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AS FESTAS DO POVO DE CAMPO MAIOR – I

por Francisco Galego, em 26.01.15
  1. AS REMOTAS ORIGENS – Festas em Honra de S. João Baptista

           

 

Não é fácil demarcar com rigor a data de começo das Festas do Povo de Campo Maior. Sobre as Festas de Campo Maior, as fontes mais antigas apontam para uma origem ligada ao culto de São João Baptista, o santo patrono que figurava no seu antigo brasão. Todos os anos, no dia 28 de Outubro, realizava-se uma missa solene seguida de uma procissão em honra de São João Baptista. Esta data celebrava o fim do Sítio de 1712, em que a vila estivera na eminência de se render por falta de condições para continuar a resistir ao terrível poder de fogo dos invasores. A maneira como, as tropas espanholas sitiantes, tinham inesperadamente retirado quando a vila já estava praticamente vencida, foi considerada um milagre atribuído à divina intervenção, por interferência de São João Baptista, Patrono e Protector de Campo Maior. Daí que o dia ficasse assinalado como feriado municipal e se decidisse que, nesse dia, se fizessem festejos em honra do Santo Precursor de Jesus Cristo.

Esta tradição foi mantida, mas com interrupções mais ou menos longas em períodos de grandes crises como a Guerra Peninsular, no início do século XIX, a Revolução Liberalista de 1820 e as guerras civis entre absolutistas e liberalistas que se sucederam até meados desse século. Quase no final do século, com a pacificação da sociedade portuguesa, a tradição foi retomada. Mas, devido à instabilidade meteorológica do mês de Outubro, as Festas foram recuadas para o mês de Setembro.

 

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publicado às 17:36


ANO VELHO / ANO NOVO

por Francisco Galego, em 26.01.15

Recomeça…

Se puderes

Sem angústia

E sem pressa.

E os passos que deres,

Nesse caminho duro

Do futuro

Dá-os em liberdade.

Enquanto não alcances

Não descanses.

De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,

Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.

Sempre a sonhar e vendo

O logro da aventura.

És homem, não te esqueças!

Só é tua a loucura

Onde, com lucidez, te reconheças…

 

 

Miguel Torga

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publicado às 08:08


O QUE OS OUTROS DISSERAM ...

por Francisco Galego, em 23.01.15

Exibindo Portada libro Ouguela.JPG

 

 

miércoles, 21 de enero de 2015

 

A ANTIGA VILA DE OUGUELA

Elaboración: Francisco Galego.

Edita: Municipio de Campo Maior. Campo Maior, 2014. 149 páginas.

 

Ouguela, pequeña población del concelho de Campo Maior, enclavada en el borde central de la Raya hispano-portuguesa, ha desempeñado a lo largo de la historia un papel decisivo en la fijación de la frontera y su defensa. Situada a la vista de Alburquerque y ligeramente al noroeste de Badajoz, constituye un primer escudo defensivo contra las anteriores poblaciones españolas, junto a Arronches al norte y Campo Maior, Elvas y Juromenha hacia el sur, que se prolonga en la Olivença portuguesa. De ahí la importancia en todas ellas de sus castillos medievales y en la Edad Moderna de sus fortificaciones abaluartadas.

Francisco Galego, reputado historiador campomaiorense, ha querido rescatar su papel a lo largo de la historia con el libro que ahora nos ofrece: A Antiga Vila de Ouguela. Elementos para a sua história, que edita el Municipio de Campo Maior, con el patrocinio de Cafés Delta.

Ya anteriormente el profesor Galego nos había dado obras de indudable interés sobre Campo Maior y su entorno, referidas a nuestros frecuentes conflictos de los siglos XVIII y XIX, como: Uma celebração maior em Campo Maior. O cerco de 1811, en que rescata una importante bibliografía y documentos referidos a este conflicto peninsular, elaborando una cronología de gran utilidad desde 1801 a 1812. Igualmente, un año después nos entregaba su 3º Centenário do Sítio de 1712. Um episódio da Guerra da Sucessão de Espanha em Campo Maior, también antología de textos y documentos, más cronología de la Guerra de Sucesión española de 1703 a 1713, en que de nuevo el entorno de Badajoz-Elvas-Campo Maior cobra especial protagonismo.

También en 2012 publicaba en la Revista transfronteriza “O Pelourinho”, de la Diputación de Badajoz, sus Notas de leitura cronológicamente organizadas sobre Campo Maior como praça de guerra, que van desde el siglo XIII hasta finales del XX, en un esfuerzo de síntesis que lo convierte en obra de consulta de gran utilidad para fijar ideas sobre los conflictos de este entorno transfronterizo en la “línea caliente” Madrid-Lisboa.

La obra que ahora se edita fija su atención en esta población tan significativa en la historia medieval y moderna, que hoy apenas llega al centenar de habitantes, pero que conserva en gran parte los elementos patrimoniales de su pasado trascendente en los conflictos de frontera: el recinto medieval, con sus cortinas de murallas y torreones; los refuerzos abaluartados, formados por un espléndido hornabeque de defensa orientado hacia la población exterior, un semibaluarte de protección en la entrada, profundo foso perimetral, camino cubierto, parapeto y plazas de armas exteriores, así como Casa del Gobernador, amplísima cisterna y horno comunal interior.

Francisco Galego divide su obra en seis capítulos, siendo el primero una introducción a la importancia de Ouguela. El segundo, un ensayo monográfico, geohistórico, sobre la población y el castillo, estableciendo su cronología desde el siglo XIII (Ouguela pasó a integrarse en el dominio portugués por el Tratado de Alcañices, de 12 de septiembre de 1297, bajo el reinado de D. Dinis) hasta 2014 en que se inaugura la restauración de la Casa del Gobernador, dirigida por el técnico elvense José Kuski Vieira.

El tercer capítulo -y más amplio- se compone de unas variadas “Notas de leitura”, diecinueve en total, en que rescata textos que nos permiten conocer los avatares de esta población tan significativa en la Raya. Van desde crónicas del siglo XVII (“Monarchia Lusytana”, de Fr. Francisco Brandão) a textos contemporáneos que circulan por internet de manera dispersa, pasando por los episodios fundamentales de su historia. Se detiene en trabajos fundamentales como la presencia de Ouguela en el Livro das Fortalezas, de Duarte Darmas (reproduciendo la planta y dos vistas panorámicas que en él se contienen de la población a comienzos del siglo XVI), los trabajos de fortificación allí y en el entorno del ingeniero militar del siglo XVII Nicolau de Langres, o la presencia e influencia del Visconde de Ouguela, en el siglo XIX, así como referencia a las importantes atalayas de los alrededores.

El capítulo cuarto nos presenta diversas fotografías, grabados y planos históricos de Ouguela y sus atalayas, que reflejan la importancia del patrimonio histórico-artístico heredado. El quinto capítulo son las referencias bibliográficas del estudio, así como el sexto los “sitios” de internet con documentación complementaria, de los que también se ha servido el historiador para su trabajo.

Un estudio, por tanto, muy útil para comprender las relaciones históricas del espacio transfronterizo en general, el alentejano-extremeño en particular y el de un enclave tan decisivo en el corredor Madrid-Lisboa -a la altura de ese escudo con que Badajoz se encontraba hacia el oeste-, tan reforzado especialmente en la Edad Moderna, y cuyo legado es hoy elemento de alto valor cultural.

 

MOISÉS CAYETANO ROSADO, In http://moisescayetanorosado.blogspot.pt/2015/01/a-antiga-vila-de-ouguela-elaboracion.html

 

 

 

 

 

 

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publicado às 13:14


AINDA SOBRE OUGUELA

por Francisco Galego, em 18.01.15

 

NA APRESENTAÇÃO DO LIVRO – “A ANTIGA VILA DE OUGUELA”

(16 DE JANEIRO DE 2015)

O livro que aqui apresento tem o título de “A Antiga Vila de Ouguela – Elementos para a sua História”. Trata-se de uma monografia, na qual procurei reunir as informações disponíveis que me pareceram importantes e úteis para revelar o passado desta povoação que, sendo de facto bastante pequena, é contudo muito importante para entendermos o passado do concelho de Campo Maior.

De certo modo, a razão que me levou a elaborar este pequeno livro, foi determinada pela minha vontade de contribuir para dar sentido à decisão de se levar a efeito a restauração de um edifício que tanto poderá contribuir para a valorização deste nosso concelho – a chamada Casa do Governador.  

Sendo evidente que não disponho nem do poder político para decidir, nem de poder económico para tornar efectivas as decisões, tinha de recorrer ao único poder que a vida que eu escolhi, me propiciou: a capacidade de recolher informações, de lhes dar sentido e de dar a conhecer aos outros os sentidos que nelas vou descobrindo.

Faço-o na esperança de que os que podem decidir e os que podem viabilizar essas decisões, queiram aproveitar da melhor maneira este meu modesto contributo. Por isso, aqui venho apresentar-vos este livrinho que é um testemunho construído com a finalidade de que, enquanto objecto cultural, possa servir de apoio a outras finalidades.

Falando do que é cultural, convém colocar duas perguntas a que vou tentar responder dizendo o que penso sobre esta questão:

- Mas, afinal, o que é a cultura?

- Será que devemos prestar uma atenção cada vez maior às questões culturais?

Alguns resolvem a questão com uma frase – que, no meu entender, levanta muitas objecções – dizendo: “Tudo é cultura!”.

E, com isso dão-se por satisfeitos, sem perceberem que assim, incluem no conceito de cultura tudo o que não se pode, nem se deve considerar como tal. Com base nesta presunção, muitos dos eventos que se apresentam como sendo culturais, não passam de entretenimentos que implicam elevados gastos, garantindo pouco ou nenhum retorno em termos de cultura porque, entretêm, implicando elevados recursos, sem garantirem Instrução, Formação e Educação aos que neles participam. Ora, o meu conceito de cultura implica, os três aspectos estruturantes da personalidade humana – INSTRUÇÃO, FORMAÇÃO e EDUCAÇÃO – porque, pela Instrução tornamo-nos mais sabedores, pela Formação tornamo-nos mais competentes e pela Educação aferimos os nossos comportamentos, modelando aquilo que designamos como o nosso carácter.

A cultura pode e deve ser definida como aquilo que resiste ao tempo, perdurando como memória. E isto, nada tem a ver com o facto de as acções terem um carácter mais erudito, ou um carácter mais popular. Porque, tal como certas manifestações que se apresentam como muito eruditas podem ser muito pobres nos seus efeitos culturais, há manifestações de carácter acentuadamente popular que se transformam em cultura e património porque não são apenas efémero entretenimento. Como ilustração do que afirmo, veja-se o caso das “Saias” e das “Festas do Povo”, duas manifestações da cultura popular da nossa terra e que constituem elementos valiosíssimos do nosso património cultural. Assim é, porque a cultura, sobretudo na sua feição histórica, favorece o desenvolvimento e testemunha a evolução. Por isso, só ela nos dota da capacidade de compreendermos as razões das coisas que vão acontecendo e nos torna aptos para melhor atingirmos os objectivos que nos propomos alcançar.

Um povo que não conhece o seu passado e que só cuida de remediar o seu presente, não está a garantir o seu futuro.

Acontece que, ao contrário do que alguns pensam, vivemos numa sociedade que tende a valorizar cada vez mais os produtos com valor cultural porque, é a mais-valia cultural de certas coisas que motiva as pessoas a deslocarem-se, pelo interesse que têm em conhecê-las. Daí que a cultura seja um dos principais factores de incremento do turismo. E o turismo é uma actividade que tende a alcançar um interesse económico cada vez mais significativo nas futuras sociedades humanas. Por isso, devemos entender a preservação e a consolidação do património como uma das bases da sustentabilidade e do desenvolvimento da economia.

Qualquer decisor político, bem informado tem isto como evidente.

Dito isto, vamos então à razão que aqui nos juntou: Apresentar este livrinho que se propõe informar sobre o passado de Ouguela, começando por explicar a perspectiva e os objectivos que orientaram a sua elaboração.

Entre os obreiros do conhecimento da História, há uma grande diversidade de perspectivas, de atitudes e de objectivos. Logo, é natural, é útil e é apropriado, definirmos aquela em que nos colocamos. Porque, quando não há uma definição e uma ideia concreta da maneira como nos colocamos perante o saber histórico, podemos, não conseguir resultados seguros e aceitáveis e, assim, não contribuímos de forma útil para o seu conhecimento.

Por isso, se o conhecimento histórico vai sendo revelado pelos que se empenham na descoberta dos testemunhos do passado, para que se possam elaborar as explicações a partir das quais podemos ir tecendo um conhecimento fundamentado que mostre os aspectos, as fases e os episódios duma evolução, ele vai sendo revelado pelos que assumem a função de, a partir da aquisição desse conhecimento, divulgarem e fazerem entender esse ramo do saber a que chamamos a História.

Por outro lado, sendo evidente que, no estudo da História nunca se consegue ser exaustivo, então devemos procurar progredir e tentar alcançar o máximo possível de perfeição. Por isso, entendo que, no conhecimento da História, devemos procurar ter em consideração, três linhas fundamentais de orientação:

- A perspicácia na formulação de hipóteses de explicação;

- O rigor na procura e na verificação da veracidade dos testemunhos e das provas

que vamos encontrando;

- A credibilidade e a clareza na apresentação e na explicação dos resultados

obtidos.

Porque tomo muito a sério esta questão, quero definir, da maneira mais clara e precisa que me for possível, como me situo perante o conhecimento da História.

Em primeiro lugar, fui durante a maior parte da minha vida, por inclinação, por gosto e por formação, um estudioso da História.

Depois – porque me tornei professor – entendi que teria de me esforçar por aprofundar continuamente os meus conhecimentos, para me tornar um facilitador da aquisição do saber da História àqueles que me cabia orientar, para os dotar das competências que lhes facilitassem a aquisição deste tipo de saber.

 

Pois bem: No fundo, este livro é apenas mais uma manifestação daquilo que escolhi fazer ao longo da minha vida: aprender História para facilitar aos outros, a aquisição deste conhecimento que considero tão importante para a compreensão da nossa própria vida. Com este livrinho pretendo facilitar o conhecimento do passado de uma pequena vila que, ainda que tenha sido sempre de pequena dimensão, desempenhou, ao longo dos séculos, uma função importante na defesa do país a que pertencemos. Se compreendermos lucidamente este seu passado de verdadeira sentinela da fronteira, estaremos mais aptos a compreender a importância de a preservarmos no presente, garantirmos o seu futuro e de não a condenarmos à degradação e ao esquecimento.

Pensar que o desaparecimento será o futuro inevitável da pequena vila de Ouguela, revela apenas ignorância e incompetência dos que deviam ter como função encontrar as soluções mais adequadas. Porque, quem não sabe preservar e valorizar o património deixado pelas gerações passadas, prova não estar apto para gerir agora o património que é preciso valorizar e conservar para as gerações futuras.

No fundo é disso que estamos a cuidar, nós os que, aqui e agora, estamos reunidos para, com este livro, celebrar a preservação do património e da memória histórica de Ouguela. É errado considerar que os actos de preservação do património devem ser tomados como acções abusivas de gasto dos nossos recursos. Porque, se bem projectados e executados segundo objectivos bem definidos, eles são investimentos ponderados e seguros para que se possam encontrar formas de garantir o futuro das povoações, mesmo das que, sendo pequenas, encerram elementos históricos muito antigos e significativos.

Para melhor entendermos esta questão, talvez convenha tentarmos compreender algumas das razões que, noutros tempos, levaram ao abandono de tantos elementos importantes do nosso património.

No caso de Ouguela e de Campo Maior, uma vez perdida a sua função defensiva em meados do século XIX, as fortificações tornaram-se elementos inúteis e sem valor para as autoridades locais.

Uma certa concepção dominante na ideologia liberalista que se foi impondo ao longo do século XIX e que se projectou na primeira metade do século XX, levou à convicção de que havia que abandonar o passado – considerado ultrapassado e aberrante – para que pudesse emergir o luminoso progresso, considerado a base de todas a mudanças, de todas as esperanças e da resolução de todos os problemas. Por isso, os vestígios desse passado deviam ser ignorados ou mesmo eliminados para que não obstassem a que o progresso se fosse realizando.

Em Campo Maior, temos como exemplos desta convicção, a destruição das muralhas para rasgar novas ruas e avenidas, a destruição da Porta de São Pedro e a alienação por venda aos particulares de seis dos dez baluartes que faziam de Campo Maior uma das mais importantes praças de guerra para a defesa das nossas fronteiras.

Os antigos monumentos viram-se condenados ao desleixo, ao derrube, à ocupação, à alteração, à adulteração, à espoliação e à supressão de algumas das suas características ou partes essenciais.

Mas, mesmo nesse tempo, como acontece em todos os tempos e em todos os lugares, nem todos sofriam da mesma miopia política e cegueira cultural. Havia homens esclarecidos. Contudo, os homens com poder de decisão, não tinham a preocupação de os ouvirem, sendo que alguns, nem mesmo tinham inteligência e cultura suficiente para os entenderem.

João Dubraz, um grande escritor nosso conterrâneo, infelizmente ainda muito pouco conhecido, escrevia no ano de 1869, referindo-se ao abandono em que estava o castelo de Campo Maior, há cerca de 150 anos:

Que governos são os nossos, tão avessos aos monumentos das antigas eras, que vão achatando o país com as ruínas desses poéticos gigantes da Idade Média?

Senhores ministros (…) é uma vergonha que caia o formoso castelo de D. Dinis, por causa da miserável economia de algumas moedas. Quem não conserva os monumentos históricos, testemunhas quase vivas do heroísmo das gerações que nos precederam nesta terra, bem merece que, ampliando-se o dito pungente de Almeida Garrett, se diga: “Portugal é pequeno, porque os homens não são grandes.”

E acrescentava o notável escritor:

Quer saber o leitor o que são os nossos governos? São prodígios de proporção: Se a terra é pequena, os que a governam são… microscópicos.

Estamos agora noutra época, em que cada vez mais gente tende a adoptar outra atitude para com a herança do passado. O que era tido como incómodo e obstáculo para o progresso, tornou-se património a preservar e conservar, como parte desse progresso. Descobriu-se que o património cultural pode ser, se bem gerido, fonte de rendimentos necessários e úteis para as comunidades onde os monumentos se localizam. Estamos num tempo de conservar, preservar e rentabilizar tudo o que, tendo escapado à fúria do progressismo de outros tempos, tenha um verdadeiro valor cultural.

Os tempos são outros, outra é a mentalidade e outras devem ser as razões que orientam as decisões na nossa comunidade, se queremos e pretendemos estar em concordância com o que são as tendências, os conhecimentos e as exigências do nosso tempo.

Esta é maneira como eu, com toda a convicção, analiso e valorizo esta questão. Por isso, elaborei este modesto livro. Nele procurei reunir os documentos que me pareceram ser mais importantes e mais significativos para a compreensão da história da pequena Antiga Vila de Ouguela.

 

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publicado às 09:03


SOBRE OUGUELA

por Francisco Galego, em 14.01.15

 

 

In, http://moisescayetanorosado.blogspot.pt/2015/01/citasculturales-ineludibles-en-elvas-y.html

 

En Campo Maior, también será una publicación la protagonista del acto cultural: se trata del libro A Antiga Vila de Ouguela-Elementos para a sua história. La presentación tendrá lugar en el Centro Cultural de Campo Maior a las 21’30 horas de Portugal del día 16 de enero, bajo la organización de la Câmara Municipal, con el apoyo de Café Delta.

El autor del libro es el historiador Francisco Pereira Galego, muy conocido en los estudios referentes a la Raia/Raya, que ha recopilado paciente y rigurosamente documentación sobre conflictos en la misma a lo largo de toda la Edad Moderna, especialmente de Campo Maior y alrededores. La presentación de la obra correrá a cargo del teniente-coronel José Ribeiro, también reputado historiador militar, cuyos estudios sobre Elvas y zonas limítrofes son de considerable rigor. El que ahora nos convoquen para desmenuzar elementos históricos de Ouguela resulta de especial interés, pues se trata de una de las poblaciones fortificadas, artillada y abaluartada, menos conocida pero decisiva en los conflictos peninsulares de la Edad Moderna y el siglo XIX, conservando hoy en día un patrimonio artístico-monumental digno de contemplar y disfrutar

 

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publicado às 15:11


QUE EDUCAÇÃO?

por Francisco Galego, em 10.01.15

 

Uma das coisas que mais me deixa perplexo é a evolução que se poderá vir a verificar nas condições e nos resultados a nível da educação.

Nas gerações tradicionais que subsistiram até ao final dos anos trinta do século passado, a base fundamental para o desenvolvimento das novas gerações era a família, instituição à qual, segundo a mentalidade do tempo, pertencia por natureza assegurar a educação.

À escola, quando existia e para os que a frequentavam, cabia a instrução, sendo que, para muitos, os que se destinavam às actividades produtivas, era fundamental a formação que era assegurada pelos mestres em oficinas ou pelo exemplo dos mais velhos, como acontecia no trabalho rural.

A escola foi ganhando tempo e amplitude e, em muitos casos, esvaziando de atribuições educativas a própria família que passou a envolver completamente os seus membros adultos, incluindo as mulhres, em carreiras profissionais.

Em consequência de nas escolas, muitos professores não terem percebido, nem reconhecido, esta sua obrigação de educadores, verificaram-se grandes carências na função educativa.

Mas, agora é a própria escola que parece tender a ser substituída pois, cada vez mais, os jovens procuram, eles mesmos, adquirir as competências, os conhecimentos e as informações que, de forma bem mais apelativa do que a que, em grande parte dos casos, as escolas lhes propõem, as encontram nas novas tecnologias que têm à sua disposição.

Será que estamos já a assistir à génese de uma “geração selfie”, procurando ela mesma as bases que irão estruturar o seu desenvolvimento afectivo, social, moral e intelectual?

Assim sendo, estaremos perante uma evolução, ou à beira de uma mutação?

Cabe às escolas pensar, analisar e acompanhar mudanças e tendências para que, adptando-se, possam desempenhar a função educativa que justifica a sua existência.

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publicado às 08:16


RETALHOS DE VIDA

por Francisco Galego, em 05.01.15

DE NOVO O EXÍLIO

 

1959 – Fui mandado para o ambiente mais calmo de Castelo Branco, calma e simpática cidade do interior beirão. Fiz aí muitos bons amigos.

Mas, com a vida boémia coimbrã, tornara-se claro o equívoco em que assentara a minha opção por "Ciências". Tornara-me um leitor compulsivo. Devorava livros desde os romances à poesia e aos ensaios sobre literatura. Tornara-me um razoável conhecedor dos neo-realistas portugueses e de Tolstoi, Dostoieveski, Roman Roland, Gorki e de tantos outros que foram moldando a minha consciência do mundo, dos homens e da realidade social.

A política tornou-se parte integrante das minhas preocupações. Optei desde então por passar à acção lutando, do modo que então era possível, contra a fatalidade da situação em que vivíamos em Portugal. De tudo isto se ressentia a minha vida escolar levada a contragosto para matérias de estudo que pouco me interessavam. No final do ano, em plena prova prática de exame de Física, um professor sagaz, notando a minha contrariedade inquiriu-me e, percebendo o erro em que me enredava, aconselhou-me a desistir e mudar o rumo dos meus estudos. Aceite a sugestão, desisti dos exames e regressei a Campo Maior.

Meu pai que já notara que algo não ia bem, anuiu e resolvemos que me orientaria para as “Letras”.

Porque as minhas actividades implicavam algum risco, convenci o meu pai a emancipar-me para que ele fosse incomodado o menos possível por aquilo que comigo viesse a acontecer. Além disso, assim podia obter passaporte e deslocar-me para fora do país sem carecer de autorização paterna.

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publicado às 09:25


RECEITA DE ANO NOVO ...

por Francisco Galego, em 01.01.15

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

 

Receita de Ano Novo dada pelo poeta Carlos Drummond de Andrade
Texto extraído do "Jornal do Brasil", Dezembro/1997.

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publicado às 16:15


RECEITA DE ANO NOVO

por Francisco Galego, em 01.01.15

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

 

Carlos Drummond de Andrade

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publicado às 09:50


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