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E QUE TAL UMAS FÉRIAS?

por Francisco Galego, em 26.07.16

 

 

FAÇAMOS UMA PAUSA

 

 

SIM, PORQUE, ESTE CALOR

 

 

TIRA A VONTADE DE AGIR.

 

 

ESCREVER SEMPRE

 

TAMBÉM CANSA

 

 

E ABORRECE QUEM

 

COSTUMA LER

 

 

 

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publicado às 09:44


OS CEREAIS NA ECONOMIA CAMPOMAIORENSE

por Francisco Galego, em 25.07.16

António Henriques da Silveira no seu “Racional Discurso sobre a Agricultura e População da Província do Alem-Tejo”, in Memorias Economicas para o adiantamento da Agricultura, das Artes e da Industria Portuguesa, publicada pela Academia das Ciências, tomo I, 1789, colocava entre as terras mais férteis do Alentejo, os “barros vermelhos” de Elvas, de Campo Maior, de Fronteira e de Estremoz. Para além destas povoações cita apenas Olivença, Beja e Serpa como terras com especial aptidão para a cultura dos cereais, principalmente do trigo.

 

Em Campo Maior, até meados do século passado, era significativo o volume da produção de trigo, aveia e cevada. A cultura de legumes era limitada a pequenas extensões em hortas e quintas na proximidade da vila. Os alqueives eram aproveitados para semear em grandes quantidades algumas leguminosas (os grãos, os chicharos e as favas). Tinham também bastante significado na economia local, as produções de vinho e  de azeite.

Contudo, só a produção de trigo era largamente excedentária permitindo a sua exportação em gande escala, para fora do concelho.

Segundo dados de 1823, as condições dos transportes não permitiam levar com facilidade grandes quantidades de mercadorias a grandes distâncias. Apesar disso, muito do trigo produzido no Alentejo chegava até Lisboa. O Tejo e o Sado eram as principais vias para encaminhar os cereais para a capital. São conhecidas as ligações que a vila de Campo Maior mantinha com o porto fluvial de Abrantes. Mesmo num ano difícil como, por razões militares, foi o de 1809, devido às invasões francesas, Campo Maior enviou, no mês de Maio, com destino a Lisboa, 2.742 alqueires de trigo.

O transporte era feito em carros puxados por bestas pertencendo a pessoas que faziam do acarreto de mercadorias a sua principal actividade – os carreteiros. Estes faziam o caminho de Abrantes, transportando o trigo, tanto por sua própria conta, como por conta de particulares. Além de Campo Maior participavam neste comércio, carreteiros de outras terras como Portalegre, Arronches, Veiros, Gáfete, e Vila Viçosa.

 Este comércio de cereais do Alentejo pelo porto de Abrantes manter-se-á até meados do século XX. Segundo uma memória sobre Niza, ocupavam-se regularmente neste transporte de cereais de Campo Maior e de Castelo de Vide para Abrantes, 180 a 200 carreteiros.

Claro que uma boa parte do trigo que partia destas localidades devia provir de Espanha por actividade de contrabando. O contrabando esteve, por natureza, desde sempre ligado ao destino de Campo Maior até que a evolução da História ditou a abolição das fronteiras numa Europa onde a existência das fronteiras tantos problemas causou na relação entre os povos.

 

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publicado às 00:05


AS DEFESAS OU “TERRAS COMUNAIS” DE CAMPO MAIOR (4)

por Francisco Galego, em 22.07.16

IV – As Defesas de Ouguela

 

Ouguela que até 1834 era ainda um concelho gozando de plena autonomia administrativa, tinha também os seus terrenos comunais ou baldios.

Um deles – a Referta – era designada como contenda porque, ultrapassando o seu território para o lado de lá da fronteira com a Espanha, tinha o seu uso de ser partilhado pelas populações de Ouguela e de Albuquerque.

Além desta, havia ainda o baldio da Travessa e o baldio de Nossa Senhora da Enxara. Das terras comunais, estas foram a que mais cedo foram cedidas ao uso privado: do baldio da Travessa foi concessionada uma parcela de um quarto légua em 1821; quanto ao baldio de Nossa Senhora da Enxara, a Câmara propôs, em1825, a sua divisão em pequenos lotes a atribuir em carácter de enfiteuse aos moradores, desde que o rendimento da sua concessão não fosse inferior ao que a Câmara auferia com a venda das pastagens. Mais tarde, quando decidiu torna-se proprietário nesta região, o Barão de Barcelinhos, depois titulado como Visconde de Ouguela, adquiriu muitas destas pequenas propriedades constituindo com elas uma herdade.

 

Hoje quase nada mais resta das antigas defesas que outrora existiram no actual território do concelho de Campo Maior.

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publicado às 00:07

III – As Defesas da Godinha

 

 

Duas outras defesasGodinha de Baixo e Godinha de Cima –ficavam a sudeste, numa região descoberta. Apesar da semelhança da designação, nada tinham de comum com as referidas ao concelho de Elvas.

A defesa da Godinha de Baixo era alugada por três anos como qualquer herdade e o seu locatário conservava para si as suas pastagens. Esta herdade foi cedida, no século XIX, a título definitivo ao seu arrendatário que passou a ter sobre ela direito pleno de propriedade.

A defesa da Godinha de Cima que, segundo o testemunho do corregedor de Elvas, em 1812 tinha cerca de mil hectares de superfície, deu origem a prolongados conflitos na segunda metade do século XVIII.

Até 1775 tinha estado reservada aos bovinos não utilizados no trabalho (geralmente os animais mais jovens e até ao limite de dez cabeças por pessoa). Nela se acolhiam também os cavalos. Só excepcionalmente era cultivada como, por exemplo, no ano de 1705, com o pretexto que de que o número de animais tinha sido muito reduzido por causa da guerra. Como foi dito na provisão de 20 de Junho que tomou essa decisão, “assim se tinha procedido nas guerras passadas e assim se fazia enquanto esta durasse”. Recomeçaria a ser utilizada para o gado em 1748-49, para combater uma praga de gafanhotos.

A partir de 1776 o estatuto da defesa da Godinha de Cima foi muito modificado. Era vendido o direito aos pastos ou seja, o direito de nela colocar bovinos em pastagem. Quatro anos depois, o beneficiário solicitou que lhe fosse concedido o direito de semear doze moios de terra o que lhe foi concedido pela Câmara para um período de três anos, o qual foi alargado para mais seis anos em 1782. A população mantinha apenas o direito de aí poder alimentar os bois e os cavalos não utilizados no trabalho dos campos.

 

Quanto aos baldios da Godinha, a notícia que se transcreve refere claramente como e quando essas terras comunais foram transformadas em pequenas parcelas de apropriação privada:

A DEMOCRACIA, Nº 159, Elvas, 12 de Janeiro de 1871

“A Ex.ma câmara municipal está já procedendo à demarcação e numeração das sortes da Godinha; fez uma distribuição o mais lata possível, de modo que, não só todos os chefes de família serão contemplados com uma sorte de uns 5 alqueires de terra, senão também todos os órfãos de pai e mãe, estejam ou não estabelecidos e vivam ou não em comum ou separados. É imerecida a censura que alguns fazem à câmara por a forma ou o sistema de terra que mais viria a pertencer a cada chefe de família. Contraste-se isto com o honroso procedimento da câmara, cujos membros não quiseram ser contemplados na distribuição das sortes. Louvor à sua abnegação.”

Campo Maior, Janeiro 7. O correspondente: Manuel Rosado Pimpão Junior

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publicado às 00:05


COMO DÓI LER CERTAS VERDADES IRREFUTÁVEIS!...

por Francisco Galego, em 15.07.16

(...) A educação é pautada pela doutrina da sociedade de consumo. Os alunos são orientados para os desejos que a orgia da publicidade fomenta. Paulatinamente, muitos professores foram-se transformando em peões de um sistema sem humanidade. Paulatinamente, aceitaram desincentivar os seus alunos de questionar e discutir causas e razões.

(...) Os sistemas de educação deixam as nossas crianças sem tempo para serem crianças. Porque lhes definimos rotinas e obrigações segundo um modelo de adestramento que ignora funções vitais de crescimento. O ritmo de vida das crianças é brutalmente acelerado segundo o figurino errado de vida que a sociedade utilitarista projecta para elas. Queremos que elas cresçam depressa. A pressa marca tudo e produz ansiedade em todos. Não lhes damos tempo para errar e aprender com os erros, quando o erro e a reflexão sobre ele é essencial para o desenvolvimento dos jovens. É a ditadura duma sociedade eminentemente competitiva e utilitária, mas pobre porque esqueceu a necessidade de formar os seus, também, pelas artes, pela estética e pela música.

Muitos dizem que temos a geração mais preparada de sempre. Mas será que temos? Ou será que temos, tão-só, uma geração com uma relação elevada entre o número dos seus elementos e os graus académicos que obtiveram? E preparada para quê? Para responder ao “mercado” ou para responder às pessoas? É que há uma diferença grande entre qualificar e certificar, preparar e diplomar. (...)

Para ler na íntegra: Santana Castilho, In,  Quando Deus é o mercado e a religião é o dinheiro”. Público, “Opinião”, de13/07/2016.

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publicado às 00:59

A DEFESA DE SÃO PEDRO

 

Localizada a sudoeste da povoação, numa área arborizada e ligeiramente ondulada, era todos os anos dividida em sortes, em partes de um moio de semente, ou seja, de uma dezena de hectares, as quais eram leiloadas e cedidas para serem cultivadas,  pela melhor oferta e nelas se praticava um afolhamento trienal, como nas restantes herdades da região. Este afolhamento não era rigorosamente respeitado, pois uma parte da terra em repouso era utilizada com outras culturas.

Como se vê, o cultivo destas sortes da defesa de São Pedro era feito em regime de exploração privada pelos que tinham conseguido, em leilão, arrematar o direito ao seu uso pelo período que decorria entre uma sementeira e a sua colheita. Era uma prática que nada tinha de trabalho colectivista popular e muito menos de uso comunal.

Depois das ceifas a Câmara vendia os restolhos pela melhor oferta. Mas, mesmo no tempo dos restolhos, uma parte da defesa de São Pedro, estava à disposiçãodos animais dos habitantes da vila.

Era numa parte integrante da Defesa de São Pedro – o Rossio – que a população podia realizar anualmente as suas eiras onde, após as ceifas, se procedia à debulha dos cereais.

 

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publicado às 11:04

I – A Defesa do Carrascal

 

Numerosos documentos aludem às terras comunais de Campo Maior – as defesas do concelho que, segundo documentos antigos, teriam sido estabelecidas no século XIV, reinado de D. Pedro I, para uso comunal da população e para garantia dos recursos necessários à administração pública dos municípios, eram particularmente importantes nas terras raianas que, por razões defensivas, tinham de ser atractivas para a fixação da população.

Segundo Rui Vieira, no caso de Campo Maior, uma das mais antigas referências data do reinado de D. João III, segundo a qual este rei, no ano de 1550, terá autorizado que a Câmara Municipal campomaiorense arrendasse “a Defesa do Carrascal por dois anos, por mil cruzados, por o concelho estar com grande necessidade para a despesa da água e fonte que fazeis e para acabardes as audiências e para se fazer um açougue (…) este último a construir, tal como as Casas da Câmara e das Audiências, na referida Praça Velha”. O mesmo autor refere que “esta defesa do Carrascal, que possuía 20,5 moios de terra, foi comprada à Câmara Municipal de Campo Maior, em 1609, por António da Silva Meneses por 9.250 cruzados (3 contos e setecentos mil réis).”

 Segundo Albert Silbert, uma notícia de 1758 faz referências pormenorizadas ao estatuto e utilização destas terras comunais.

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publicado às 00:10


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