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Palavras para quê?

por Francisco Galego, em 30.01.09
 

 

 

Coreto de Vila Viçosa

(Este coreto esteve antes num outro local e foi aqui reconstruido)

 

 

Coreto de Campo Maior
 
Coreto de Campo Maior
 

(Este foi demolido, em 28/12/2008, para ser construido um mais moderno)

 

 

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publicado às 17:50


UM POLÍTICO EXEMPLAR

por Francisco Galego, em 23.01.09

 

            No meio do confrangedor panorama que nos apresenta a vida política actual, é com grande satisfação que escrevo estas linhas sobre um político português que merece particular destaque pela maneira distinta como tem desenvolvido a sua actuação ao longo de uma notável carreira política.
            Jorge Sampaio pertence à geração que me antecedeu na frequência da Universidade de Lisboa. Quando cheguei para frequentar a Faculdade de Letras, era ele aluno finalista do curso de Direito.
            Estavam no apogeu os grandes movimentos de juventude que caracterizaram os anos sessenta. Lembro-me de assistir às grandes assembleias de estudantes no Estádio Universitário, com números tão elevados de presenças que o campo utilizado para a prática do râguebi e do futebol ficava apinhado de estudantes. Isto apesar da omnipresente vigilância dos agentes da PIDE.
            Eu, jovem caloiro, ficava a observar com admiração atenta aquele jovem de sardas e cabelo ruivo que dirigia com tanta segurança e rigor tamanha massa de gente. Impunha silêncio sem dificuldade e sem recorrer a grandes gestos ou gritos. Expunha as suas ideias com clareza, sem recorrer a truques de demagogia. Como eu integrava a direcção da Pró-Associação dos Estudantes de Letras e ele dirigia a Associação de Direito, ainda pude também observar a firmeza com que dirigia as reuniões entre representantes das associações das escolas de Lisboa (RIA).
            Depois fui seguindo de longe a sua carreira como político sem que, em algum momento, tivesse encontrado motivo que me levasse a desmerecer na admiração que desde início lhe tinha dedicado.
            Fez carreira como advogado. Após o 25 de Abril, integrou o Movimento de Esquerda Socialista (MES), vindo a aderir ao Partido Socialista (PS) em 1979. Dez anos depois, em Janeiro de 1989, faz precisamente vinte anos hoje, dia em que escrevo estas linhas, foi eleito Secretário-Geral do PS, candidatando-se, logo depois, à presidência da Câmara Municipal de Lisboa. Contrariando as tendências dominantes na época, rompendo tabus e preconceitos que dilaceravam já então a esquerda, constituiu a coligação “Por Lisboa”, na qual se integraram “Os Verdes”, o MDP/CDE, o PSR e o PCP. A coligação derrotou Marcelo Rebelo de Sousa e Jorge Sampaio tornou-se Presidente da Câmara Municipal de Lisboa em 17 de Dezembro de 1989.
            Em 1992, perdeu para Guterres o cargo de Secretário-Geral do PS. De acordo com a integridade de carácter que sempre o distinguiu, aceitou com tanta serenidade a derrota como a que tinha assumido quando se tratara de celebrar as vitórias.
            Voltaria à ribalta em 14 de Janeiro de 1996, quando venceu Cavaco Silva na eleição para a Presidência da República. Desempenhou com particular relevo e distinção o cargo de mais alto magistrado da nação até ao ano de 2006. Depois, em 26 de Abril de 2007, foi convidado por Kofi Annan para colaborar com a Organização das Nações Unidas (ONU) desempenhando cargos e missões a nível internacional. Assim, assumiu primeiro o cargo de enviado especial para a luta contra a tuberculose e, depois, o de representante da ONU para a Aliança das Civilizações.
            Vêm estas recordações a propósito do artigo de opinião que Jorge Sampaio publicou no Diário de Notícias, no passado dia 12 de Janeiro, sob o título de “Cinco Reflexões Sobre os Desafios de uma Estratégias Nacional”.
            Neste artigo, começa por analisar os pontos fortes e fracos do nosso país face à situação actual, para encontrar as razões que permitam lançar as ideias fundamentais que estruturem um projecto para Portugal, para os próximos dez a quinze anos. A sua reflexão parte da constatação de que existem vectores que possam suportar essa estratégia: a própria comunidade nacional, como nação muito antiga, de estrutura universalista, de forte identidade e de sólida unidade, sem conflitos internos graves, sem problemas de fronteiras; a solidez das nossas instituições democraticamente legitimadas por uma experiência de mais de trinta anos; a inserção do Estado Português como entidade autónoma e independente no sistema político internacional; a condição de ser parte integrante da União Europeia e de participante noutras alianças quer europeias, quer mundiais. Tudo isto confere a Portugal um prestígio que faz com que o seu peso, a nível internacional, seja muito superior ao da sua dimensão geográfica, porque a “influência de um país na cena internacional não se mede só em função da dimensão do território, da população ou do PIB, mas também da sua atitude afirmativa, empreendedora, valorizante e cooperativa, da sua capacidade em acrescentar valor, em se afirmar como parceiro credível da comunidade internacional…” (DN, 12/1/09)
            Este trabalho, constitui um notável contributo para melhor se conhecerem as circuntâncias presentes e as perspectivas futuras do nosso país e do nosso regime democrático. Nele são apresentadas as linhas fundamentais que devem estruturar o futuro e para servirem de orientação nas opções a tomar, na condição de que haja “coragem para rejeitar o facilitismo, o populismo e a demagogia, fazendo o que é preciso fazer”. (Idem, ibidem)

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publicado às 18:37


O que se espera de Obama?

por Francisco Galego, em 18.01.09

Bem vista as coisas, o que a maioria das pessoas atentas ao que se passa no mundo espera do presidente eleito para, nos próximos anos, governar os Estados Unidos da América, é que ele salve o mundo de uma crise que, nos seus aspectos mais gravosos, foi gerada pelo anterior governo dos Estados Unidos da América.

Que responsabilidade esta, a de um homem que vai ter de tomar decisões que vão ter consequências na vida de todos os habitantes deste planeta, sem decepcionar os que o elegeram para repor o equilíbrio no seu país tão afectado pelos erros de governação cometidos nos últimos anos.

Quanta esperança foi depositada na acção deste homem que, faça o que fizer, nunca poderá corresponder a todas as expectativas e que, necessariamente, irá provocar imensas desilusões em muitos daqueles que tanto dele esperaram.

Que pesada herança esta, de receber um país a braços com duas guerras sem fim à vista e uma crise global de que não se conhecem ainda completamente nem os contornos, nem as dimensões e, muito menos se podem prever as consequências que irá provocar.

Muitos poderão considerar que Obama é ainda demasiado jovem para arcar com este pesado fardo de ter de encontrar caminhos para a conciliação com os seus inimigos, respostas para os perigosos ataques que contar ele serão desencadeados, soluções para os inúmeros problemas que exigem decisão.

Com os seus 49 anos de idade, Obama terá de ser sábio a comunicar com os seus aliados, firme com os seus adversários, humilde a negociar com os seus parceiros, atento aos conselhos e sugestões dos seus colaboradores, seguro a combater as situações para as quais não houver hipótese de conciliação.

Este homem, ainda jovem, que vai tomar o pesado encargo de governar a única grande potência que sobreviveu à Guerra Fria, vai precisar de todo o apoio que os que lhe são próximos lhe puderem dispensar. Familiares, amigos, conselheiros, colaboradores, membros das instituições que lhe devem colaboração leal, serão fundamentais para o desempenho da missão titânica que vai assumir.

Para já, todos consideram que foi muita a sua habilidade, moderação e competência para escolher a equipa que leva consigo para desenvolver a acção governativa no centro nevrálgico da politica mundial.

 

 

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publicado às 18:33


NOVO ANO: VELHOS E NOVOS PROBLEMAS

por Francisco Galego, em 05.01.09

 

            Passou a época mais significante da nossa Civilização Ocidental Cristã. Os rituais próprios do Natal e do Ano Novo, deixaram-nos, por breve tempo, distraídos dos males que afligem este nosso conturbado mundo. Mas, implacavelmente, todos esses males e tormentos continuaram.
            Sob alguns aspectos, a humanidade pouco ou quase nada terá evoluído. A guerra, esse flagelo terrível, continua a ser o meio para resolver questões que a fraternidade, a solidariedade e a interculturalidade, já deviam ter resolvido há muito tempo.
            Os homens que fazem disso seu modo de vida e fonte de grandes fortunas que, em pouco tempo, conseguem acumular, promovem as guerras que vão ceifando vidas, dilacerando os corpos, destruindo bens, atirando os povos para extremos de miséria e de sofrimento.
            Os povos em cujos territórios estão continuamente abertos os conflitos, podem disso dar dramático testemunho:
            - No Próximo Oriente, mantém-se acesa a fogueira de ódios ancestrais que envolve palestinos e israelitas numa destruição que parece não ter mais fim – de um e outro lado, o radicalismo extremado dos fundamentalistas, comanda os acontecimentos sem dar tréguas e sem atender à vontade moderadora dos que anseiam pelo entendimento que consolide uma verdadeira paz;
            - Na África, há chagas dolorosamente abertas na nossa consciência, nos povos do Congo e da Somália, sujeitos a uma guerra infrene de já nem se conhece a razão. No Zimbabwe, a sede louca de poder do ditador Mugabe, persiste em condenar o seu povo a ser devorado pela cólera, perante a inoperância da comunidade internacional que há muito devia ter interferido;
            - A Índia e o Paquistão de tão difícil vizinhança, sofrem os efeitos dos loucos desvarios que mascaram de crenças religiosas e culturais, escondendo as verdadeiras razões que motivam todas as guerras;
            - No Iraque, para quando uma solução? E o Irão? Escolherá a paz ou guerra para resolver as tensões que o sustentam na frágil estabilidade em que se tem mantido?
            Em certos aspectos, nós homens do século XXI, integrados numa cultura de base cristã, mostramos maior desumanidade que os antigos gregos que, há mais de dois mil anos, lançaram os alicerces da nossa civilização. Estes que, organizados em pequenas cidades-estado rivais andavam constantemente envolvidos em conflitos, sempre que, de quatro em quatro anos, se realizavam os Jogos Pan-helénicos, em Olímpia, decretavam uma trégua sagrada, suspendendo todas as guerras e conflitos em curso, para conjuntamente participarem nos ditos jogos.
            Nós temos uma organização, a ONU, em que participam todos os estados do mundo. Porque não podemos, à semelhança dos gregos declarar tréguas que permitam aos povos desfrutar de períodos de paz verdadeira?
            Em tempos não muito recuados, havia em todas as guerras períodos de trégua para cuidar de enterrar dos mortos e acudir aos feridos. Nunca a guerra foi tão terrível como hoje, pelos meios de destruição que envolve, pelos danos que provoca e pela inutilidade de tantos sacrifícios. A guerra de hoje, não conhece tréguas, nada respeita, não dá lugar à compaixão. È cientificamente brutal e programada para provocar o máximo de destruição. Num mundo em que há ainda tantos que estão condenados a ter tão escasso acesso aos meios de sobrevivência, a humanidade tem ainda de enfrentar esse monstro criador de tanta dor e tanta desgraça.
 
            Onde a guerra não campeia, lavra a instabilidade anunciada pelas várias crises que, num exponencial crescimento se vão desenvolvendo: a crise financeira primeiro, depois a económica e as, há muito anunciadas, dos recursos energéticos, dos desequilíbrios ambientais e da instabilidade social com base no desemprego galopante que se perspectiva para os tempos que se aproximam.
            Entretanto, sobretudo entre os que, por atitude, preferem manter-se alheios a tudo isto, cresce desde há muito a pior de todas as crises porque é a que provoca efeitos mais duradoiros e mais difíceis de debelar: a crise de valores que determina a ausência da dimensão moral nos comportamentos políticos e nas relações sociais.
            Não se apresenta muito esperançoso este novo ano de 2009. Tudo indica que nos vai trazer preocupações e fazer enfrentar graves problemas. Nestas alturas de crise, manda a prudência que nos tornemos mais atentos, mais avisados e, principalmente, mais tolerantes e mais solidários. A união que resultar da boa vontade de todos, tornará cada um de nós mais forte para enfrentar os sacrifícios.
            Para todos envio os votos do melhor ano que nos for possível.

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publicado às 13:54


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