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O CASTELO DE CAMPO MAIOR - I

por Francisco Galego, em 29.02.08
O CASTELO E A POVOAÇÃO (Segundo Estêvão da Gama):
 
(…) o castelo e a povoação que nele se desenvolveu foram fundados pelos mouros porque este buscavam os lugares altos para fazerem as suas fortalezas. Com o seu desenvolvimento acabou a povoação de S. Pedro.
 A vila foi restaurada depois pelos Peres de Badajoz no ano de 1219 que a deram ao bispado da cidade para sua fábrica.
O castelo de Campo Maior é obra muito antiga e muito forte tanto pela razão do sítio como pelas torres e muros. Foi fabricado pelos mouros e reparado pelo rei D. Dinis que levantou a maior torre que nele há e, por essa razão, quiseram alguns atribuir-lhe a honra de edificador.
 Os romanos é que lhe deram o nome com muita propriedade porque daquele sítio se descobre o maior campo que há põe aquele distrito.
Logo que El-Rei D. Dinis entrou na posse da vila reparou o castelo, edificou-lhe a torre grande.

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publicado às 17:03


CAMPO MAIOR NA CRISE DE 1383-1385 - I

por Francisco Galego, em 03.02.08
Segundo Fernão Lopes era “Campo Maior, um bom lugar, que tinha voz pelo rei de Castela”.
 Paio Rodrigo, Alcaide de Campo Maior e Ouguela, tomou o partido de Castela.
No Alentejo tomaram também voz por Castela: Olivença, Portel, Moura, Noudar, Mértola, Vila Viçosa, Monforte, Crato, Amieira, Castelo de Vide, Marvão, Arronches e Alegrete.
Com as vitórias do mestre de Avis muitas destas terras mudaram de partido. Mas Campo Maior resiste até à sua conquista pelo novo rei de Portugal. Por isso muitos dos seus habitantes foram despojados dos seus bem que passaram para a posse dos partidários de Portugal: O mestre de Avis confiscou várias casas e terras em Campo Maior e Ouguela.
“Escudeiros de Évora, partidários do Mestre, então já aclamado Rei de Portugal, sabendo que Arronches, vila que desde 1834 aderira á causa nacional, se encontrava com falta de mantimentos, procuram abastecê-la, não sem de caminho tentarem um ataque a Campo Maior. Esta é socorrida com gente de Badajoz e os portugueses sofrem pesada derrota.”
Afinal os campomaiorenses de 1383 seriam os netos dos castelhanos que habitavam Campo Maior em 1297. Os laços que até aí os ligavam à vizinha cidade de Badajoz tinham sido mantidos pelo contacto constante através da curta distância de 15 km facilmente vencidos por uma “carrera ancha”, sem obstáculos. Maior era a distância a Elvas, cidade portuguesa mais próxima, e mais difícil o trajecto por terrenos mais acidentados e tendo de atravessar a correnteza do Caia a meio caminho entre os dois povoados.
Com a renovação populacional a partir de 1388, com a mudança de cargos e propriedades das mãos dos partidários de Castela para a posse dos partidários do rei de Portugal e com o corte radical das dependências em relação a Castela, acelerou-se o processo de integração de Campo Maior num sentimento de portugalidade.
 

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publicado às 12:41


CAMPO MAIOR NA CRISE DE 1383-1385 - II

por Francisco Galego, em 03.02.08
 
PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS LOCAIS
 
 
1368 - Em 15 de Março de 1368 D. Fernando esteve em Campo Maior, passando depois a Elvas e Juromenha.
1379 - D. Fernando confirmou os privilégios do bispo de Badajoz sobre Campo Maior. Até ao fim da primeira dinastia os bispos de Badajoz vão manter interesses em Campo Maior e a tutela da sua Igreja a nível espiritual.
1386 - No final de 1386, só Campo Maior, Ouguela e Olivença se mantinham ao lado de Castela. Repare-se que são as terras que tinham permanecido castelhanas até 1297. Ouguela por este tempo já perdera importância militar. O alcaide de Campo Maior era simultaneamente o alcaide de Ouguela.
1388 - Em 15 de Setembro de 1388, D. João I veio, à frente de um exército, cercar Campo Maior. A vila foi ocupada pela força, em 13 de Outubro, depois de resistir por quatro semanas. A população não só não recebeu com simpatia os portugueses, como correu a refugiar-se no castelo e a participar nas acções de defesa ao lado da guarnição castelhana. O alcaide do castelo de Campo Maior, a 1 de Novembro de 1388, prometeu a capitulação definitiva, caso não fosse socorrido por tropas castelhanas no prazo de trinta dias. Não tendo chegado qualquer reforço, a vila e o castelo foram entregues ao rei de Portugal em 1 de Dezembro de 1388. Só Olivença continuou a resistir, juntamente com Noudar e Mértola, no Alentejo, até ao acordo de tréguas assinado pelos reis de Portugal e Castela em Monção, em 29 de Novembro de 1389.
1392 – Nesta altura foram cortados todos os vínculos, incluindo os eclesiásticos que ligavam Campo Maior e Ouguela a Campo Maior. A partir de 1392 as vilas raianas desta região passaram a constituir uma administração eclesiástica própria.
1396 – Campo Maior tornou-se o centro militar donde partiam as acções contra os castelhanos nesta região da fronteira. Daqui partiu a expedição que na madrugada de 11 de Maio de 1396 cercou e conquistou o castelo de Badajoz.
1420 - Depois da conquista de Ceuta, D. João I pediu ao papa para erguer a igreja dessa praça a bispado. Martinho V, pela bula Romanus Pontifexde 4 de Abril de 1418,encarregou os arcebispos e Braga e de Lisboa de darem provimento a esse desiderato. Em Sintra, em 6 de Setembro de 1420, aqueles prelados deram sentença executória, passando Portugal a contar com mais uma diocese.
         Aproveitando o Cisma que dividiu a cristandade na obediência a mais de um papa, D. João I logrou transferir para o reino a jurisdição de certas terras portuguesas que estavam sob a alçada de dioceses castelhanas. Foi nessa conjuntura que Olivença, Ouguela, Campo Maior e outros lugares próximos, que estavam dependentes do bispado de Badajoz, passaram para a jurisdição da diocese de Ceuta. Outro tanto aconteceu com as ordens militares que aproveitaram para se separarem da dependência que os ligava a mestres localizados em Castela.
 
 
 

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publicado às 12:29


CAMPO MAIOR NA CRISE DE 1383-1385 - III

por Francisco Galego, em 03.02.08
CRÓNICA DEL’REI DOM JOÃO I DA BOA MEMÓRIA
Fernão Lopes,
Imprensa Nacional – Casa da Moeda, Lisboa, 1977
 
Parte I, Capítulo LXVIII, p. 117:
“E mui poucos lugares e fidallgos tomarom voz do Meestre pera o ajudar, e todollos outros se deram a elRei de Castella obedeeçemdo a sseu mamdado; assi que pollas comarcas do rreino estavom por ell estas fotallezas, comvem a saber em amtre Tejo e Odiana: Arrõches, Allegrete, Castell de Vide, o Crato, a Ameheira, Momforte, Campo Mayor, Ollivemça, Villaviçosa, Portell, Moura, Noudall, Mertolla, Almadãa.”
 
Parte I, Capítulo CVI, p. 180:
“… escreveu o Mestre de Lisboa onde estava, a Gil Fernandes de Elvas, que fosse falar a Paae Rodriguez Marinho, Alcaide de Campo Maior, que alçasse voz por ele e que lhe faria muitas mercês.
Gil Fernandes cavalgou logo com cinquenta homens de armas consigo, e foi-se a Campo Maior; e estando fora da vila numa igreja que aí se faz, mandou dizer a Paae Rodriguez, que lhe prouvesse de sair fora do castelo, para falar com ele, coisas que eram de sua honra e proveito. Paee Rodriguez disse que não sairia fora mas que fosse ele Gil Fernandes entre o muro e a barreira do castelo e que levasse dez homens de armas consigo.
Gil Fernandes disse que lhe prazia, com a condição de que, de uma parte e de outra fosse feito preito e menagem, que fosse um seguro do outro; Paae Rodriguez disse que lhe prazia e assim foi firmado e posto entre eles. Então, apartou Gil Fernandes dez homens de armas e foi-se à barreira do castelo onde haviam de falar e achou já Paae Rodriguez prestes; e quando se vieram abraçar, lançou Paae Rodriguez a Gil Fernandes o braço no ombro à maneira de segurança e com a outra mão lhe segurou a espada e disse: vós sereis preso.
 

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publicado às 12:15


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