo edifício, mas na Rua Major Talaya, no rés-do-chão, na porta abaixo daquela  onde foi o posto da PSP, na sala ao lado, onde João Dubraz dava aulas e que tinha na porta a inscrição Aula de Latim a qual foi depois substituída pela de Biblioteca Municipal.

João Francisco Dubraz foi o primeiro a exercer o cargo de bibliotecário que passou para seu filho Alfredo Constantino Félix Dubraz e, falecido este em 1918, o cargo passou para sua viúva D. Guilhermina Velez Dubraz.

 

() Estas considerações serviram para fundamentar a razão para que esta Assembleia e os membros da Câmara Municipal considerassem a possibilidade de atribuírem à Biblioteca Municipal de Campo Maior o nome de Biblioteca Municipal João Dubraz e fundamentaram esta sugestão nas seguintes razões:

- Por ser costume adoptado por muitas câmaras municipais, atribuírem às suas bibliotecas, os nomes de destacadas figuras da cultura local;

- Porque João Dubraz, além de ter sido um dos elementos que mais contribuíram para a fundação duma biblioteca municipal em Campo Maior, ser efectivamente um dos nomes de maior relevo da cultura campomaiorense, como professor, como jornalista e por ser, provavelmente, um dos mais importantes escritores da nossa terra.”

 

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publicado às 10:15

Ao longo da História da Cidade de Elvas e  da Vila de Campo Maior, grandes nomes se destacaram na reconstrução da memória dos seus antepassados. Mas dois são fundamentais e determinantes quando se fala de História Local nestas duas comunidades: referimo-nos a Vitorino de Almada e a João Dubraz. Para além do seu interesse pela História, estes dois grandes vultos possuíam também, uma verdadeira paixão pelo jornalismo.

O primeiro, de uma geração sequente à do segundo, era natural de Elvas, onde nasceu em 21-10-1845 e foi, sem dúvida, um dos mais importante historiadores desta cidade. O segundo, nascido em Campo Maior, em 21-01-1818, destacou-se não só como um dos mais importantes colaboradores na imprensa periódica de Elvas, mas também como cronista do seu tempo, como agente político e como historiador da sua terra.

Todavia, as formas de participação que ambos tiveram na imprensa  local, foram marcadas pelas suas formações, pelos tempos em que viveram, e pelas suas actividades profissionais. Vitorino de Almada, tendo vivido num tempo de certo apaziguamneto e sendo capitão do exército e oriundo de uma família ligada à carreira das armas, evitava tomar partido nos combates políticos  que, na segunda metade do século XIX, se  verificavam entre as facções rivais. João Dubraz, de uma geração anterior, na primeira parte da sua vida assumiu-se, como um empenhado activista político. Esteve preso em Elvas, em 1847, durante cinco meses, devido à sua participação num acto revolucionário ocorrido na conjuntura  da “Maria da Fonte” e da “Patuleia”. Era então, um defensor empenhado de um liberalismo radical e manteve-se sempre um fervoroso partidário do regime repúblicano.

Mas, em ambos, das suas obras devem sobretudo destacar-se  as que resultaram do seu empenho na descoberta e na preservação, da memória  histórica das comunidades em que estavam inseridos.          

No caso de J. Dubraz, destaca-se a obra «Recordações dos Últimos Quarenta Anos” de que, coisa rara naquele tempo, se publicaram duas edições: uma primeira em 1868, que se esgotou rapidamente, logo seguida de uma  segunda edição, em 1869. Trata-se, sem dúvida, duma importante memória descritiva da vila de Campo Maior, desde as suas origens até final do séc. XIX, com particular destaque para  a conjuntura das guerras peninsulares e para os factos e acções durante o período de implatação do Liberalismo na vila de Campo Maior. Como jornalista, deixou ampla e diversicada coloboração em quase todos os jornais que, no seu tempo, se publicaram em Elvas e em alguns dos que se publicavam em Lisboa.

No que respeita à sua actividade como colaborador nos jornais, o mesmo caminho seguiu Vitorino de Almada. Uma parte considerável da sua obra foi também publicada em artigos em jornais como o Elvense, o Gil Fernandes e o Correio Elvense, de que foi  redactor principal. Mas não pode deixar de se referir a obra que publicou de 1888 a 1895 - "Elementos para um dicionário de geografia e história portuguesa" - pois  trata dos factos mais notáveis, relativos ao concelho de Elvas e aos extintos concelhos de Barbacena, Vila Boim e Vila Fernando. Merecem também particular destaque:  "O manuscrito de Afonso da Gama Palha", sobre um facto militar durante a Guerra da Sucessão em Espanha, (Elvas, 1876); o estudo biográfico "Francisco de Pala Santa Clara", (Elvas, 1888);  "Os quartéis- mestres", (Elvas,1890).

Eis, de forma abreviada, apenas algumas notas sobre dois vultos com obras de referência na historiografia portuguesa, no que respeita à História Local: Uma referida à cidade de Elvas e outra, uma memória sobre a vila de Campo Maior, ambas localizadas na zona raiana do Alto Alentejo.

(Primeira versão escrita em 11 de Setembro de 2016)

 

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publicado às 00:02


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