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FAMA E PRESTÍGIO

por Francisco Galego, em 14.05.15

 

A fama é ser conhecido. É, geralmente, efémera. Garante notoriedade no presente. Mas não se projecta como memória no futuro.

O prestígio é um modo persistente e progressivo de se ser considerado e tende a persistir como memória para além do presente.

 

 A fama resulta muitas vezes de se ser muito falado ou muito mostrado. Umas vezes por boas e, muitas outras, por não muito boas razões.

O prestígio ganha-se pelo empenho, pela competência e pela eficácia demonstrada, nas atitudes e no modo como se desempenharam determinadas missões.

 

A fama pode resultar da riqueza que se tem, independentemente da maneira como foi adquirida.

O prestígio só se adquire pelo cuidado que se tem em não ostentar essa riqueza e nele pesa o modo como essa riqueza foi adquirida.

 

A fama tanto pode resultar do Bem como do Mal que se fez.

Mas só das acções virtuosas pode resultar o prestígio de quem as praticou.

 

É importante saber distinguir estes dois conceitos quando se trata de avaliar as pessoas.

Para nós, portugueses, no momento que vivemos, é mesmo importantíssimo saber distinguir entre fama e prestígio, agora que estamos à beira de escolher os que vão ter a responsabilidade de gerirem o nosso país, ao mais alto nível: No Governo, na Assembleia da República e na Presidência da República.

Todos se vão apresentar munidos de elaborados discursos. Mas, todos eles deverão ser avaliados mais  pelo prestígio e menos pela fama de que disfrutam.

Porque neles, o que mais nos deve importar, tem a ver com a sua seriedade, a sua capacidade, o seu empenho, a sua disponibilidade e a sua competência. E não por serem mais ou menos conhecidos, por mais falados ou mais mostrados que tenham sido.

- "Ó glória de mandar! Ó vã cobiça

Desta vaidade, a quem chamamos Fama!

Ó fraudulento gosto, que se atiça

C'uma aura popular, que honra se chama!

Que castigo tamanho e que justiça

Fazes no peito vão que muito te ama!

Que mortes, que perigos, que tormentas,

Que crueldades neles experimentas!

 

Luís de Camões, Os Lusíadas, Canto IV, 95

 

 

 

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