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Aqui se transcrevem textos, documentos e notícias que se referem à vida em Campo Maior ao longo dos tempos
Trabalham ricos e pobres,
Sem se fazer excepção;
É digna de apreciar,
Esta bonita união.
Por vezes pensando eu,
Digo de mim para mim,
Mas que força tem o povo,
P’ra fazer uma Festa assim.
Do mundo já viste tudo,
Do bom até ao melhor;
Mas Festas é que não viste,
Como as de Campo Maior.
Com carinho verdadeiro,
Coração e amor profundo;
Fazemos das nossas festas,
As melhores festas do Mundo.
As festas da minha terra,
Vou-tas dizer a cantar,
Tantas noites sem dormir,
Muitos dias sem parar.
Quando se pensou nas festas,
Pensei logo em fazer quadras;
Mas desculpem meus senhores,
Se algumas saem erradas.
Se algumas saem erradas,
O autor é taberneiro;
Faz quadras, vende vinho,
Assim passa o dia inteiro.
Maravilha e perfeição;
Não há festas como estas;
Digo à nova geração:
Não deixem morrer as festas.
Raparigas venham ver,
Esta rua tão mimosa;
Enfeitada com verdura,
E com flores cor-de-rosa.
Acabámos o trabalho,
Vamos todos p’ra folia;
Vamos ver as outras ruas,
Cantando com alegria.
Queremos cantar, ser alegres,
Queremos ter alegria;
Acabada a enramação,
Vamos todos p’ra folia.
Por entre flores à janela,
Espreita uma camponesa;
E o forasteiro se espanta,
Ao olhar tanta beleza.
Aqui a Campo Maior,
E às suas Festas do Povo;
Vem gente do estrangeiro,
Vem gente do mundo todo.
Dizia a minha avozinha,
Com uma grande comoção,
Não deixem morrer as festas,
Mantenham a tradição.
Às vezes penso comigo,
E digo de mim p’ra mim,
Mas que força tem o povo,
P’ra fazer festas assim.
Camponesa, camponesa,
Eu sou de Campo maior;
Temos as festas mais lindas,
No mundo não há melhor.
Vou a fazer umas quadras,
Sempre com frases de novo;
Falando sempre nas festas.
Desta vila e deste povo.
Campo Maior, terra amada,
De beleza sem igual;
As festas da minha terra
São jardim de Portugal.
Campo Maior, terra bela,
Terra de trabalhadores;
De dia vão trabalhar,
À noite fazem flores.
Campo Maior tua fama,
Vai para lá das fronteiras;
Tens as festas dos artistas,
E tens boas cantadeiras.
Festas de Campo Maior,
Feitas com muito carinho;
Todos dão o seu melhor,
Desde a criança ao velhinho.
Minha vila alentejana,
Minha terra camponesa;
Tuas festas têm fama,
De tanto gosto e beleza.
Cheguem a Campo Maior,
Ao romper da madrugada;
Venha ver as lindas flores,
Destas mãos abençoadas.
O povo que agora canta,
Jamais cantará de novo,
Se um dia se perderem,
As nossas festas do Povo.
Campo Maior terra bela,
A terra dos meus amores,
Que bela és enfeitada,
Toda coberta de flores.
As tuas Festas do Povo
São no mundo sem rival,
Com toda a sua beleza
Dão fama a Portugal.
Olhem bem p’ra a nossa rua,
Não precisou d’arquitecto;
Vejam bem as nossas flores
Reparem no nosso tecto.
Primavera é em Abril
Se das estações me lembro,
Mas vem a Campo Maior
Ver Primavera em Setembro.
Festas de Campo Maior
Como elas não há igual,
São as festas mais bonitas
Que já vi em Portugal.
A frase em latim que faz o título deste texto e que traduzida à letra quer dizer “Assim passa a glória pública” e significa como é efémera a fama que se alcança e como os que um dia foram glorificados, podem ser completamente esquecidos com o andar do tempo.
Vem isto a propósito de duas notícias quase simultâneas que recebi no passado fim-de-semana: a morte de duas pessoas pelas quais guardava um certo afecto e que em certa altura das suas vidas tinham estado bastante relacionadas.
Uma dessas pessoas chamava-se Francisco Rodrigues Monforte Simeão, nascera em Campo Maior a 28 de Fevereiro de 1919 e morreu no passado dia 4 de Outubro de 2013, em Campo Maior, onde viveu toda a sua vida, com a idade de 92 anos.
A outra chamava-se Jacinto Maria da Costa, nasceu na vila do Crato a 27 de Julho de 1924 e morreu com a idade de 89 anos em Camarate, perto de Lisboa, onde viveu a maior parte da sua vida, em 5 de Outubro de 2013, com a idade de 89 anos, mas viveu em Campo Maior na década de 40 e princípios dos anos 50 do século XX.
Eram quase da mesma idade e morreram quase ao mesmo tempo.
Mas, para além disso, que mais tinham em comum que justifique serem referidos num texto com este título?
Tinham o facto de terem sido ao mesmo tempo, duas das velhas glórias dum período glorioso da história de Sporting Club Campomaiorense. Era no tempo de transição do futebol amador para o futebol jogado por equipas de profissionais e tinham conseguido, por duas vezes levar a sua equipa a jogar na 2ª Divisão do Campeonato Nacional.
Vi jogar ambos, mas tinha pouca idade para formular juízos sobre o seu valor como “Ases” do futebol nesse tempo heróico em que se jogava por gosto e sem expectativa de recompensas para além do aplauso dos que os viam jogar.
Muito mais tarde concebi e realizei o projecto de fazer a história do futebol em Campo Maior. Desse projecto resultou a publicação de um livro em co-autoria com Joaquim Folgado. E nesse livro se fala desse que em certo tempo foram heróis muito vitoriados e agora morreram completamente ignorados pelo clube e pela terra onde brilharam pela sua arte e pela sua capacidade como grandes atletas que chegaram ser.
Um foi conhecido no futebol e na vida como O Ferrinhos e muitos estarão lembrados de o ver pelo jardim onde passava grande parte dos seus dias.
O outro saiu há muitos anos de Campo Maior e só alguns dos que tenham pelo menos setenta ou mais anos de idade, o recordarão como O Jacinto Costa.
O Ferrinhos foi sempre magro aparentando um fragilidade física que desaparecia mal começava a jogar. Era rijo e rápido como poucos e tinha eficácia e valor para ter sido convidado para ir jogar no Vila Real de Santo António, clube algarvio que tinha subido à 1ª Divisão do Campeonato Nacional. Recusou-se a deixar a sua terra, porque o ganho dos futebolistas não era tanto que constituísse atracção suficiente para um homem deixar terra e amigos para ir chutar para outras bandas.
O Jacinto Costa, era duma habilidade e elegância que causava entusiasmo a quem o via jogar. Foi treinar ao Sporting Clube de Portugal que o convidou a integrar o seu plantel. Mas, contas feitas, o que se propunham pagar-lhe, não o convenceu a deixar o seu lugar como torneiro mecânico na Moagem e a continuou a jogar no Campomaiorense. Os tempos eram outros e, por isso, diferentes eram as prioridades e as opções.
E, pronto! Para que a sua morte não passe sem qualquer memória, aqui fica esta singela homenagem como recordação.
Agora que já passaram alguns dias, analisemos com alguma objectividade e distanciação os facto realcionados com as eleições autárquicas em Campo Maior.
A situação que se criou em volta do recente processo eleitoral fez com que, neste concelho, as soluções encontradas tivessem gerado um caso que dificilmente poderá ter pontos de comparação com o que se passou por todo o país.
Nos outros concelhos, apresentaram-se partidos políticos institucionalizados e movimentos de cidadãos que resolveram organizar-se para se apresentarem, fora da tutela de qualquer desses partidos. Essa situação já se tinha verificado aqui, em Campo Maior, noutros actos eleitorais.
Desta vez, talvez por não lhe ter sido possível cumprirem as exigências legalmente estabelecidas, um grupo constituído em volta da figura tutelar de um político local, resolveu colocar-se sob os símbolos de um pequeno partido, de que nunca se tinha sequer ouvido falar, aqui em Campo Maior, para se apresentarem à eleição.
Dito de outro modo: as coisas começaram muito mal. E, como diz o ditado, quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita. A situação que já era por natureza estranha, agravou-se ainda mais porque não havia qualquer afinidade ideológica ou geográfica entre esse partido, a comunidade local e o grupo em questão.
Assim, o partido funcionou como barriga de aluguer para, por inseminação artificial, gerar o resultado desejado por quem o alugou.
Esta solução tão estranha, dificilmente podia funcionar em condições de normalidade e isso mesmo ficou confirmado pelos resultados obtidos. Se não, analise-se o que aconteceu:
Nesta análise baseio a minha convicção de que a eleição para os órgãos autárquicos, aqui em Campo Maior, tem muito pouco a ver com o que se passou, em geral, no resto do país. Veja-se que aqui a vitória obtida pelos que se candidataram pelo PS, é arrasadora, quer quanto ao número de votos recolhidos, quer quanto ao número de eleitos.
Esta diferença tão acentuada, não pode sequer ser comparada com a restrita vitória do mesmo partido, se tomarmos em conta os resultados obtidos em todo o país.
Por isso mesmo, aqui, o cantar vitória e o assumir a derrota, dizem sobretudo respeito aos que polarizaram nas suas pessoas este confronto eleitoral.
Leio os textos publicados – sobretudo os comentários – sobre o processo eleitoral que ainda agora terminou.
Leio e não fico surpreso. De um lado, a habitual maneira de ver tudo pelo lado do confronto, como natural reacção à decepção perante resultados pouco favoráveis. Do outro, a alegria de uma vitória que foi de acordo com as expectativas, ou mesmo superior à expectativa que tinham à partida.
No fundo, ambas as atitudes me parecem pecar por serem pouco adequadas àquilo que verdadeiramente estava em jogo. De facto, não deve uma questão eminentemente política ser tomada como se de uma questão clubística se tratasse.
De uma forma mais esclarecida, pouco importa que o resultado tenha agradado mais a uns, ou menos a outros. O que importa é avaliar as consequências que, previsivelmente, resultarão desta eleição.
Numa primeira análise, podemos chegar a várias conclusões:
- Os resultados distribuíram-se de modo muito expressivo pois se polarizaram destacadamente no apoio a uma das organizações políticas que se sujeitou ao escrutínio eleitoral;
- O significado dessa polarização é ainda maior se atendermos que a segunda, no número de votos recolhidos, teve um volume de votos que garante que houve liberdade de expressão e não adianta argumentar em contrário porque se houvesse constrangimentos, esse volume de votos seria inviavelmente muito reduzido;
- A ideia de que o resultado se deve à visão maniqueísta de que tudo se deve ao confronto entre uma força do mal (Poder Económico) e uma força do bem (Poder Político), não é aceitável porque, sendo assim, como entender que tenham sido as forças que mais se apresentaram definidas por projectos ideológicos, as que mais duramente foram afectadas por esta eleição, sendo facto comprovado que são as forças mais politizadas as que costumam ser as mais aguerridas no combate às tentativas de opressão?
Se quisermos analisar com objectividade o que se passou em Campo Maior nesta eleição – que era de carácter estritamente local – chegaremos à conclusão de que estiveram de facto em confronto dois projectos que apareceram claramente definidos segundo o conhecimento que a população tinha do que lhe era apresentado e que esse conhecimento assentava na experiência concreta acumulada pela memória recente desta comunidade.
Os eleitores perceberam claramente quem vinha até ela, com que projectos e com que garantia e, foi em defesa dos seus interesses que fizeram a sua escolha.
O resto são meras desculpas de maus perdedores e de maus políticos, tão maus que nem são capazes de perceber que o eleitorado julga com base na avaliação da diferença que vai entre o que é dito e prometido e o que é efectivamente realizado.
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