Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]




Das origens de Campo Maior ( III )

por Francisco Galego, em 30.11.10

"São os naturais desta vila robustos, de grandes forças e igual valor, são duros e contentam-se com pão e água. As famílias antigas desta vila são os Vaz, Vicente, Rego, Prioreço, e Galvão. Depois vieram de fora os Mexia, Videira, Pereira, Sequeira, Fouto, Carrascosa, e Carrasco.

Entre a gente do povo conservam-se algumas palavras castelhanas e outras compostas de ambas as línguas, daí que não sejam nem portuguesas, nem castelhanas. E o mesmo acontece quanto aos costumes.

As mulheres que sempre deitam mão aos que favorecem a sua liberdade, mesmo as nobres, quando lhes parece, andam vestidas ao uso de Castela.(…)

 

(...)No tempo de El-rei D. João I era alcaide do castelo Paio Roriz Marinho que teve voz por Castela e que depois foi morto por Martim Vasquez de Elvas. A Pio Roriz sucedeu Gil Vasquez de Barbuda de quem a Crónica de El-rei D. João I diz estas palavras: Partiu El-rei de Monção e veio a Lisboa, deixou aí a rainha para ir cercar Campo Maior, um bom lugar do seu reino entre Tejo e Odiana, que tinha voz pelo rei de Castela. E estava nela por alcaide Gil Vasquez de Barbuda, primo de do mestre Dom Martin Annes. Estando El-rei sobre esta vila, vieram de Badajoz os mestres de S. Tiago e de Calatrava com muita gente da Andaluzia para a socorrer. Houve muitas escaramuças. Porém, El-rei combateu a vila de tal sorte que a tomou pela força e, dezoito dias depois, tomou os castelo por pleitaria.

 

In, TEATRO DAS ANTIGUIDADES D’ELVAS,Com a história da mesma cidade e descrição das terras da sua comarca, pelo Cónego Aires Varela

 

NOTA: o Teatro Histórico das Antiguidades d’Elvas, obra que se considerava absolutamente perdida, foi escrito pelos anos de 1644 a 1655, ficando o trabalho interrompido por morte do seu autor que ocorreu aos 8 dias de Outubro daquele último ano. Nalguns capítulos, especificamente na última parte, do capítulo VII, refere-se o cónego Aires Varela às guerras que então havia na fronteira, por motivo da definitiva independência de Portugal.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 11:52


Das origens de Campo Maior ( II )

por Francisco Galego, em 26.11.10

"O castelo de Campo Maior é obra muito antiga e muito forte, tanto por razão do sítio, como pelas torres e muros. Foi fabricado pelos mouros e reparado por El-rei D. Dinis, que lhe levantou a maior torre que nele há e, por esta razão, quiseram alguns atribuir-lhe a honra de edificador.

Os romanos lhe deram o nome, com muita propriedade porque, daquele sítio se descobre o maior campo que há por aquele distrito.

Havia junto ao castelo duas aldeias da jurisdição de Badajoz e que entraram nesta coroa com as de Olivença e Ouguela em troco de Aroche e Aracena. A mais populosa se chamava Joannes, ou por ser Bartolomeu Joannes a principal pessoa da aldeia, ou porque a água que a ela vinha era do seu campo da Valada. Dela se descobrem vestígios. A outra se chamava dos Luzios, nome que conserva o sítio e algumas famílias que passaram a Albuquerque.

Os habitantes destas aldeias viviam de cultivar os campos, respondiam com os dízimos à Sé de Badajoz que reconheciam no espiritual. E assim foram continuando até ao tempo de El-rei D. João I e ainda neste tempo (anos de 1644 a 1655) se conserva naquela sé uma dignidade com o título de Prior de Campo Maior.

Logo que estas aldeias ficaram pertencendo à coroa portuguesa, abandonaram os sítio e aproximaram-se do castelo pelas comodidades que daí lhes resultavam, fugindo às rigorosas leis castelhanas, sujeitando-se às piedosas leis portuguesas.

Em favor destes novos moradores, com muita consideração e, sem dúvida, com a aprovação dos moradores de Elvas, desuniu El-rei D. Dinis este castelo de sua jurisdição para o honrar com o título de vila. Foi crescendo pela bondade dos ares, abundância das águas e fertilidade do terreno, até chegar a ser uma das mais populosas do reino. Desta sua origem resulta que, quando alguém quer chalacear com os de Campo Maior, chame à vila Campo Joannes."

 

In, TEATRO DAS ANTIGUIDADES D’ELVAS,Com a história da mesma cidade e descrição das terras da sua comarca, pelo Cónego Aires Varela

 

NOTA: o Teatro Histórico das Antiguidades d’Elvas, obra que se considerava absolutamente perdida, foi escrito pelos anos de 1644 a 1655, ficando o trabalho interrompido por morte do seu autor que ocorreu aos 8 dias de Outubro daquele último ano. Nalguns capítulos, especificamente na última parte, do capítulo VII, refere-se o cónego Aires Varela às guerras que então havia na fronteira, por motivo da definitiva independência de Portugal.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 11:47


Das origens de Campo Maior ( I )

por Francisco Galego, em 23.11.10

"(…) Na mesma forma passava a ribeira de Caia, onde estava o castelo de Campo Maior, com seus limites. Estas terras as tiveram (os de Elvas) porque as tomaram dos mouros, como se vê da carta seguinte:

Dom Dinis, por graça de Deus Rei de Portugal e do Algarve, a quantos esta carta virem, faço saber que: Eu, por fazer mercê ao Conselho de Elvas e porque eles têm grande coração para me servirem, dou-lhes para todo o sempre por termo os Castelos de Campo Maior e Alvalade que eles tomaram com todos os seus termos novos e velhos e com todos os seus direitos. E para que esta doação seja firme e dela não haja dúvida, dou a esse Concelho esta minha carta para que a tenha por testemunho. Dada em Santarém no primeiro de Dezembro da era de 1334, que vem a ser o ano de 1296.

São dignas de perpétua memória as palavras com que honrou El-rei os moradores de Elvas; porque ao dizer de grande coração para me servirem, se compreende quantos encarecimentos de valor e de lealdade se podem imaginar."

 

In, TEATRO DAS ANTIGUIDADES D’ELVAS,Com a história da mesma cidade e descrição das terras da sua comarca, pelo Cónego Aires Varela

 

NOTA: o Teatro Histórico das Antiguidades d’Elvas, obra que se considerava absolutamente perdida, foi escrito pelos anos de 1644 a 1655, ficando o trabalho interrompido por morte do seu autor que ocorreu aos 8 dias de Outubro daquele último ano. Nalguns capítulos, especificamente na última parte, do capítulo VII, refere-se o cónego Aires Varela às guerras que então havia na fronteira, por motivo da definitiva independência de Portugal.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 11:39


CAMPO MAIOR EM MEADOS DO SÉCULO XIX (2)

por Francisco Galego, em 20.11.10

 

“É pouco notável em antiguidades o concelho de Campo Maior. O recinto ameado do castelo, o muro de uma albufeira romana ou mourisca, a capela do Salvador, junto ao Xévora, a praça de Ouguela e alguns alicerces de procedência duvidosa, sã por ventura as únicas antiguidades que podem, por agora, motivar investigações arqueológicas.

Construções modernas, dignas de observação só há as já citadas. Mas não é inútil visitar a Igreja da Misericórdia e o hospital, a capela das almas feita de caveiras humanas, os conventos de São Francisco e de São João de Deus já meio transformados e algumas ermidas a que se ligam tradições religiosas, entre as quais se pode contar o Calvário enriquecido por imagens de valor artístico.

Construções particulares de vulto foram raras nos últimos quarenta anos. O movimento da povoação a tal respeito reduz-se a reedificar e reparar as antigas habitações e, mesmo assim, há sítios onde os proprietários não reedificam a casa que abate de velhice. O município deve quanto antes arrasar essas ruínas, verdadeiras chagas cobertas de podridão, desacumulando a vila de pejamentos repugnantes que lhe dão um aspecto de decrepitude, pouco acorde com a actividade febril dos habitantes e que induzem os que a visitam a apreciações erradas.”

 

( J. Dubraz, 1869, p. 6 e 7)

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 10:57


CAMPO MAIOR EM MEADOS DO SÉCULO XIX (1)

por Francisco Galego, em 19.11.10

 

“São edifícios notáveis o castelo, os muros da praça, a Igreja Matriz, a de São João Baptista, o depósito de víveres e os paços municipais. Entre as construções particulares sobressaem a casa dos Carvajais, a de Albuquerque Barata, a de João de Mello e outras. Em geral, os prédios da vila, com excepções não raras, são pouco elegantes, e o aspecto da povoação, conquanto que as ruas sejam regulares, deixa muito a desejar aos que lhe procuram aumentos.

A vila é abundante de água potável e os campos adjacentes, ainda que um pouco secos, são férteis e bem cultivados. Nota-se porém, durante o Estio, uma zona quase circular que tem de diâmetro alguns milhares de metros, cujo centro é o povoado, onde a vista quase só pousa sobre pés de plantas devastadas pelo ceifeiro. Como contrasta então este terreno árido, queimado pelo sol e pelo fogo, repugnantemente feio e incómodo, com os tapetes luxuriantes de verdura e semeados de papoulas que brotam no Inverno e se alindam na Primavera!”

 

(J. Dubraz, 1869, p. 5 e 6)

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 12:53


A ANTIGA CADEIA

por Francisco Galego, em 14.11.10

“Na primeira década de Quinhentos, a cadeia de Campo Maior estava instalada no piso térreo da torre de menagem no interior do Castelo. Cerca de dois decénios depois foi transferida para a Praça, actualmente conhecida por Praça Velha, situada no espaço que medeia entre os altos muros do recinto medieval virado a norte e a respectiva barbacã. Ali, numas casas adaptadas para o efeito, que ‘por ordem de sua Majestade, passada no ano de 1524, se compraram naquele sito, funcionou durante vários séculos a prisão concelhia.”

 

(Rui Vieira, 1999, p. 135)

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 11:41


Melhoramentos em Campo Maior

por Francisco Galego, em 11.11.10


Cedência do fosso fronteiro ao baluarte do Príncipe e da parte compreendida entre a porta de S. Pedro e a abertura da Avenida.

Cedência provisória e condicional, não podendo a câmara dar-lhe outro destino que não seja a construção de um grande rossio para benefício higiénico e aformoseamento da vila.

Segundo consta, a Câmara de Campo Maior procura desvirtuar tudo, guiando-se por uma orientação facciosa que ninguém pode louvar.

 

O Distrito de Portalegre, Nº 1682, de 28 de Julho de 1909

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 10:38


Coisas de antigamente...

por Francisco Galego, em 08.11.10

A Câmara Municipal de Campo Maior


Graves abusos e irregularidades na administração: muitos empregados nomeados à vontade, sem concurso, sem as condições legais, sem pagamento do selo dos diplomas e sem pagamento dos direitos de mercê.

Nomeações de compadrio, havendo mesmo empregados sem nomeação alguma que têm indevidamente recebido ordenados durante anos.

Contratos ilegais com pessoas com quem a câmara não pode nem deve contratar.

Campo Maior, 28/6/1909

O Distrito de Portalegre, Nº 1674, de 30 de Junho de 1909

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 18:32


De Campo Maior:Tremor de terra (26/4/1909)

por Francisco Galego, em 04.11.10

 

Na tarde de 23, às cinco horas e quinze minutos ouviu-se um ruído que se repetiu dois segundos depois com uma intensidade horrorosa, sentindo-se então a terra tremer com violência, os prédios oscilarem, tudo acompanhado de sensível calor. Gerou pavor e pânico nas pessoas que aterradas saíram para a rua. No dia seguinte, devido ao boato de que se ia repetir à mesma hora, muita gente saiu para o campo e outros para a Avenida.

Não houve graves prejuízos materiais.

Foi do Bº de S. João até à Rua de S. Pedro que o fenómeno se fez sentir com mais violência, destruindo cerca de quatro metros da balaustrada da varanda da Igreja de S. João Baptista na parte norte, a qual caiu para a rua. A abóbada da igreja ficou fendida. As duas pilastras piramidais que se erguem da cimalha das torres, deslocaram-se ficando encostadas à cúpula da torre.

Na Igreja Matriz, apenas no interior se vêm fendas nos altares de S. Miguel e da Senhora do Carmo.

Em muitas casas abriram-se pequenas fendas.

Este fenómeno verificou-se por todo o país, sendo muito grave em Benavente, Samora Correia, Salvaterra e Carregado, onde provocou vítimas e incalculáveis prejuízos.

Vai-se efectuar um bando precatório e uma récita de teatro para auxiliar as vítimas do terramoto.

 

Publicado no Nº 1656, de 26 de Abril de 1909 do jornal "O Distrito de Portalegre"

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 10:19


Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.


Arquivo

  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2019
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2018
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2017
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2016
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2015
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2014
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2013
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2012
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2011
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2010
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2009
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2008
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2007
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D