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Aqui se transcrevem textos, documentos e notícias que se referem à vida em Campo Maior ao longo dos tempos
No ano de 1935 tomou posse, no dia 6 de Abril, uma nova Comissão Administrativa da Câmara Municipal. Esta era constituída por: Manuel Joaquim Correia, comerciante com loja na rua da Misericórdia - que assumia o lugar de presidente; João Vitorino Muñoz, farmacêutico; dr. Justo Garcia d’Agrela, Mauro das Dores Alves, João Aguiar Mexia Serra e João Martins Leitão, elementos ligados ao comércio e à agricultura.
Esta nova administração chegou a ter o projecto de realizar as Festas do Povo. Mas, na verdade, elas não se chegaram a efectivar. Temos a sorte de João Ruivo, que em 1929 saíra de Campo Maior, estar nesta altura em funções de tesoureiro da Fazenda Pública, na cidade de Estremoz. Aí começara a colaborar no jornal local, Brados do Alentejo, onde ia publicando as notícias que lhe chegavam da sua terra natal. Por isso, este jornal constitui uma fonte importante sobre o que, nessa época, se ia passando em Campo Maior.
Como se pode constatar pela série de notícias que a seguir se transcrevem, parecia haver vontade da parte das autoridades municipais e boas condições para que as festas se tivessem realizado. Contudo, elas não se fizeram e não possuímos dados para compreender porque isso aconteceu. Será que, nessa época, as Festas só se faziam se o povo se dispusesse a realizá-las?
Brados do Alentejo, Estremoz, 16 de Junho de 1935
Festas do Povo
Diz-se que as sumptuosas festas em honra de S. João Baptista, Padroeiro desta vila, vão ser realizadas pela Câmara Municipal que, para maior brilhantismo, serão contratadas três bandas de música havendo também números novos de festas que devem causar sensação.
Festas de S. João
Para os festejos de S. João nos próximos dias 23 e 24 do corrente vão ser contratadas as bandas de Caçadores 8 e a União Campomaiorense. Os números do programa constam de festa de igreja, procissão, arraiais, bailes e descantes populares e bem assim venda de bolos e fogaças como nos anos anteriores.
Brados do Alentejo, Estremoz, 30 de Junho de 1935
Festas de S. João Baptista
Durante os dias 23 e 24 do corrente realizou-se na Avenida Dr. Agrela a costumada “feira dos burros” que esteve muito concorrida de burros e compradores beirões (os Ratinhos). Havia também algumas barracas que fizeram bom negócio. Os arraiais de S. Joãozinho (extra-muros), estiveram animadíssimos, agradando muito a banda de Caçadores 8.
“A um kilómetro ao Sul desta vila está situada a ermida de S. João Baptista,( lugar designado como o São Joãozinho), onde os campomaiorenses costumam fazer anualmente um arraial em homenagem ao santo protector da vila e dos seus habitantes.
É tradição que S. João aparecera nas figueiras que estavam junto à fonte e à ermida que ali foi edificada, em recordação desse milagre.
Como a ermida fosse muito mesquinha e o local destinado para o arraial não tivesse a capacidade necessária para a numerosa concorrência que afluia, determinaram fazer outra ermida e arranjar o terreno de maneira a que os pares dançantes pudessem executar as variadas mudanças do predilecto fandango e o redemoinhar da frenética valsa, sem incomodarem, nem serem incomodados pelos espectadores.
Ainda que não esteja concluída, a nova ermida foi consagrada no dia 22 de Junho e, em seguida a esta solenidade, cantou-se uma missa de instrumental a que assistiu parte da Filarmónica Recreativa.
No dia 23 realizou-se o arraial, que esteve esplêndido, tanto pela numerosa concorrência como pela boa ordem que reinou durante o mesmo. A Filarmónica Barcelinhos (1) assistiu a esta festividade.
(In, A Voz do Alemtejo, nº 521 de 8 de Julho de 1866, texto de José António Félix dos Santos.)
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(1) A filarmónica designava-se de "Barcelinhos" porque fora criada e era sustentada pelo Barão de Barcelinhos, que era o maior proprietário do concelho e que depois foi distinguido com o título de Visconde de Ouguela.
OUTRAS NOTAS:
ESTA NOTÍCIA INFORMA-NOS QUE, A "NOVA ERMIDA" DE SÃO JOÃOZINHO, FOI CONSAGRADA NO DIA 22 DE JUNHO DE 1866. PORTANTO, HÁ 151 ANOS. ANTES APENAS EXISTIRIA A "PEQUENA ERMIDA", JUNTO À FONTE.
O AUTOR DO TEXTO, DR. JOSÉ ANTÓNIO FÉLIX DOS SANTOS, ERA NATURAL DE CAMPO MAIOR. FIXOU-SE EM ELVAS ONDE EXERCEU A ADVOCACIA E ONDE ERA MUITO CONSIDERADO. SEU PAI, QUE SEGUIRA A CARREIRA MILITAR DESTACANDO-SE NO SERVIÇO PRESTADO EM MOÇAMBIQUE, MORRERA NUM ACIDENTE COM ARMA DE FOGO, POUCO DEPOIS DELE TER NASCIDO. SUA MÃE VOLTOU A CASAR, COM JOÃO DUBRAZ, GRANDE AMIGO DO FALECIDO E QUE SEMPRE CUIDOU DO SEU ENTEADO COMO DE UM VERDADEIRO FILHO.
“A um kilómetro ao Sul desta vila está situada a ermida de S. João Baptista,( lugar designado como o São Joãozinho), onde os campomaiorenses costumam fazer anualmente um arraial em homenagem ao santo protector da vila e dos seus habitantes.
É tradição que S. João aparecera nas figueiras que estavam junto à fonte e à ermida que ali foi edificada, em recordação desse milagre.
Como a ermida fosse muito mesquinha e o local destinado para o arraial não tivesse a capacidade necessária para a numerosa concorrência que afluia, determinaram fazer outra ermida e arranjar o terreno de maneira a que os pares dançantes pudessem executar as variadas mudanças do predilecto fandango e o redemoinhar da frenética valsa, sem incomodarem, nem serem incomodados pelos espectadores.
Ainda que não esteja concluída, a nova ermida foi consagrada no dia 22 de Junho e, em seguida a esta solenidade, cantou-se uma missa de instrumental a que assistiu parte da Filarmónica Recreativa.
No dia 23 realizou-se o arraial, que esteve esplêndido, tanto pela numerosa concorrência como pela boa ordem que reinou durante o mesmo. A Filarmónica Barcelinhos (1) assistiu a esta festividade.
(In, A Voz do Alemtejo, nº 521 de 8 de Julho de 1866, texto de José António Félix dos Santos.)
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(1) A filarmónica designava-se de "Barcelinhos" porque fora criada e era sustentada pelo Barão de Barcelinhos, que era o maior proprietário do concelho e que depois foi distinguido com o título de Visconde de Ouguela.
OUTRAS NOTAS:
ESTA NOTÍCIA INFORMA-NOS QUE, A "NOVA ERMIDA" DE SÃO JOÃOZINHO, FOI CONSAGRADA NO DIA 22 DE JUNHO DE 1866. PORTANTO, HÁ 151 ANOS. ANTES APENAS EXISTIRIA A "PEQUENA ERMIDA", JUNTO À FONTE.
O AUTOR DO TEXTO, DR. JOSÉ ANTÓNIO FÉLIX DOS SANTOS, ERA NATURAL DE CAMPO MAIOR. FIXOU-SE EM ELVAS ONDE EXERCEU A ADVOCACIA E ONDE ERA MUITO CONSIDERADO. SEU PAI, QUE SEGUIRA A CARREIRA MILITAR DESTACANDO-SE NO SERVIÇO PRESTADO EM MOÇAMBIQUE, MORRERA NUM ACIDENTE COM ARMA DE FOGO, POUCO DEPOIS DELE TER NASCIDO. SUA MÃE VOLTOU A CASAR, COM JOÃO DUBRAZ, GRANDE AMIGO DO FALECIDO E QUE SEMPRE CUIDOU DO SEU ENTEADO COMO DE UM VERDADEIRO FILHO.
Na língua portuguesa, torna-se por vezes difícil entender qual a razão porque são designados pela mesma palavra, coisas e conceitos tão diferentes. É o que acontece com a palavra cultura. Além dos casos extremos em que se aplica a actividades de carácter agrícola, acontece noutros, tão próximos, que se torna inevitável que se estabeleça certa confusão.
A palavra cultura tanto se aplica à criatividade humana que se expressa através de manifestações como a dança, a música, a escrita e outras englobadas no conceito geral de “artes”, destinadas a expressar mensagens, sentimentos, emoções e pensamentos, como a manifestações deste tipo que têm apenas como objectivo o entretenimento do público a que se destinam e que dificilmente poderão ser incluidas no verdadeiro conceito de cultura. O perigo desta confusão é muito frequente, havendo mesmo quem considere que não existe diferença nenhuma.
Esse perigo nunca o pressenti nos espectáculos a que tenho podido assistir neste centro cultural em que gente envolvida em projectos culturais consegue, não apenas entreter-me, mas propor-me mensagens que me emocionam, situações que apelam ao meu dever de solidariedade, pensamentos que enriquecem o meu entendimento, opções que despertam a minha consciência, emoções que avivam a minha sensibilidade.
Foi tudo isso que, mais uma vez, me foi propiciado pelo Curso de Dança Contemporânea do Projecto de Formação do Município de Campo Maior. Os meus parabéns a toda a equipa que realizou este “milagre”, em território tão pouco habituado a certos “manjares”. Permitam que realce o papel de Maria Lama por mais esta etapa da sua própria “Viagem” que não sendo de perigos, é de esforço persistente e bem direccionado segundo objectivos traçados com clara intenção e finalidade. Mais uma etapa vencida com emérita qualidade.
Reinava então em Portugal o rei D. Manuel I e remonta a esse tempo a seguinte narrativa:
Campo Maior era então uma povoação bastante pequena, com nove ruas dentro do castelo e mais algumas do lado de fora das muralhas.
Como acontecia com alguma frequência, declarou-se na vila, como noutras terras do reino, incluindo Lisboa, uma grande epidemia de peste que provocava elevado número de mortes.(1)
Nas terras pequenas, onde havia poucos recursos para acudir, a situação era ainda mais aflitiva. As poucas condições de higiene e a deficiente alimentação, bem como os poucos cuidados de higiene, faziam que, qualquer doença contagiosa se propagasse rapidamente, atacando sobretudo as crianças e os velhos que eram os menos resistentes.
Em geral, pensava-se que as pestes eram um castigo divino. Por isso, faziam-se missas, rezava-se e implorava-se, tentando, por todos os meios, alcançar a graça divina que parasse o flagelo que tantas mortes causava.
Vendo que o ar estava empestado pela epidemia e que as suas preces não eram atendidas, os moradores procederam do modo que era usado em tais circunstâncias: resolveram sair da vila, escolheram um lugar no meio dos campos e aí construíram casas muito singelas, a que davam o nome de choças. Ainda hoje esse lugar é chamado pelos campomaiorenses como sendo o lugar das Choças.
Aí permaneciam, havia já algum tempo, com medo de serem apanhados pela peste se voltassem às suas casas na vila.
Porém, um certo dia, no ano de 1520, um homem chamado Gonçalo Rodrigues que andava a trabalhar na sua horta, sentindo-se cansado, sentou-se à sombra duma figueira a descansar. De repente, ter-lhe-á aparecido uma figura rodeada de uma grande luz. Assustado, o bom homem terá exclamado: “Quem sois vós senhor? Que luz é esta que não parece ser coisa deste mundo?” Ao que, numa voz forte e calma, a figura terá respondido: “Não temas Gonçalo! Eu sou João Baptista. Não vês como está o teu povo? Vai dizer à tua gente que podem voltar às suas casas. Os vossos sacrifícios e sofrimentos despertaram a compaixão de Deus, Nosso Senhor. Não haverá mais peste. Mas, em memória da graça que por Deus vos foi concedida, quero que façam na vossa terra uma igreja em meu nome e devoção”.
O bom do Gonçalo nem queria acreditar no que lhe tinha acontecido. Foi logo ter com a sua gente e contou-lhes a extraordinária aparição que tivera. Desde logo, todos decidiram fazer uma igreja em honra de São João Baptista e uma pequena ermida para assinalar o local em que tal milagre tinha acontecido. Ficou como tradição do povo de Campo Maior que se manteve ao longo do tempo, a realização anual de uma romaria a esse local, no dia consagrado a S. João.
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(1)" (...) De vez em quando terríveis, epidemias de peste assolavam o território, determinando a mudança da côrte para lugares não contagiados. No reinado de D. Manuel foram quatro as arremetidas: em 1502, 1506, 1513 e 1521." (História de Portugal; Volume III; Edição Monumental da Portucalense Editora; Porto)
DESDE REMOTOS TEMPOS QUE ALGUNS HOMENS PROCURAM A FORMA DE MELHOR PENSAR PARA MELHOR VIVER E A ISSO CHAMARAM FILOSOFAR
EIS ALGUNS EXEMPLOS SIMPLES:
... não é fácil conseguir uma vida feliz, pois que nos distanciamos tanto mais dela quanto mais empenhadamente a buscamos
Todos as pessoas concebem, ao longo da sua vida, um ideal de felicidade. O destino dos seres humanos é, não apenas viver, mas procurar viver bem.
É vã toda a palavra do filósofo que não remedeia nenhum dos sofrimentos dos humanos, pois que assim como é inútil toda a medicina que não suprime as enfermidades do corpo, também é inutil a filosofia que não suprime oa sofrimentos da alma.
Desenvolve ao máximo as tuas faculdades naturais.
Os maus agem de má-fé apenas por ignorância, porque desconhecem quão efémeras são as vantagens que resultam da sua acção dolosa.
Não agir bem para obter vantagem, mas para poder viver de tranquila consciência, é prova de sabedoria e de bom senso.
Cada um faz, no mais íntimo de si mesmo, a opção fundamental que vai arquitectar o seu destino.
É preciso encontrar dentro de nós o fundamento regulador do nosso modo de agir.
A experiência que fui adquirindo convenceu-me de que, só com ponderação e bom senso, conseguimos encontrar as melhores respostas para os problemas e as situações que se nos vão deparando no decorrer da nossa vida. Sem isso, damos lugar aos conflitos que, em vez de resolverem, mais agravam a discórdia e mais nos tiram a capacidade de encontramos as soluções mais adequadas. A moderação é sempre o caminho mais certo, porque nos torna mais comedidos, mas sensatos e mais sábios.
Isto vem a propósito da tendência, que nós, os humanos, tanto individualmente, como associados em grupos ou em instituições, temos para nos envolvermos em situações e tomarmos decisões, sem avaliarmos bem as consequências que daí podem advir.
Chega às vezes a ser dolorosa a constatação de como, com tanto esforço, tanto empenho e tanta determinação, nos pomos a caminhar no sentido que menos nos conviria termos seguido. Mais doloroso ainda é pormos-nos a celebrar vitórias que, como se pode desde logo perceber, trazem mais incómodos que vantagens. Ou que as vitórias são apenas aparentes porque, na realidade, os que se julgam vencedores ficam tão fragilizados que mais valia não se terem desgastado em tão inúteis combates.
De que serve envolvermo-nos em lutas que, se tivéssemos avaliado com justo critério as circunstâncias, a capacidade e as probabilidades de sucesso, teríamos compreendido que não preparavam realmente o êxito que pretendíamos alcançar?
Que sentido faz lutar por causas que, bem analisadas, não trazem efectivamente vantagens reais para ninguém?
De que serve agir com pouca ponderação, muito barulho e muita agitação, só porque não cuidámos de análisar cuidadosamente as situações?
Porque a verdade é, evidentemente, esta: Quem parte para a luta sem uma análise clara das consequências, ou age com inconsciência, ou está a ser instrumentalizado por quem quer atingir objectivos que podem realmente não coincidir com o que mais nos convém.
Uma coisa é certa: Por vezes, os êxitos que parecem vitórias produzem efeitos mais desastrosos que algumas derrotas. Pelo menos, as derrotas, se bem analisadas, sempre servem de lição para não voltarmos a repetir os erros que cometemos. E isso constitui uma importante vantagem.
“As estradas do concelho de Elvas chegaram a um ponto de ruína excessiva…
se não estão absolutamente intransitáveis, é sobremaneira perigoso caminhar por elas...
Anunciaram-se por editais certas obras relativas à estrada de Campo Maior…”
“Na sessão da câmara dos senhores deputados, de 21 do corrente, apresentou o Sr. João Carlos Mello e Minas uma representação da câmara municipal de Campo Maior, para que esta vila seja elevada à categoria de comarca com sólidas e judiciosas considerações:
- É uma das principais vilas da província do Alentejo
- Rica em vinhos e azeites de grande qualidade, exportados para muitas povoações
- Detentora de uma história de gloriosos feitos
- Atreita a problemas levantados por uma fronteira facilmente transponível
- Tendo sido, em virtude da carta de lei de 28 de Fevereiro de 1835 sido criada cabeça de julgado esta vila anexando-se-lhe os concelhos de Arronches, Barbacena e Ouguela, sucede que posteriormente foi o mesmo julgado suprimido.
Constituição da Câmara Municipal de Campo Maior em 1860:
Presidente – João Bernardo do Rego
Vice-presidente – Gaspar da Encarnação
Fiscal – Francisco Henriques de Aguiar
Vogais – Manuel Jerónimo Mocinha e Manuel Pinto de Matos
Secretário – António Vellez Teixeira
(In, jornal “O Transtagano”(PERIÓDICO DE INTERESSES MORAIS E ECONÓMICOS DA PROVÍNCIA), Elvas, nº 8, de 27 de Maio de 1860)
Óbito ilustre em Campo Maior
Faleceu nesta vila e foi enterrado hoje, o bispo resignatário de Macau, D. Jerónimo José da Matta. Tinha vindo a Campo Maior para aqui visitar alguns parentes (os Sr.s Matta) e foi vítima de um ataque apopléctico fulminante. Fizeram-se todas as honras compatíveis com os meios da povoação e foi depositado provisoriamente no jazigo da família de seu primo Sr. Joaquim José da Matta.
(A Voz do Alemtejo, Nº 439, Elvas, Dom. 7 de Maio 1865)
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Do corresponente em Campo Maior (Rosado Júnior)
O mês de Abril correu ventoso e com muito pouca água, excepto na última semana em que tem chovido muito, melhorando o aspecto das searas em geral, prometendo, por consequência, um ano abundante.
De filarmónicas, também o ano é abundante para Campo Maior, que já possui três; o que não é bom nas povoações, porque dão origem a rivalidades, passando daqui a inimizades e desordens.
Brevemente deve haver uma reunião geral no Grémio Campomaiorense, onde se goza de uma afinadíssima filarmónica dirigida pelo Exmº Sr. D. Gonçalo de Carvajal que a acompanha ao piano.
Quanto tem este jovem e simpático Sr. mostrado que possui um grande talento e vocação social!
O gozo no grémio torna-se invejável pela ordem, delicadeza e deferência que ali reina devido tudo aos cavalheiros de que ele se compõe; honra aos instituidores que transformaram uma casa de vício numa sociedade, que tem por fim um passatempo útil e honesto. Seja-me permitido estampar aqui os nomes dos cavalheiros a quem se deve a iniciativa deste progresso social e que são: João Carlos Gambôa Mello e Minas; Dr. António Teixeira Félix da Costa; João Francisco Dubraz; Cristóvão Cardoso d’Albuquerque Barata; Diogo Maria Cayolla; Manuel Caldeira Cayolla e João do Carmo Ferraz.
(A Voz do Alemtejo, Nº 440, Elvas, 5ª-feira,.11 de Maio 1865)
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