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CANTIGAS A CAMPO MAIOR ( X )

por Francisco Galego, em 26.02.13

Em Campo Maior se colhe,

O alecrim às paveias;

O amor é como o sangue,

Que corre nas nossas veias.[1]

 

Eu hei-de ir p’ra cidade,

Campo Maior m’aborrece;

Que eu tenho lá na cidade,

Quem penas por mim padece.[2]

 

Se fores a Campo Maior,

Trás de lá uma camponesa,

Que saiba cantar as saias

E não tenha a fala presa.[3]

 

Venho de Campo Maior,

Tocando na pandeireta;

Vamos a ver qual de nós,

Namora aquela sujeita.[4]

 

Vila de Campo Maior,

És mais vila do que as mais;

Tens o largo do Terreiro

E o largo dos Carvajais.[5]

 

Velho Largo do Barata,

E Largo dos Carvajais;

Puxaram punhais de prata,

Fizeram golpes mortais.

 



[1] Publicada em Achegas para o Cancioneiro Popular Corográfico do Alto Alentejo, por J.A. Pombinho Júnior, Évora,1957, pág. 58

[2] Idem, ibidem.

[3] Idem, pág. 60, com pequenas diferenças.

[4] Publicada em Achegas para o Cancioneiro Popular Corográfico do Alto Alentejo, por J.A. Pombinho Júnior, Évora,1957, pág. 58

[5] Idem, ibidem.

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publicado às 07:45


CANTIGAS A CAMPO MAIOR ( IX )

por Francisco Galego, em 19.02.13

Bela cidade d’Ouguela

Dá vistas pr’a Lapagueira,

Mal empregada cidade

Estar em tamanha ladeira.[1]

 

Teu castelo tão altivo

Tão rico de tradições,

É monumento afamado

P’ra todas as gerações.

 

Fui à torre do castelo,

P’ra Elvas me pus a olhar;

A ver s’alcanço a moça,

Com quem pretendo casar.

 

Gostava que a minha rua,

Fosse chamada saudade;

Porque a rua onde crescemos,

Lembra a nossa mocidade.

 

Sou filho de gente pobre,

Tenho a minha opinião;

Nascido em Campo Maior,

Baptizado em São João.

 

Nasceste em Campo Maior,

Bem mo disse o coração;

Pelo modo de cantar,

Vê-se logo s’és ou não.

 

Moças de Campo Maior,

São muitas parecem poucas;

São com as flores do campo,

Umas encobrem as outras.[2]

 



[1] Publicada em Achegas para o Cancioneiro Popular Corográfico do alto Alentejo, por J.A. Pombinho Júnior, 1957, pág. 57

[2] Publicada em Cantos Populares Portugueses – Recolhidos da tradição oral por A.T. Pires. Elvas (1902-1910). Pág. 142.

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publicado às 08:43


CANTIGAS A CAMPO MAIOR ( VIII)

por Francisco Galego, em 13.02.13

Adeus rua da Carreira,  

Já por mim não és seguida;

Já se quebraram os laços, 

Em que me tinhas prendida.[1]

                                                       

À entrada desta rua

À saída desta aldeia,

Namorei uns olhos pretos

Às escuras sem candeia.

 

Entre ruas e ruelas

É famosa esta Canada,

Aqui quem manda são elas

Eles já não mandam nada.

 

Bela rua da Canada,

Está cheia d’opiniões;

Só se vêem p’las janelas,

Gaiolas com perdigões.

 

A água da Fonte Nova

Quem a bebe tem virtude,

Eu passei por lá doente

Agora gozo saúde.

 

A Fonte Nova velhinha,

Apesar de tantos anos,

Vai matando a sede a todos,

Desde os ricos aos ciganos.

 

Ó Senhora da Enxara,

Venha cá abaixo à ribeira;

Qu’esta noite estão a dar,

As bogas à cascalheira.

 

A tua fonte no Largo

A igreja de São João,

São duas jóias queridas

Que trago no coração.



[1] Idem, nº 177, Elvas, 5 de Novembro de 1882.

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publicado às 10:33


CANTAR O ENTRUDO

por Francisco Galego, em 12.02.13

Já lá se vai o Entrudo

Com as sua mangações,

Agora vem a Quaresma

Com rezas e procissões.

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publicado às 10:39


CANTIGAS A CAMPO MAIOR ( VII)

por Francisco Galego, em 05.02.13

À Igreja da Matriz

Feita de pedra morena,

Dentro dela vão rezar

Dois olhos que me dão pena.

 

Bela Igreja da Matriz,

Belo Largo do Convento,

Ó belo Campo Maior,

Onde está meu pensamento.

 

A Rua do 1º de Maio,

Dia dos trabalhadores,

Tem o nome contrafeito

Pois lá só moram senhores.

 

Com Pelourinho, palácios

E Câmara Municipal,                             

Praça Nova ou da República

Serás sempre a principal.

                                 

Campo Maior teu Jardim

É tão bom como os melhores,

De dia juntam-se os velhos

À noite escondem-se amores.

                                                       

O relógio da Matriz,

Bate as horas pr’ó Convento;

Também meu coração bate,

Horas no teu pensamento.[1]

 

Quem quiser ver maravilhas

Chegue-se a Campo Maior,

Janelas avarandadas

Casas mais lindas que o sol.

 

À entrada da Avenida

 Deu um ai meu coração,

Ajuntaram-se as estrelas

Nublou-se o céu com paixão.



[1] Idem, nº 314, Elvas, 11 de Maio de 1884.

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publicado às 09:31


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