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CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS...

por Francisco Galego, em 25.11.15

Não há muito tempo, tive conhecimento de uma entrevista feita a um daqueles empresários, cada vez mais raros, que subiram na vida pela clarividência da sua inteligência e à custa do seu empenhado esforço.

Embora não consiga reproduzir as suas palavras, as suas ideias pareceram-me tão pertinentes, certas e adequadas que as consigo reproduzir.

Em linhas muito gerais, a certa altura, tendo-lhe sido perguntada a sua opinão sobre as questões políticas do momento presente, expressou o seguinte:

                - Se não tivesse tido a sorte de vencer na vida, se tivesse continuado a ser o operário que fora no início, a receber um salário tão baixo como o que então ganhava, hoje seria um empenhado sindicalista, promovendo e fazendo greves para tentar melhorar as suas condições de vida;

                - Mas, se estivesse desempregado, estaria completamente desesperado e seria, provavelmente, capaz de cometer actos de violência contra a ordem estabelecida.

                Por isso, enquanto empresário, procurava pagar com justiça e tratar com humanidade, por entender que essa era a maneira mais segura de garantir a estabilidade e o sucesso dos seus negócios.

Sendo homem de curta instrução escolar, este homem, no meu entender, revelou ser homem de grande sabedoria.

 

Chegam-nos continuamente notícias de preocupantes acontecimentos que colocam em risco a nossa segurança.

São muitos os que falam das maneiras para atacar as graves consequências sociais desses acontecimentos e é certo que é preciso vigiar, acudir e remediar os efeitos dos actos de terror que ameaçam a nossa segurança.

Mas, são tão poucos os que se empenham em analisar e eliminar as causas que os geraram para evitar que se reproduzam e se agravem no futuro! ...

 

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publicado às 19:37


OPINIÃO E RAZÃO ...

por Francisco Galego, em 21.11.15

É triste, mesmo muito triste, constatar que, pessoas com uma considerável formação que devia implicar uma elevada capacidade de descernimento, desistem completamente de usar a sua razão para estruturarem o seu pensamento.

Assim, em vez de usarem argumentos que resultem de uma reflexão séria e fundamentada, recorrem a preconceitos e opiniões baseados nas suas opções ideológicas e partidárias.

É de lamentar que assim seja, pois que, quando se trata de questões políticas, tal atitude torna impossível desenvolver diálogos e negociações de que resultem consensos. Ora, os consensos são absolutamente necessários quando se trata de criar condições de entendimento numa sociedade que se caracteriza pela diversidade dos interesses, das opiniões e das vontades.

A diversidade das opiniões resulta do carácter social da política. Por isso, numa sociedade democrática, as decisões não podem, nem devem ser tomadas por imposição de certas pessoas ou de certos grupos. Devem resultar da vontade expressa segundo as regras expressas em leis, definidas pela estrutura fundamental das sociedades organizadas que é o Estado. Daí a vantagem de negociar para se obterem os consensos mais alargados que for possível. Só assim se poderá salvaguardar a defesa dos direitos e a segurança dos individuos, garantindo a harmonia da sua vida em sociedade.

Mas, há muito pior do que os que intervêm sem razoabilidade. E, infelizmente, isso chega a acontecer com alguns dos que ocupam cargos políticos ao mais alto nível de responsabilidade. São os que passam do confronto da ideias para o recurso aos ataques pessoais, os que ofendem e o que recorrem à depreciação das pessoas que se colocam como seus opositores e adversários.

E, ainda há pior, sobretudo, nos meios de comunicação,como as designadas "redes sociais", onde se tem um modo acessível de intervenção, tantas vezes ao abrigo de anonimato. Que fazer nesta situação em que, cada vez mais gente, sem princípios e sem pudor, exibe a sua ordinarice e violenta má-educação?

 

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publicado às 14:11


DA CLARIFICAÇÃO DAS RAZÕES...

por Francisco Galego, em 18.11.15

Tentando entender porque se levantou tanto alarido acerca de algumas questões que tanto têm agitado a nossa situação política, procurei analisar algumas questões  acerca da constituição de um novo governo:

- Segundo a Constituição da República Portuguesa, o Senhor Presidente da República, ouvidos os partidos, deve convidar a formar governo o lider do partido ou coligação que obteve maior votação.

E foi isso que foi feito.

- Depois, formado o novo governo este deve elaborar um programa que apresenta à Assembleia da República a qual, após analisar e discutir, o aprova ou rejeita.

E isso também foi feito.

- Cabe ao Presidente da República encontrar novas soluções, de acordo com o que está definido na Constituição.

E é isso que está em vias de ser feito.

Contudo, levantam-se problemas que não consigo entender, face ao que está determinado na lei fundamental, como é próprio de um estado democrático.

Argumentam alguns que não foi respeitada a tradição. Provavelmente, não foi. Mas, isso não determina a ilegitimidade de outras soluções que sejam encontradas dentro do que está constitucionalmente defenido. Argumentar contrapondo a Tradição à Lei é negar a essência fundamental de Estado Democrático.

Para encontrarmos uma situação semelhante teríamos de recuar até à constituição dos governos liderados por Salazar desde 28 de Maio de 1926 até à aprovação de nova constitução em 1933, base jurídica do Estado Corporativo. Mas, a situação era completamente diferente. Salazar fora constituido como lider de um projecto político que, por golpe de Estado, assumira a ruptura com o estado de base democrática. O modelo assumido entendia que a Nação, seu conceito ideológico fundamental, determinava a Lei, a Ordem e o próprio Estado.

Talvez seja erro meu, mas confesso que me parece existir uma incómoda semelhança entre os conceitos de Tradição e de Nação, quando, em determinados contextos, se tentam constituir como fonte de legitimidade, sobretudo numa situação de Estado Democrático,  em que a única base de legitimidade deve ser o que está expresso na Constituição.

Não me parece que seja  uma mudança de modelo político que defendem  os que hoje levantam semelhante questão, pois que, se assim fosse, estariam a negar a legitimidade democrática dos cargos que já ocuparam ou que virão ainda a ocupar.

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publicado às 11:45


DA MINHA PERPLEXIDADE...

por Francisco Galego, em 15.11.15

Terminado um trabalho em que andava ocupado há muito tempo, de repente, achei-me sem nada em que me ocupar. Confesso que me sinto algo incomodado. Por isso, resolvi actualizar-me acompanhando com maior atenção os factos que estão a decorrer na política nacional. Claro que estou a iniciar um caminho muito diferente do que estou habituado a percorrer. O meu terreno habitual tem mais a ver com o passado, embora procure ir tendo ideia do que vai ocorrendo no presente.

A primeira constatação que fiz foi a de que há hoje uma diversidade e uma torrente contínua e tão grande de informações que se torna difícil criar uma metodologia de abordagem que nos oriente no meio de tantas e tão desencontradas propostas e explicações.

Neste momento estou ainda numa fase de perplexidade. Embora me tivesse apercebido de que certas mudanças estavam a acontecer, dou agora conta da ineludível e brutal realidade em que, para certos centros de opinião, se foi transformando o debate político. Alguns, numa atitude de “vale tudo”, adoptam tácticas com recurso a todos os meios que se têm por mais eficazes para garantir a vitória, rejeitando as estratégias traçadas para se atingirem os objectivos, respeitando as regras estabelecidas.

O que os meios de comunicação continuamente nos debitam, já pouco tem de esclarecimento que possa servir como ponto de análise do debate democrático. Há sectores da sociedade que adoptam como atitude, usar instrumentos de luta como o recurso à difamação, ao ataque pessoal, à calúnia, procurando anular a credibilidade, a integridade moral e cívica dos seus adversários.

Claro que isto não é novidade para quem tem alguns conhecimentos de História. Basta recuarmos cerca de um século para encontrarmos situações com traços semelhantes ao que agora está a acontecer. Mas, isso leva-nos a perceber que, quando as regras dão lugar aos truques mais ou menos habilidosos, isso indica que estamos perante períodos de ruptura e de decadência que anunciam a necessidade de grandes mudanças.

Por vezes, chega-se a ponto que, em muitos casos, o confronto quebra todas as regras do respeito mútuo e da boa educação e se entra no campo da subversão da ordem e da legalidade. Ora, para mim, isto já não é política. Ou, melhor dizendo, já não é a política, tal como eu a entendo.

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publicado às 08:30


ADEUS “DE CAMPO MAIOR” !!!

por Francisco Galego, em 12.11.15

Como tem sido anunciado, aproxima-se o fim da publicação de textos naquele que, não sendo o blogue mais antigo, “de e para” esta comunidade, foi, segundo minha convicção, um dos que se publicou durante mais tempo, com maior volume, maior interesse e qualidade de escrita, focando temas e questões da vida local.

Sem preocupações de rigor, resolvi fazer uma rápida análise procurando recolher algumas informações que me permitissem traçar um breve perfil da sua publicação:

- Publicou-se desde 2008; os textos mais antigos que encontrei, remontam ao início do mês de Agosto desse ano;

- Focado, como intencionalmente se intitulava sobre as questões do “viver em Campo Maior”, privilegiou a análise de assuntos, temas e preocupações da vida local, analisados por perspectivas muito diversas como: Questões ecológicas; aspectos da sociedade, da economia, da vida cultural, da educação, da política e do poder autárquico;

- Ao longo da sua publicação manteve o anonimato, recorrendo por vezes a heterónimos, alguns dos quais sugeriam uma escrita no feminino;

- Foi durante um tempo bastante longo, uma forte referência da cultura local. Mas, com o advento de outras sugestões mais “vulgarizáveis”, foi declinando, até agora, quando chegou o momento de anunciar a paragem da sua produção.

Dito isto, não interessa dizer “circunstanciadamente” que é pena, porque era, naturalmente, expectável.

Mas, constitui uma indesmentível prova de que haverá um empobrecimento da vida cultural local com o desaparecimento do “De Campo Maior”.

Por aqui, neste “Além Caia”, por enquanto, a opção é continuar. Provavelmente, não por empenho de comunicador, mas pelo prazer da escrita. Pois não há grande convicção de que, a comunicação produzida, encontre significativo interesse em muitos receptores.

Com pena e com inconformada aceitação, aqui fica o sentido adeus ao estimável parceiro que foi o “DE CAMPO MAIOR”.

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publicado às 11:48


RESPONDENDO ...

por Francisco Galego, em 10.11.15

Começo por dizer ao leitor (ou leitora) que discordou de algumas das ideias  do meu texto anterior, que terá sido culpa minha não ter sabido explicitar  claramente o que penso acerca do tema em questão.

Já quanto à sua afirmação de que considera injusta e pouco esclarecida a minha afirmação de que a política do anterior governo, consistiu fundamentalmente em processos de regressão, invocando como prova disso o alargamento dos exames como forma de implementar uma maior qualidade do ensino, quero esclarecer que considero que esse foi um dos mais gravosos motivos dessa regressão, baseando-me, entre outros aspectos, nos seguintes:

- Focar as questões da educação escolar nos exames, tende a transformar os professores em treinadores para garantirem bons resultados em termos de conhecimentos específicos;

- Quanto mais os exames forem introduzidos nos níveis etários mais baixos da educação escolar, mais se desviam os professores da sua função de educadores, tendendo a reduzí-los à mera função de instrutores.

Ora, como entendo que três vectores devem orientar a educação escolar - Instrução; Educação; Formação -, para que haja progressividade  desde o saber aprender a aprender, para o saber ser e para o saber agir, essa progressividade deve ser acompanhada de processos de avaliação contínua e continuada que, sem excluir os exames, acompanhem o desenvolvimento dos alunos.

A visão dos exames como o processo que avalia com rigor os conhecimentos, é muito limitativa e muito pouco adequada às verdadeiras finalidades da educação.

Aqueles que tanto propalaram os erros e deficiências daquilo que designaram como o "eduquês" - sem com isto negar que tenha havido desvios e exageros a exigirem correcção -, cairam em exageros regressivos que apetece designar como o "examinês" do qual resulta que se pretenda apenas medir o que o aluno sabe, sem tomar em consideração aquilo em que se está a tornar e aquilo que vai ser capaz de fazer e realizar como ser social.

Focar as questões da educação escolar nos exames, terá como resultado seleccionar os alunos por classes, determinando assim que terão melhores oportunidades educativas os mais dotados e os mais privilegiados em termos de recursos, condenando ao fracasso os que mais necessitam de reforços educativos que compensem as suas dificuldades de forma a evoluirem até níveis razoáveis de formação. Só assim se podem garantir condições aceitáveis de sobrevivência nas sociedades tecnologicamente evoluidas para que estamos a evoluir.

Evidentemente que nada disto pressupôe a exclusão do recurso a exames. Há situações em que eles são o instrumento mais adequado para avaliar o grau de conhecimento e de aptidões  resultantes da educação escolar. O mal está em constituí-los como instrumento único ou privilegiado dessa avaliação.

 

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publicado às 09:04


DA EDUCAÇÃO ...

por Francisco Galego, em 05.11.15

A educação foi sempre um sector complicado de gerir politicamente. Os governos, provavelmente por falta de estudos ponderados geradores de consensos, optaram pelas soluções mais adequadas às opções preponderantes dos que tinham o poder de tomar decisões, mas inaquadas para responderem às necessidades reais da educação.

Os últimos anos foram particularmente demontrativos da falta de um projecto esclarecido e bem definido para os problemas da educação. A solução de um problema, raramente está em regredir nos procesos em curso, mas na procura de novas soluções. Ora, em muitos aspectos, a política educativa do anterior governo, consistiu fundamentalmente em processos de regressão.

Na tese de doutoramento apresentada, em 1986 , na “Faculté de Psychologie et de Sciences de l´Education de Genève, publicada, em versão integral, pelo Instituto Nacional de Investigação Científica, Lisboa,  1987,  António Nóvoa usou o titulo muito significativo  “Le temps des professeurs: analyse socio-historique de la profession enseignante au Portugal: XVIII-XX siècle", para sublinhar a crescente importância e complexidade da educação escolar nas sociedades modernas.

Como agentes educativos de importância cada mais relevante, os professores e as escolas têm de estar em concordância com as necessidades educativas e com as circunstâncias em que se desenvolve a sua acção. Para isso, têm estar muito atentos e serem muito esclarecidos sobre o modo como devem definir a sua missão que, no essencial, parece dever ser estruturada, segundo três vectores:

- O da instrução que conduz ao conhecimento;

- O da educação que, modelando atitudes e comportamentos, forma o carácter;

- O da aquisição de competências que dotam da capacidade de agir com eficácia, enquanto cidadãos e na sua vida profissional.

Por outro lado, os professores na escola e os pais na família, devem ter consciência plena de que as suas funções não são, nem diferentes, nem separadas e muito menos divergentes. São complementares, pois concorrem para o mesmo objectivo que é a educação.

Aos governos compete, não apenas a imposição de regras, mas a gestão dos recursos disponíveis, a definição dos objectivos, a avaliação dos resultados e a criação das condições que possam melhor assegurar a resposta às necessidades da sociedade, em termos de educação.

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publicado às 00:29


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