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VOTOS DE NOVO ANO...

por Francisco Galego, em 31.01.17

Perguntando-me a mim próprio que desejos entendo dever formular para o início do Novo Ano, vejo-me confrontado com algo a que não sei como responder.

Com toda a franqueza, confesso que sou pouco de desejos e muito mais dado aos constrangimentos que me provocam os sofrimentos, as angústias e as tremendas carências que rodeiam no nosso viver social.

Como entendo que isso depende muito mais das circunstâncias ditadas pelas acções individuais do que pelo acaso, embora sem grande esperança, vou formular o desejo de que haja mais descernimento, mais consciência, mais atenção e mais empenho em remediar e evitar agravamentos, para que se torne mais fácil e menos triste a vida dos que nos rodeiam.

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ANTIGAS NOTÍCIAS SOBRE OUGUELA

por Francisco Galego, em 28.01.17

Em 12 de Setembro de 1297, pelo Tratado de Alcanises, a povoação de Ouguela, passou a integrar o domínio português. Reinava de Dinis que procedeu à construção – ou reedificação – do seu castelo. Por carta datada em Lisboa em 5 de Janeiro de 1298, recebeu foral, dando-lhe a condição de município e concedendo-lhe muitos privilégios.

Mas, tal como Campo Maior, continuou ligada por laços de dependência eclesiástica e de senhorio ao bispo de Badajoz, até finais do século XIV.

No reinado de D. Fernando foi reedificada e ampliada a cerca de muralhas, edificada a primitiva igreja que estaria situada no centro da praça de armas do castelo (1).

Na crise de 1383-1385, a Praça de Ouguela, como as de Campo Maior e de Olivença, tomaram o partido do rei de Castela.

Teve de ser submetida manu militari por D. João I que, em 1392, cortou os laços de dependência eclesiástica que ligavam esta vila ao Bispado de Badajoz.

Durante os séculos seguintes, desempenhou a função de praça de guerra com a incumbência de servir de guarda avançada na vigilância da fronteira.

Uma das notícias que dela temos remonta ao reinado de D. Dinis. Este rei procurou combater o excessívo poder alcançado nos dois reinados anteriores pelos altos representantes do estrato nobiliárquico-eclesiástico. Porém, a certa altura, viu-se envolvido em conflito aberto com o seu próprio filho primogénito, que lhe sucederia no trono, como D. Afonso IV. De feitio exaltado e turbulento, o príncipe constituiu como alvo principal da sua fúria o seu meio-irmão D. Afonso Sanches. Movido por um ciúme rancoroso, acusava-o de o ter tentado envenenar e de intrigar contra ele junto do Papa para que o destronasse a fim de o poder substituir no governo do reino.

Logo que subiu ao trono, condenou-o ao desterro e à perda de todos os bens e cargos que tinha recebido de D. Dinis. D. Afonso Sanches, veio fixar-se na vila de  Albuquerque, senhorio de seu sogro, onde se rodeou de muitos nobres portugueses que se lhe foram juntar.

D. Afonso IV logo tratou de fortalecer Ouguela colocando ali como fronteiro o Mestre da Ordem Militar de Aviz. O próprio rei veio até á fronteira para invadir as terras de Albuquerque, tendo conseguido pôr cerco e tomar o castelo de Codeceira em 1326.

D. Afonso Sanches que sempre procurara evitar o conflito e por estar doente, retirou-se da luta. O rei voltou a Lisboa, onde, devido à intervenção da rainha-mãe (Santa-Isabel) e de muitos elementos tanto da corte portuguesa como castelhanos, conseguiram que se fizesse a paz e que o rei restituisse ao irmão todos os bens de que tinha sido despojado.

Com a guerra da Restauração (1640 - 1628), a pequena vila foi refortificada com nova cintura defensiva, pois que, devido á sua localização, ficava num ponto muito sensível, servindo de fortaleza de aviso e de retardamento, em caso de invasão.

-------------------------------------

(1)  Esta antiga igreja ficou muito danificada por efeito do abalo aí sentido, quando se deu o Terramoto de Lisboa de 1755. No seu relatório, o pároco local respondendo na “Memória Paroquial” referiu que “os muros padecesseram grande ruina no terremoto de mil setecentos e cincoenta e cinco, e principalmente a torre da Igreja que veio a maior parte dela abaixo (...) e algumas casas da dita Vila e tudo está ainda por reparar...”. A partir de então, a "vila Velha" entrou em decadência, cresceu o "burgo" ou "vila nova" no exterior do castelo. Quando uma nova igreja foi construida, a sua fachada principal ficou virada para as ruas novas, conservando apenas uma porta secundária com acesso pelo interior das muralhas.

 

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publicado às 16:34


SOBRE AS ORIGENS DE DEGOLADOS

por Francisco Galego, em 27.01.17

Degolados é uma povoação provavelmente nascida no século XVI, tendo como núcleo inicial uma herdade com os trabalhadores imigrantes que nela laboravam, oriundos maioritariamente das terras a norte do Rio Tejo.

Herdade do termo de Arronches no ano de 1538, Degolados era em 1567 um pequeno povoado, provavelmente ainda sem edifício religioso.

A pequena aldeia de meados do século XVI, localizada sobre o caminho entre Campo Maior e Arronches, beneficiou do dinâmico fluxo migratório ocorrido a partir daquela época em direcção a esta região e terá ascendido a freguesia, provavelmente ainda antes de findar a centúria de Quinhentos. No ano de 1612 surge já designada por freguesia de N.ª S.ª da Graça dos Degolados e integrada no concelho de Arronches.

Em meados do século XVIII, teria 42 fogos, o que corresponderia a cerca de centena e meia de habitantes.

Em finais do século XIX, por volta de 1870, teria 100 fogos, ou seja, cerca de 400 habitantes.

Foi anexada ao Concelho de Campo Maior, tirada ao de Arronches, por decreto de 26 de Setembro de 1895.

Porém, por reclamação do concelho de Arronches, voltou a integrar-se nesse concelho, três anos depois, por decreto de 13 de Janeiro de 1898.

Por pressão continuada dos seus habitantes, foi reintegrada no concelho de Campo Maior em 19 de Dezembro de 1926.

 

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publicado às 10:37


SOBRE AS ORIGENS DE DEGOLADOS

por Francisco Galego, em 26.01.17

Degolados é uma povoação provavelmente nascida no século XVI, tendo como núcleo inicial uma herdade com os trabalhadores imigrantes que nela laboravam, oriundos maioritariamente das terras a norte do Rio Tejo.

Herdade do termo de Arronches no ano de 1538, Degolados era em 1567 um pequeno povoado, provavelmente ainda sem edifício religioso.

A pequena aldeia de meados do século XVI, localizada sobre o caminho entre Campo Maior e Arronches, beneficiou do dinâmico fluxo migratório ocorrido a partir daquela época em direcção a esta região e terá ascendido a freguesia, provavelmente ainda antes de findar a centúria de Quinhentos. No ano de 1612 surge já designada por freguesia de N.ª S.ª da Graça dos Degolados e integrada no concelho de Arronches.

Em meados do século XVIII, teria 42 fogos, o que corresponderia a cerca de centena e meia de habitantes.

Em finais do século XIX, por volta de 1870, teria 100 fogos, ou seja, cerca de 400 habitantes.

Foi anexada ao Concelho de Campo Maior, tirada ao de Arronches, por decreto de 26 de Setembro de 1895.

Porém, por reclamação do concelho de Arronches, voltou a integrar-se nesse concelho, três anos depois, por decreto de 13 de Janeiro de 1898.

Por pressão continuada dos seus habitantes, foi reintegrada no concelho de Campo Maior em 19 de Dezembro de 1926.

 

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publicado às 16:30


Mário Ruivo (1927 – 2017)

por Francisco Galego, em 25.01.17

Chegou hoje a notícia do falecimento de um dos mais eminentes campomaiorenses de todos os tempos que completaria, em Março, os 90 anos de idade. Esta notícia  não foi de total surpresa, porque o seu declínio físico se tinha vindo a acentuar. Porém, em contrapartida, a sua brilhante capacidade mental manteve-se quase até aos últimos dias. Ainda há duas semanas me tinha telefonado para que eu transmitisse, à gestão do municipio, a sua vontade de legar as vestes dos doutoramentos que recebera, ao município da nossa terra natal.  

O Professor Doutor Mário Ruivo nasceu em Campo Maior no dia 3 de Março de 1927, num edifício localizado a meio do topo leste da Praça da Républica. Filho primogénito de João Pedro Ruivo e neto de Pedro Daniel da Encarnação Ruivo. Seu pai, que começara por ser funcionário da Câmara Municipal, passara a funcionário das Finanças Públicas e, em 1929, fora deslocado para Borba, mais tarde para Évora, cidade em que desenvolveu a maior parte da sua carreira de funcionário da administração pública.

O Município de Campo Maior, no ano de 2010, prestou-lhe justa homenagem na qual, além de realçar o seu elevado mérito, alcançado por uma notabilissima carreira, procurou também dar a conhecer a importância que seu pai, João Ruivo, tivera para o desenvolvimento da comunidade campomaiorense, como grande animador cultural.

Neste momento triste de despedida, procuremos, numa síntese muito breve, responder a esta questão, de forma muito directa: Quem foi este nosso tão notável conterrâneo?

- Mário João de Oliveira Ruivo mais conhecido por Mário Ruivo, um cientista e político português, foi pioneiro na defesa dos ocenos e no lançamento das temáticas ambientais em Portugal.

- Formou-se em Biologia pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa no ano de 1950.

- Especializou-se em oceanografia biológica e gestão de recursos vivos, tendo desenvolvido empenhada investigação em Portugal e em diversos países europeus.

- Foi diretor da Divisão de Recursos Aquáticos e do Ambiente do Departamento de Pescas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), sedeado em Roma,

- Foi coordenador da Comissão Mundial Independente para os Oceanos e membro da Comissão Estratégica dos Oceanos.

- Foi Ministro dos Negócios Estrangeiros no V Governo Provisório (1975).

- Foi presidente da Comissão Oceanográfica Intersectorial do Ministério da Educação e Ciência.

- Era, desde o dia 28 de Novembro de 1997, presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável e do Fórum Permanente para os Assuntos do Mar, tendo o Conselho de Ministros de 30 de novembro de 2016, procedido à renovação da sua comissão de serviço como presidente do referido Conselho.

Além de distinguido com  doutoramentos “honoris causa” recebeu algumas importantes condecorações:

 

            - Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal (21 de Agosto de1990);

            - Grande-Oficial da Ordem do Mérito de Malta (3 de Março de 1995);

            - Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada de Portugal (9 de Junho de 1998);

            - Grã-Cruz da Ordem do Mérito de Portugal (9 de Julho de 1999);

           

           

(NOTA: Para mais desenvolvido conhecimento, consultar Uma Homenagem Maior em Campo Maior – Homenagem ao Professor Mario Ruivo, publicada pela Câmara Municipal de Campo Maior, em 2010).

 

 

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publicado às 15:54


AS DUAS ALDEIAS DE CAMPO MAIOR - QUADRO SÍNTESE

por Francisco Galego, em 19.01.17

DEGOLADOS

 

- Aldeia de planície, à beira de uma estrada, um local

   de passagem;

- Um crescimento lento, mas continuado, ao longo

   do séc. XX, intensificando-se  sobretudo na fase

   actual;

- Povoação recente, de recente desenvolvimento,

  com acentuado aumento demográfico e grande

  rejuvenescimento da população;

- Uma história breve, pouco significativa e de

  escasso património arquitectónico;

- A sua ligação a Campo Maior é recente, data de há

  90 anos apenas;

- Foi, pela 1ª vez, anexada a Campo Maior em 26

  de Setembro de 1895;

- Em 13 de Janeiro de 1898, voltou a ser anexada a

  Arronches;

- Em 19 de Dezembro de 1926, foi definitivamente

  anexada a Campo Maior, cumprindo-se assim a

  vontade expressa pelos seus habitantes;

- Continua a ser uma freguesia do concelho de Campo

  Maior;

- Do ponto de vista eclesiático, continua ligada ao

  bispado de Portalegre, estando toda a outra parte do

  concelho, ligada ao arcebispado de Évora.

 

 

OUGUELA

 

- Aldeia alcandorada, de difícil acesso, um local de

   chegada;

- Foi integrada no território do reino de Portugal, ao

   mesmo tempo que Campo Maior, pelo Tratado de

   Alcanizes, no reinado de D. Dinis, em 1297;

- Um ponto avançado de vigia da fronteira, foi

   fortificada para desempenhar essa função;

- Nunca foi grande como povoado e foi regredindo

   lentamente, sobretudo na fase actual;

- Povoação muito antiga, em acelerada decadência,

   com acentuada redução demográfica e

   envelhecimento da população;

- Uma história longa, com factos histórico-militares

   notáveis e com rico património arquitectónico

   ainda que muito degradado e em risco, por

   abandono; está actualmente em curso um projecto de

   recuperação e de restauração.

- Ligação à praça de guerra de Campo Maior

   que remonta às origens, foi sua guarda-avançada

   junto à fronteira durante mais de 7 séculos.

- Perdeu por completo a autonomia administrativa ao ser

  extinta como concelho em 1836 e anexada como

  freguesia na Junta Paroquial de S. João Baptista em

  1879.  

 

 

Perspectivas futuras:

 

DEGOLADOS:

 

Não tem grande História mas o seu  presente  anuncia um próspero futuro.

 

Necessita, portanto, de estratégias adequadas de desenvolvimento em termos de urbanização e melhoria das condições de vida da sua população.

 

OUGUELA:

 

Um presente de grande decadência ameaçando que possa para ela não existir futuro. A menos que se saiba utilizar o seu património como memória do seu extenso e notável passado.

 

Necessita, portanto, de cuidados urgentes de preservação da sua memória e de conservação do seu património histórico e natural. O seu futuro só pode ser garantido com base na utilização inteligente do que resta do seu passado rico de factos e de documentos.

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publicado às 23:58


FREGUESIAS E PARÓQUIAS DE CAMPO MAIOR (2)

por Francisco Galego, em 15.01.17

A FREGUESIA DE NOSSA SENHORA DA EXPECTAÇÃO

           

Nos reinados de D. Fernando e de D. João I, foi edificada uma igreja no castelo de Campo Maior que serviu como sede de freguesia, primeiramente sob orago de Santa Clara e depois, em 1530, foi mudado para o  de Nª Sr.ª da Assumpção.

Em 1574, por ser muito pequena, velha e não caber nela o povo e estar muito arruinada, foi decidido substituir a antiga Matriz por outra mais ampla e edificada em lugar mais central.

Em 1574 foi feita petição ao rei para se fazer a nova matriz.

Em 1584, o rei Filipe II de Espanha e então, também rei de Portugal, passou provisão para que se fizesse a nova matriz.

Em 1610 foi feira a arrematação da obra.

Em 1622 o corpo da igreja estava concluído, faltando apenas algum acabamento nas torres da fachada. 

Embora a “Igreja Nova” não estivesse ainda acabada no ano de 1645, os clérigos deixaram a velha igreja do castelo e vieram para a Igreja Nova, para que se acomodassem os religiosos franciscanos que foram desalojados por ter sido demolido o convento de S. António, à Fonte das Negras, a fim de se construírem as novas muralhas, que defendessem a vila durante as Guerras da Restauração. Este convento de Santo António fora fundado em 1493, aumentado em 1514 e foi  demolido em 1645.

Aí, no castelo, se conservaram os frades franciscanos até ao ano de 1709 em que estava construído o novo convento. A igreja do convento só estaria concluía doze anos depois, em 1731.

 

A “Igreja Nova” passou a servir de sede da paróquia sob o Orago de Nossa Senhora da Expectação.

Em 1725 foi demolida a antiga igreja do castelo mas, por insistência do povo começou, em 1726, a ser de novo erguida.

Em 1732, fortemente atingida pela explosão do paiol da torre de menagem, a Igreja Nova e a Igreja do Castelo ficaram muito danificadas.

Em 1732, D. João V mandou que um terço da renda do concelho fosse aplicado para a reedificação da Igreja Matriz e que, em substituição da Igreja do Castelo fosse aí construída a Ermida do Senhor do Castelo.

 

A FREGUESIA DE SÃO JOÃO BAPTISTA

 

São João Baptista é uma freguesia portuguesa do concelho de Campo Maior, com 106,37 km² de área e 4 063 habitantes (2001). Densidade: 38,2 hab./km².

A paróquia de São João Baptista, foi criada em 1776 por provisão de D. Lourenço de Lencastre, bispo de Elvas.

Até aí tinha existido no concelho de Campo Maior uma única paróquia que, desde a Idade Média, tinha como sede uma igreja chamada de Santa Maria.

Por Decreto de 17 de Janeiro de 1879, a paróquia de Ouguela foi anexada à Junta Paroquial de S. João Baptista de Campo Maior.

Em 1941 Ouguela foi extinta como freguesia, tendo, a sua população e o seu território, sido integrados na freguesia de S. João Baptista de Campo Maior.

 

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publicado às 23:57


FREGUESIAS E PARÓQUIAS DE CAMPO MAIOR (1)

por Francisco Galego, em 13.01.17

EXPLICAÇÃO PRÉVIA

 

Até à Revolução Liberalista de 1820, os termos “paróquia” e “freguesia” eram sinónimos e designavam a unidade territorial que estava sob a responsabilidade religiosa de um pároco.

Um decreto-lei de 11 de Julho de 1822 criou em Portugal 785 municípios e 4086 juntas de paróquia que, mais tarde, vieram a ser chamadas “juntas de freguesia”. Porém, as novas estruturas só se impuseram após as reformas de Mouzinho da Silveira em 1832.

Com a reforma administrativa de 18 de Julho de 1835, surgiu a estrutura civil chamada “Junta de Paróquia”, autonomizada da estrutura eclesiástica, ou paróquia propriamente dita. Os seus limites territoriais, no entanto, eram geralmente coincidentes com a das paróquias eclesiásticas que vinham desde a Idade Média.

A redução do enorme número de municípios que vinha desde a Idade Média foi feita por um decreto de Passos Manuel, em 1836, que liquidou quase metade dos municípios portugueses e os fixou em 351, tendo muitos dos antigos concelhos passado à condição de freguesias. Foi o que aconteceu com Ouguela que, pelo Decreto de 6 de Novembro de 1836, foi extinto como concelho, sendo a freguesia de Nª Sr.ª da Graça de Ouguela anexada ao concelho de Campo Maior.

Com a Lei n.º 621, de 23 de Junho de 1916, as paróquias civis passaram a assumir o nome de freguesias - e as estruturas eclesiásticas a serem designadas como paróquias.

 

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publicado às 09:24


À LAIA DE SAUDAÇÃO ENVIADA PARA ELVAS

por Francisco Galego, em 10.01.17

Aparecem referências a “Jogos com bola” desde a mais alta Antiguidade. Mas eram disputas entre grupos, sem regras estabelecidas e, por isso, degeneravam frequentemente em furiosas zaragatas, razão porque, em certas épocas, principalmente no século XVIII, chegaram a ser proibidos. Não se tratava, portanto, de antecedentes do futebol tal como agora o conhecemos. Na verdade o futebol enquanto desporto organizado, só nasceu na Inglaterra em meados do século XIX. Porém, a sua divulgação foi muito rápida.

Tenho o hábito que não sei muito bem justificar, de me dedicar a arrumar as minhas coisas no início de cada ano. Nessa tarefa, dei com o texto que agora reproduzo. Atrevo-me a dedicá-lo ao meu colega, de profissão e de reforma, Jacinto César, como prova do interesse e consideração com que sigo os interessantes textos que vai publicando. Ele, melhor do que eu, poderá apreciar a descrição que é feita da antiga cidade que tanto preza e que tão empenhadamente divulga. Pareceu-me ser esta a melhor maneira de lhe desejar o melhor ano possível.

O JOGO DA BOLA NA QUINTA DA MITRA

Corria o ano de 1737. Na quinta da Mitra, costumavam, naquele tempo, muitos moços da cidade exercitar-se no jogo da bola, principalmente, quando o sol do Inverno nos dias de santificados alegrava as tardes, fazendo-as mais saudosas.

Em tais dias, em que o povo feriava, muitas famílias procuravam recrear o espírito do enfadamento dos trabalhos da vida, desciam ao formoso rossio de S.Sebastião, por onde formigavam até às horas em que a noite começa a tirar a cor às coisas. Deste lado, o colossal aqueduto e a rotunda capela do Calvário; daquele o alto Gravim e o humilde lugarejo de S. Sebastião; adiante o vetusto alpendre e ermida do Santo Mártir; aqui a secular alameda; além a Horta do Poço (chamada hoje de S. Paulo) e os longos casais que a orlavam; acolá a inexaurível fonte de Cancan, deleitavam-lhe a vista e o ânimo.

Interposta e mais ou menos limitada por estas estâncias, era a virente quinta que o piedoso bispo D. Manuel da Cunha legou à Mitra de Elvas. E, porque as paredes que então a muravam eram pouco altas e o brio dos prelados franqueava a entrada, não poucos dos que passeavam por este largo campo, iam ver os jogadores da bola e paravam em coroa para festejá-los.

Eram quase sempre muitos os parceiros, uns por brinco, outros por aposta que obrigava, as mais das vezes, vencedores e vencidos a fazerem libações ante as próximas aras de Baco.

( Texto publicado no "Arquivo Trantagano" nº 3 (III ano), de 15 de Fevereiro de 1935, com a indicação de o texto ser datado de 20 de Fevereiro de 1737)

 

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publicado às 17:13


6 DE JANEIRO DE 2017

por Francisco Galego, em 05.01.17

Aqui ao lado, os vizinhos espanhóis comemoram “Los Reyes”. É o grande dia de troca de presentes. De certo modo, aquilo que nós fazemos no Natal e que  outros celebram no Ano Novo.

Natal, Ano Novo, Dia dos Reis. Dias de renovação e de esperança.

Dias de sonhar “Utopias”! ...

 “Utopia” significa, literalmente, “um não local”. Na verdade, usa-se para significar que se trata de algo que, não estando em nenhum lado, é algo que não existe. Mas, é também muito verdade que o sentido mais frequente que lhe é dado, é o de algo que não existe, mas que se deseja alcançar. Ou seja, a utopia é sonho e é aspiração. É desejo e é projecto para melhorar o estado das coisas ou a situação que se vive.

A “Utopia” aparece no pensamento de filósofos e poetas, como futuro imaginado, esperança de algo que resolva os problemas do presente.

Mas, haverá, no tempo que vivemos, lugar para a “Utopia”?

Esta evocação levou-me a pensar que um dos problemas deste tempo presente, é que tenha deixado de existir o consolo dos projectos utópicos que nos alimentem a esperança. Pensando bem, o grande problema é que vivemos sem modelo orientador. Vivemos ao sabor dos impulsos. Uns vivem movidos pela ambição. Outros conformados, tentando garantir a melhor maneira de sobreviverem. O pensamento vai dando lugar ao entretenimento. A acomodação conformada vai ocupando o lugar que devia ser o da persistência para cumprir um projecto de vida.

Tenho consciência de que há nisto um pessimismo que pode parecer demasiado radical. Mas, na verdade,  trata-se apenas de um desabafo, fruto de um crescente desencanto.

Por isso, tento reagir e, parafraseando Fernando Pessoa, afirmar: Sem a Utopia (1) o que é o homem mais do que a besta sadia, cadáver adiado que procria?

-------------------------------------

(1) Fernando Pessoa escreveu que O homem é do tamanho do seu sonho.

Realçando a importância do sonho e da utopia,  no seu poema D. Sebastião, Rei de Portugal, escreveu:

Sem a loucura que é o homem

Mais que a besta sadia,

Cadáver adiado que procria?

 

 

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publicado às 23:28

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