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Aqui se transcrevem textos, documentos e notícias que se referem à vida em Campo Maior ao longo dos tempos
O Borda D´Água informa-me que, se tivessemos continuado a seguir o antigo calendário romano, hoje seria o primeiro dia de Janeiro do Ano Novo, ab urbe conditta, ou seja, o ano 2.769 depois da fundação da cidade de Roma, ou o começo do ano 2.054, no caso de termos conservado a era de César, ou seja o calendário juliano. As coisas que aprendo com este almanaque! Contudo, falha numa coisa: Só indica o começo do Quarto Cerscente para o dia 16, Sábado. Ora eu, olhando para o céu, hoje de manhã, vi que a lua já apresentava uma leve fatia, prenúncio da nova fase que começa.
Aqui, em Campo Maior, as temperaturas estão bastante baixas. Sentímo-lo mais por termos vindo da região de Lisboa. As madrugadas são muito frias. Agrava-se o incómodo porque chove durante a maior parte do tempo. Portanto, dia frio, chuvoso e cinzento , logo propício a um “estado d’álma” tendencialmente depressivo.
Em dias assim, advém uma saudosa lembrança do aconchego quente das brasas nas antigas chaminés e lareiras.
Assim era o dito que fixei desde a minha meninice: Ano novo, vida nova. Tal como me lembro de que, na minha família, se fazia questão de que, cada um de nós, estreasse uma peça de roupa. Podia ser apenas de um modesto par de peúgas. Pouco interessava. O importante era que algo de novo fosse usado. Outro hábito era que, no dia 1 de Janeiro, a primeira pessoa a entrar em casa, fosse um homem. Coisas de uma sociedade que colocava sempre as mulheres em lugar secundário.
Na minha família havia também o hábito de nos reunirmos, em convívio, no jantar de passagem do Ano Velho ao Ano Novo.
O nosso Ano Novo, o do calendário gregoriano, promulgado pelo Papa Gregório XIII, em 24 de Fevereiro de 1582, em substituição do calendário juliano instituido pelo imperador romano Júlio César, 46 anos antes do nascimento de Cristo, conservou a data que, no calendário romano, era considerada o começo de cada ano,. Ora, essa data fora consagrada ao deus romano Janus, daí o nome Janeiro, dado ao primeiro mês. Janus era o deus associado ao começo de todas as coisas e ao início de todas as mudanças. Era associado às portas das casas que delimitam a entrada e a saída do espaço da família. Era representado com uma cabeça de duas faces: Uma ainda jovem, olhando o passado que findara; outra de homem maduro, olhando o futuro que ia começar.
Acho que o dito “Ano Novo, Vida Nova” radica nesse simbolismo.
O MEU VOTO DE QUE O ANO NOVO SEJA UM BOM ANO PARA TODOS NÓS.
Aqui ao lado, os vizinhos espanhóis comemoraram “Los Reyes”. Foi o grande dia de troca de presentes. De certo modo, aquilo que nós fazemos no Natal.
Natal, Ano Novo, Dia dos Reis. Dias de renovação e de esperança.
Na rádio, o locutor acaba de dizer “Utopia”, esclarecendo que significa literalmento “não local”. Na verdade, usa-se para significar que se trata de algo que, não estando em nenhum local, é algo que não existe. Mas, é também muito verdade que o sentido mais frequente que lhe é dado, é de algo que não existe, mas que se deseja alcançar. Ou seja, a utopia é sonho e aspiração, é desejo e projecto para melhorar o estado das coisas ou a situação que se vive.
A “Utopia” aparece no pensamento de filósofos e poetas, como futuro imaginado, esperança de algo que resolva os problemas do presente.
Por isso, esta evocação levou-me a pensar que um dos problemas deste presente é que tenha deixado de existir o consolo dos projectos utópicos que alimentem a esperança. Pensando bem, vive-se sem modelo orientador. Uns vivem movidos pela ambição. Outros conformados, tentando garantir a melhor maneira de sobreviverem. O pensamento vai dando lugar ao entretenimento. A acomodação conformada vai ocupando o lugar que devia ser o da persistência.
Tenho consciência de que há nisto um pessimismo demasiado radical. Enfim... Trata-se apenas de um desabafo, fruto de um crescente desencanto.
“Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente. Para você, desejo o sonho realizado. O amor esperado. A esperança renovada. Para você, desejo todas as cores desta vida. Todas as alegrias que puder sorrir, todas as músicas que puder emocionar. Para você neste novo ano, desejo que os amigos sejam mais cúmplices, que sua família esteja mais unida, que sua vida seja mais bem vivida. Gostaria de lhe desejar tantas coisas. Mas nada seria suficiente para repassar o que realmente desejo a você. Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos. Desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto, rumo à sua felicidade!”
Feliz Ano Novo!
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Receita de Ano Novo dada pelo poeta Carlos Drummond de Andrade
Texto extraído do "Jornal do Brasil", Dezembro/1997.
Dia 1 de Janeiro, primeiro dia do Ano Novo é ano bissexto, segundo o BORDA D’ÁGUA, folheto popular que chegou a ter grande aceitação e que vai estando muito esquecido por não haver quem se interesse pelas previsões e informações que sempre inclui.
Eu, desde há muito que faço questão de comprar. Não sei explicar porquê. Talvez por gostar do grafismo antiquado. E também por persistir em continuar, embora tenha desaparecido a clientela de gente ligada à vida rural, aos trabalhos do campo, para a qual foi pensado, há 87 anos quando pela primeira vez foi publicado.
Para mim, é questão assente: procuro sempre comprar este muito simpático Verdadeiro Almanaque; Repertório útil a toda a gente; Contendo todos os dados astronómicos e religiosos e muitas indicações úteis de interesse geral.
Na capa temos o Calendário para 2016. Indica que foi publicado pela EDITORIAL MINERVA, em Lisboa e que o seu preço é de 2,10 euros, (IVA incluído).
O mês de Janeiro aparece com um ingénuo ditado popular muito ligado aos antigos hábitos da vida rural:
Quem em Janeiro lavrar, tem sete pães para o jantar
Para o dia de hoje, o primeiro do ano, informa que este dia é feriado nacional, dia consagrado à Solenidade de Santa Maria, Dia Mundial da Paz e também o primeiro dia do ano 2.672 da era japonesa.
Mais informa que o sol nasceu às 7 h e 55m e o seu ocaso será às 17h e 26m. Neste mês de Janeiro, cada dia aumentará 42 minutos na cidade de Lisboa e 46m na ciade do Porto.
Segue-se ainda o Oráculo de Janeiro para as mulheres e para os homens, e as previsões da Astrologia para este mês. Depois, termina com conselhos para AGRICULTURA – JARDINAGEM – ANIMAIS, indicando o que se deve semear, os trabalhos que devem ser feitos nos campos e nos jardins, os cuidados de vacinação dos animais.
Digam-me onde é que poderíamos encontrar tanta e tão diversicada informação, por tão baixo custo?
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