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TEMPO DE FÉRIAS

por Francisco Galego, em 15.07.17

 

 "ESCREVER SEMPRE TAMBÉM CANSA..." (1)

 

FAÇAMOS UMA FÉRIAS.

 

 

É TEMPO DE DESCANSO.

 

 

LÁ PARA AGOSTO, REGRESSAMOS

 

 

SE A VONTADE, AINDA QUISER

 

 

E SE HOUVER CAPACIDADE PARA O FAZER...

 

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(1) Parafraseando o poema de José Gomes Ferreira:

 

 

Viver sempre também cansa!
O sol é sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul, nitidamente azul,
ora é cinza, negro, quase verde...
Mas nunca tem a cor inesperada.
O Mundo não se modifica.
As árvores dão flores,
folhas, frutos e pássaros
como máquinas verdes.
As paisagens também não se transformam.
Não cai neve vermelha,
não há flores que voem,
a lua não tem olhos
e ninguém vai pintar olhos à lua.
Tudo é igual, mecânico e exacto.
Ainda por cima os homens são os homens.
Soluçam, bebem, riem e digerem
sem imaginação.
E há bairros miseráveis, sempre os mesmos,
discursos de Mussolini,
guerras, orgulhos em transe,
automóveis de corrida...
E obrigam-me a viver até à Morte!
Pois não era mais humano
morrer por um bocadinho,
de vez em quando,
e recomeçar depois, achando tudo mais novo?
Ah! se eu pudesse suicidar-me por seis meses,
morrer em cima dum divã
com a cabeça sobre uma almofada,
confiante e sereno por saber
que tu velavas, meu amor do Norte.
Quando viessem perguntar por mim,
havias de dizer com teu sorriso
onde arde um coração em melodia:
"Matou-se esta manhã.
Agora não o vou ressuscitar
por uma bagatela."
E virias depois, suavemente,
velar por mim, subtil e cuidadosa,
pé ante pé, não fosses acordar
a Morte ainda menina no meu colo..."

 

José Gomes Ferreira: Poesia – I (1948)

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publicado às 00:03


MARCELO OFUSCOU CAVACO ?

por Francisco Galego, em 11.07.17

No jornal  EXPRESSO de 27/2/2016 li este título de que tomei nota. Reencontrei-o e, analisando-o face ao que desde então foi acontecendo, achei que ele tinha sido muito premonitório. Pensando bem, não era difícil prever que assim viesse a acontecer porque o próprio Cavaco se aniquilou, afastando-se, colocando-se a tal distância e produzindo tais afirmações que se foi transformando em motivo continuado de indiferença, de contestações e de anedotas, algumas delas bem degradantes da instituição presidencial.

O meu espanto na altura, era que esta pergunta tivesse sido escrita num jornal em que, nesse tempo, jornalistas adoptavam inconsistentes e militantes posições, sem cuidarem de que tal estratégia os diminuia como profissionais, cuja função deveria ser a de informarem e eclarecerem com seriedade, de forma isenta e com objectividade os seus leitores.

Henrique Monteiro era o paradigma desse género de jornalismo. Foi ele que escreveu com intencional ironia: “Marcelo, Presidente Paizinho?”. Este título apontava para aí. A prosa começava mansamente e com algum acerto. Mas, a certa altura, resvalava para o seu empenhado desejo de que o novo presidente se aproximasse da sua concepção institucional-autoritária do que devia ser a acção do novo Presidente da República, aconselhando Marcelo a contornar dois obstáculos: o primeiro é tentar não ser uma espécie de paizinho de todos, alguém a quem se recorre nas aflições e que está sempre disposto a tudo conciliar, perdoar e esquecer; o segundo é, afirmando as suas convicções, não permitir (como Cavaco permitiu...) que o seu cargo e a sua pessoa sejam desrespeitados ou mesmo enxovalhados. E termina afirmando que para isto:  “Vai precisar de coragem”.

É este não permitindo que revela a base ideológica que está subjacente a esta prosa. Porque o que, noutra prespectiva, devia estar seria: “Não agindo de forma a que o seu cargo e a sua pessoa sejam desrespeitados ou mesmo enxovalhados.”

Agora que está bem demonstrada a forma e os efeitos da maneira como Marcelo Rebelo de Sousa entende e exerce a sua acção como presidente, verificamos que seria mais adequado que Henrique Monteiro tivesse escrito: “Vai precisar de manter a isenção e a dignidade, para preservar o elevado prestígio que é próprio do exercício da função presidencial”. Claro que, assim, estaríamos no domínio de uma  concepção do exercício da função presidencial baseada  na democraticidade, na ética republicana e no civismo que devem coexistir no mútuo relacionamento de confiança, de consideração e de respeito, entre o PR  e os cidadãos que o elegeram. Porque, de uma maneira mais simples e mais directa, como dizia um antigo dito popular: Quem não sabe dar-se ao respeito, não merece ser respeitado.

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publicado às 08:55


QUE FAZER?

por Francisco Galego, em 08.07.17

O meu sentimento vai-se inclinado cada vez mais para a percepção de que estamos a viver tempos difíceis, tão difíceis e complexos, quanto parece certo que não estão a ser usadas as soluções mais adequadas para os resolver.

Contudo, recuso qualquer afirmação, tão niveladora quanto injusta, de considerar que os políticos são todos iguais. A política é, em si mesma, uma acção de grande importância para a resolução dos problemas sociais. E, não apenas hoje, mas em todos os tempos, houve os que a entenderam como um caminho para melhor se servirem e os que a ela se dedicaram como forma de prestarem um serviço público orientado para o bem das comunidades em que se sentem integrados.

Em democracia, a entrega dessa missão a uns ou a outros, depende apenas da nossa vontade. Depende de tomarmos uma atitude de indiferença ou de assumirmos a nossa obrigação como cidadãos.

A impreparação de alguns dos actuais improvisados políticos e as suas fragilidades culturais, geram um modo de fazer política que podemos apropriadamente designar por populismo anti-elitista. Para melhor chegarem ao apoio das camadas menos preparadas da população, arvoram-se em paladinos defensores dos pobres e declarados inimigos das elites, enquanto tudo fazem para garantirem para si e para os seus, todos os benefícios dessas elites a que tanto aspiram pertencer e que tanto apregoam repudiar.

Que fazer perante a trágica situação de termos uma população tão impreparada, tão facilmente manipulável por estes inescrupulosos oportunistas?

Persistir na denúncia constante destas situações, lutar pelo aprofundamento de uma cultura democrática e de uma maior participação cívica dos cidadãos, prosseguir no esforço de dar um novo alento à sociedade fazendo emergir novos líderes capazes de elaborar e pôr em execução projectos que garantam novas soluções políticas que melhorem as condições de vida das populações.

Temos de voltar aos valores éticos que tornem de novo a política uma arte e uma ciência ao serviço da sociedade e não a habilidade astuta dos que só pensam em beneficiar-se, mediante negociatas escusas, tráficos de influências e práticas de corrupção. Os homens de verdade e de boa vontade, devem juntar esforços para pôr fim a estas situações abusivas que estão a tornar cada vez mais insuportável esta nossa forma de viver.

Necessitamos de políticas direccionadas para o desenvolvimento económico, para  garantia da segurança e da estabilidade social, através de maiores e melhores oportunidades para as novas gerações, pois nelas assenta a possibilidade de sustentação das gerações mais idosas que deixam de estar em condições de participarem na produção, para que possam viver de reformas que lhes propiciem uma aceitável qualidade de vida na sua velhice. Só com políticos sérios, honestos e competentes, homens e mulheres de sólido carácter, poderemos ter soluções adequadas para os problemas que hoje se deparam às comunidades locais.

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publicado às 00:05


A DILEMÁTICA QUESTÃO DE UMA POLITICA CULTURAL...

por Francisco Galego, em 05.07.17

 As acentuadas deficiências estruturais que as comunidades mais problemáticas e mais carentes de recursos apresentam, tornam particularmente difícil promover o seu desenvolvimento. Para criar os projectos e desenvolver os processos que levem à sua transformação, são necessários os recursos humanos que concebam e programem as soluções mais adequadas, mais eficazes e que melhor garantam processos rápidos e seguros para acudir às carências mais prementes.

Ora, um dos aspectos mais determinantes do seu desenvolvimento é, sem dúvida, o nível cultural das populações. Por isso, a disponibilidade, a vontade, a apetência e o interesse pelas questões culturais, é inversamente proporcional ao nível cultural que essas comunidades possuem.

Poderiamos, muito a propósito, lembrar aqui a frase de Almeida Garrett (1789-1854), referindo-se a uma manifestação que era um instrumento cultural muito importante no seu tempo:

O teatro é um grande meio de civilização, mas não prospera onde a não há. Não têm procura os seus produtos enquanto o gosto não forma os seus hábitos e com eles o sentimento de necessidade.

Dito de outro modo: quase nunca aquilo de que as pessoas mais necessitam, é aquilo que elas mais gostariam que lhes seja  propiciado.

Este é o dilema com que se confrontam todos os que se dedicam à educação, à politica, e a outras missões de carácter eminentemente social.

Por isso, alguns dos que se dedicam a essas missões, não com o objectivo de bem servirem, mas no fito de obterem vantagens, com grande proveito e com pouco esforço, optam por propiciar o que é mais desejado.

Contudo, a solução mais justa e mais honesta, talvez seja a de, remando contra a maré, criar e promover o gosto por aquilo que é efectivamente mais necessário.

Há os que contrapõem que esta atitude é completamente utópica, ou mesmo destituida de qualquer sentido da realidade das coisas. Que é inútil gastar tempo, recursos e esforços a tentar propiciar maiores oportunidades aos que não têm qualquer apetência para questões culturais. Porque, quem nem sequer sabe pensar, não tem paciência para aturar pensamentos e paleios que nem consegue entender. Ou seja, como dizem o que assim pensam, não merece a pena porque eles são demasiado estúpidos para aproveitarem aquilo que por eles se tente fazer.

Os que assim pensam, fazem uma inversão dos valores em causa. Porque, pensando que “nem vale a pena tentar, porque eles nem sabem o que isso é”, ou que, “não são suficientemente inteligentes para entender o benefício que isso lhes poderia trazer”, são de facto eles que dão prova da sua fraca clarividência intelectual e cultural, ao manifestarem a impossibilidade de perceberem que, quando o nível cultural médio sobe, tendem também a subir os índices de produtividade e de segurança, garantindo-se assim melhores condições de vida e de mais conforto para todos os elementos  que integram uma comunidade.

 

 

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publicado às 00:05


TENTANDO ESCLARECER...

por Francisco Galego, em 02.07.17

Não há muito tempo, fui consultado sobre a interpretação a dar ao que está escrito numa placa colocada numa parede do “Arco da Praça”.

Não era a primeira vez que isto acontecia. Ainda eu estava no activo e a viver fora de Campo Maior, fui contactado por um funcionário da Câmara que me convidava a participar no descerramento de uma réplica dessa placa que ia ser afixada no interior do edifício, porque ela assinalava o ano da construção dos actuais Paços do Concelho.  

Não pude evitar disser-lhe o que, provavelmente, muitos a quem ele tinha mostrado a mesma peça, por boa educação, tinham calado. Mas, eu como campomaiorense, sentia-me obrigado a esclarecê-lo, de que, aquela placa, não podia indicar a data de construção daquele edifício. Bastava comparar a traça do mesmo e a data inscrita. E que, insistir naquela afirmação, era não respeitar a verdade que, lendo o que nela estava escrito, se tornava evidente.

Não sabendo que eu, sendo muito complacente, não aceitava ser cúmplice, disse-me que contava comigo para manter a versão, pois que, além de dar mais prestígio, era a que justificava a reprodução e colocação da placa que já estava programada. E, assim foi feito, embora essa versão não fosse verdadeira.

NOTA: Segundo a referida placa, o edifício da câmara estaria concluído em 1618, reinava então em Portugal, Filipe III de Espanha, rei de Portugal entre 1598 e 1621.  Ora, a construção do actual edifício foi concretizada no tempo em que governava Campo Maior, Estêvão da Gama de Moura e Azevedo (meados do Séc. XVIII), como atesta a data gravada no pelourinho (1740) que está no centro da “Praça Nova”, hoje chamada Praça da República. Portanto, com grande probabilidade, aquela placa pertencia ao edifício que fora reconstruido em meados do séc. XVII (reinado de D. João IV), na chamada “Praça Velha” e que serviu de “Paços do Concelho”, até à sua destruição pela explosão da Torre de Menagem, em 1732. A reconstrução da vila foi feita quando reinava em Portugal D. João V (1706-1750). Só então foi construida a "Praça Nova" em que se insere o actual edifício da Câmara, que aliás ficou incompleto, como se verifica olhando para a sua fachada principal. Faltou construir uma segunda escadaria do lado direito de quem  a observa.

 

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publicado às 09:03


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