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O SÍTIO DE S. PEDRO NA HISTÓRIA DE CAMPO MAIOR (I)

por Francisco Galego, em 24.01.08
ORIGENS DA VILA
                                      
“ (…) Porém duvidamos que a povoação fosse fundada no sítio onde está o castelo. Talvez no sítio de S. Pedro no qual há uma ermida e onde, segundo fontes muito antigas haveria uma fortaleza ou atalaia dos romanos.
Dista a Ermida de S. Pedro da povoação de hoje dois mil passos em terreno plano, com um vale muito fresco, capaz de hortas e pomares, com água nativa e conserva um chafariz (nome que nos deixaram os mouros), que é do concelho desta vila.
Estamos persuadidos de que neste campo, por ser o maior que há nestas vizinhanças, fundaram os romanos este povo, obrigados por um acampamento em que se fixaram como sucedeu nas outras mais povoações que fundaram, como é sabido.
 Neste campo de S. Pedro se acham as ruínas, cimentos, sepulcros, além de colunas. Distante um quarto de légua conserva-se um muro de pedra e cal que corta um pequeno ribeiro e a que ainda hoje se chama Muro da Represa, que servia para que os gados dos moradores bebessem nele.
É também ponderável que neste sítio de S. Pedro se apartam vários caminhos e estradas para Mérida, Badajoz, Ouguela, Albuquerque e Arronches.” (Estêvão da Gama, p. 30)

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O SÍTIO DE S. PEDRO NA HISTÓRIA DE CAMPO MAIOR (II)

por Francisco Galego, em 24.01.08
ERMIDA DE S. PEDRO
“Neste sítio há uma Ermida do Apóstolo S. Pedro…
 (…) A Igreja de S. Pedro é uma Ermida feita de paredes de terra e de muito pobre arquitectura sem que tenha demonstração pudesse nunca ter mais avultados princípios. A qual se reedificou nos nossos tempos, porque no da Guerra da Aclamação (Restauração) padeceu grande ruína. As colunas (grandes pedras que se encontram neste lugar) que ainda se descobrem, mostram que o lugar tinha extensão porque há três anos que andando um lavrador lavrando uma pequena parcela de terra que está defronte do chafariz, descobriu uma sepultura de que tirou tijolos, para se aproveitar deles, de notável grandeza e qualidade de barro e fica este sítio em bastante distância da Igreja de S. Pedro. (Estêvão da Gama, p. 29 e 30)
            “(…) A Ermida …a qual é de grande romagem dos moradores às quintas-feiras da Quaresma, com indulgência plenária (tem na parede do lado esquerdo da nave, uma imagem de São Pedro). A Imagem é pintada a fresco na parede, em hábito pontifical e se conserva no mesmo estado, como refere o Dr. Novaiz, acrescendo à sua ponderação a circunstância da Guerra da Aclamação, que durou 28 anos, esteve exposta à inclemência dos tempos por se arruinar a Igreja e não teve nenhuma diminuição aquela Imagem, não tendo sido retocada, nem necessitar de nenhum benefício da arte.
            Neste sítio estão as colunas de que já se fez menção e outros sinais de edifícios. Há pouco tempo, a ermitoa que hoje existe achou uma moeda de ouro de tamanho de uma de seis vinténs, mas muito delgada e com um bocado menos na circunferência. Porém, de uma parte estão as letras bem formadas e se lê nelas Toleto Pios, cuja moeda se acha em poder de Estêvão da Gama de Moura e Azevedo, Governador desta Praça...”
(Estêvão da Gama, p. 61)     

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publicado às 10:59


O SÍTIO DE S. PEDRO NA HISTÓRIA DE CAMPO MAIOR (III)

por Francisco Galego, em 24.01.08
O CEMITÉRIO DE S. PEDRO – Um projecto não concretizado
Até ao século XIX, os enterramentos eram feitos no interior das igrejas, nos adros, nos terrenos envolventes, nas cercas dos conventos, ou seja, em Campo Santo.
Num documento que relata a explosão do paiol da pólvora em 1732, que quase destruiu a vila de Campo Maior, indicam-se claramente quais eram os locais de enterramento, nessa época:
- Na Igreja Matriz enterram-se 76 pessoas de comunhão e 28 crianças pequenas;
- No Convento de S. Francisco, 17 crianças pequenas;
- No Hospital de S. João de Deus, 6 soldados e uma criança pequena;
- Na Misericórdia, enterrou-se apenas o seu provedor Francisco Pires Cotão que foi a pessoa principal diante do Regimento de Cavalaria e um sargento de Infantaria.
No século XIX começaram a surgir medidas a condenar esse costume, considerado contrário à saúde pública. Em Portugal, foi com o governo de Costa Cabral, mais tarde foi agraciado com o título de Marquês de Tomar, que foi aprovada uma lei de Novembro de 1845, a qual, além de várias disposições de carácter tributário, determinava que os enterramentos passassem a ser feitos em cemitérios, fora das povoações, como medida de protecção da saúde pública.
A reacção das populações, principalmente no Norte do país, conduziu a revoltas que culminaram num período de grande agitação. Em 1846, a chamada revolução da Maria da Fonte que fez cair o governo de Costa Cabral, serviu de prólogo à Patuleia que lançou o país na guerra civil em 1847.
Mas, em Campo Maior, a questão dos enterramentos nas igrejas já se tinha colocado muito antes. Numa acta da Câmara de 23 de Agosto de 1834, é referido um “Acórdão em Câmara Municipal” em que se estabelecia: “Entendendo esta Câmara às diferentes representações que tem feito o Médico deste Concelho, e a que têm continuado nesta vila diferentes moléstias epidémicas, as quais (têm) tanto mais graduação quanto menos polícia há, e que o enterramento dos corpos humanos nas Igrejas, é de muito prejuízo à saúde pública em todo o tempo, e muito especialmente em tempo de epidemias, determina esta Câmara que, de hoje em diante, não se enterre corpo algum humano nas Igrejas, e sim no cemitério que será interinamente a cerca do Extinto Convento de Santo António desta vila; cujo acórdão obriga a todas as pessoas que hajam de morrer sem atender a hierarquias – porque a lei é igual para todos (Carta Constitucional) –, nem tão pouco a moléstia.”
O projectado Cemitério de S. Pedro:
Uma acta da Câmara de 31 de Agosto de 1836 refere a arrematação da obra do cemitério e a construção do mesmo junto à ermida de S. Pedro
Na acta da sessão da Câmara de 28 de Outubro de 1836, ficou registado que:
“Respondeu-se à Circular Nº 13 que trata sobre os cemitérios, expondo-se que, por falta de meios, se não tem concluído a construção do Cemitério Público; porém que já se acha principiado, com uma grande parte da parede feita. E todos os materiais juntos, e espera-se ficar pronto de tudo até ao dia 30 de Novembro próximo; e que, neste concelho, não há mais povoações em que hajam de se fazer mais cemitérios públicos.”
Contudo, houve muitos protestos da população contra a localização do cemitério, por medo de que este fosse inquinar as boas águas da fonte e chafariz de S. Pedro, e a obra esteve embargada. O problema do cemitério foi sofrendo adiamento e só estaria completamente resolvido em 1859 com a escolha de novo local, junto à Horta do Paraíso. As actas da câmara vão dando conta desse adiamento pois o terreno que já tinha sido murado para o cemitério passou a ser arrematado em hasta pública para ser cultivado.
Na acta de 17 de Setembro de 1851 consta o seguinte: “Acto de arrematação do terreno do cemitério de S. Pedro feita a José Augusto de Miranda Cayolla por tempo de um ano pela quantia de14$400 réis.
Na acta da sessão da Câmara de 24 de Setembro de 1853:
“Não se arrematou Vale Morto, nem o Cemitério de São Pedro, por não haver lanço que conviesse a esta Câmara; por isso, ficou adiada para a sessão do 1º dia do futuro mês de Outubro. Para ir novamente à praça para o fim de se obter maior lanço.”
O Cemitério do paraíso:
O último enterramento feito no cemitério da cerca de São Francisco, foi o de Aurora Pereira em 14 de Dezembro de 1859 e o primeiro no Cemitério do Paraíso foi o de Maria do Carmo em 17 de Dezembro de 1859, segundo os assentos de óbitos da Freguesia de S. João Baptista.
            Mas, uma lembrança coeva particular refere que:
            “(…) no dia 15 de Dezembro de 1859, deu começo o Cemitério do Paraíso, extramuros desta vila de Campo Maior, sendo a primeira pessoa sepultada nele o filho do Morgado José Augusto Cayolla (mas ocultamente).

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O SÍTIO DE S. PEDRO NA HISTÓRIA DE CAMPO MAIOR (IV)

por Francisco Galego, em 24.01.08
FONTE DE S. PEDR0
Tudo indica que seja a mais antiga das fontes de Campo Maior.
É constituída por uma tríplice estrutura de acordo com as funções a que se destinava: fonte, bebedouro e tanque.
Localizada numa importante saída de Campo Maior, perto do local onde se ramificam os caminhos que dão acesso a Ouguela e às terras mais férteis do concelho.
Fica situada à entrada de um vasto terreno plano que antigamente se chamava “a defesa de S. Pedro”: este terreno, propriedade do município, tinha funções importantíssimas para a comunidade agrícola que habitou Campo Maior até meados do século XX. Aí se localizava uma área importante de cultivo de cereais, a qual servia também de pastoreio comunitário para os gados, em aproveitamento dos restolhos, e de rossio onde se faziam as eiras. A função de pastoreio comunitário está bem testemunhada na existência de um bebedouro de muros baixos destinado ao gado ovino, o qual fica a pouca distância da Fonte de S. Pedro, e é alimentado pelo mesmo nascente.
A Fonte de S. Pedro foi sempre de tal importância para a população de Campo Maior que, quando se projectou a construção do cemitério no terreno murado adjacente à Ermida de S. Pedro, o povo protestou, temendo a contaminação das águas. A Câmara, devido à pertinência da razão invocada, mudou o local do cemitério para o sítio onde, até hoje, se localiza.                       (Ver:   http://alemcaia.blogs.sapo.pt/4071.html )

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O SÍTIO DE S. PEDRO NA HISTÓRIA DE CAMPO MAIOR (V)

por Francisco Galego, em 24.01.08
Barragem do Muro  
No concelho de Campo Maior locaizam-se  três das vinte barragens romanas estudadas a sul do Tejo:
- Barragem do Muro (Ribeira dos Cães);
- Barragem de Olivã (Ribeira de Olivã);
- Barragem da Mourinha. (Ribeira dos Saberes)
“ Os Romanos aprenderam muito da sua engenharia com os Gregos, não tendo propriamente contribuído neste domínio com ideias originais. (…). Com efeito, a engenharia romana era extremamente prática e a grande maioria das obras era levada a cabo por pessoal militar ou sob sua orientação.” (p. 38, 39 e 44)
 “As barragens inventariadas a sul do Tejo destinavam-se essencialmente a rega ou a abastecimento populacional ou, simultaneamente, aos dois usos. (…)
Os cursos de água têm um regime extremamente irregular, estando secos grande parte do ano. O aproveitamento das águas superficiais só era, pois, possível mediante o armazenamento em albufeiras a criar por barragens. (…)
Muitas das barragens inventariadas estavam associadas a villae, mediante as quais se realizava a ocupação do “agros transtagano.”             
 Uma villae era constituída por um conjunto deedificações destinadas a habitação (villa urbana) e a explorações agrícola e artesanal (villa rústica). A maioria das villae urbanae da Península Ibérica dispunha de um ou mais pátios fechados nos quais frequentemente se encontravam tanques ou fontanários, que tinham não apenas uma função lúdica, mas também prática, pois constituíam reservatórios de água que facilitavam a rega dos jardins interiores. As edificações situavam-se na zona central de uma propriedade agrícola, o fundus.
O tipo de vida nas villae era profundamente marcado por Roma; estas dispunham em geral de instalações balneares (termas) que, na região em estudo, tinham frequentemente como origem de água as pequenas albufeiras criadas pelas barragens.” (P. 51)
 “A Barragem do Muro sobressai entre as barragens inventariadas pelas suas características arquitectónicas e pelas soluções técnicas adoptadas. Esta barragem apresenta altura e desenvolvimento notáveis, sendo o único caso em que são visíveis nos paramentos fiadas horizontais de tijoleira, dispostas regularmente, e apresenta arcos entre os contrafortes sujeitos a maior tensão. A função de tais arcos seria presumivelmente a de concentrar as cargas de peso próprio sobre os contrafortes.
Trata-se também da única barragem que apresenta, adossada ao paramento de montante, uma superfície argamassada, a qual pode corresponder ao revestimento de uma sapata de fundação da estrutura. Na ligação do muro a tal superfície observa-se um rebordo convexo usualmente encontrado noutras estruturas hidráulicas para minimizar os riscos de fendilhamento e facilitar a limpeza.” (P. 57)
Com a capacidade de 178.000 m3 é, das referenciadas, uma das de maior dimensão; situa-se na ribeira dos Cães; a área da bacia hidrográfica é de 1,7 km2. (P. 61)
 “Para a cota de 234 m (cota aproximada do topo), o comprimento da albufeira seria de 460 m, a área inundada de 82.700 m2 (…)
Trata-se de uma estrutura inédita que constitui o exemplo mais monumental da arquitectura hidráulica romana a sul do Tejo. Efectivamente, a estrutura revela uma complexidade inexistente na maioria dos casos. Consiste num muro de secção transversal rectangular de 4,2 m de espessura no trecho central, suportado a jusante por 16 contrafortes, separados entre si 3 a 4m: Tal muro apresenta a altura máxima visível de 4,6 m e o desenvolvimento de 174m, com traçado poligonal. O trecho mais alto da barragem corresponde à zona onde corre a linha de água, observando-se do lado jusante restos de três arcos de volta inteira, apoiados em contrafortes. A sua função seria a de reforçar a estabilidade do sector sujeito a maiores pressões.
A secção transversal da barragem é suficiente para assegurar a estabilidade, sem a contribuição dos contrafortes. (…)
Esta barragem possuía provavelmente uma descarga de fundo na zona de passagem da actual linha de água.” (…) (P. 65 do livro de António de Carvalho Quintela; João Luís Cardoso; José Manuel Mascarenhas, Aproveitamentos hidráulicos romanos a sul do TejoContribuição para a sua inventariação e caracterização, Ministério do Plano e da Administração do Território - Secretaria de Estado do Ambiente - Direcção-Geral dos Recursos e Aproveitamentos Hidráulicos - Agosto de 1987)

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publicado às 10:42


O SÍTIO DE S. PEDRO NA HISTÓRIA DE CAMPO MAIOR (VI)

por Francisco Galego, em 24.01.08
FOGO NAS EIRAS DO ROSSIO
 
 “No dia 21 do corrente pelas 3 horas da tarde manifestou-se o fogo nas eiras públicas do Rossio de S. Pedro desta vila … naquele local havia próximo de 3 mil a 4 mil móios de trigo … sendo o Sr. administrador do concelho o primeiro que se apresentou no sítio do fogo à testa do qual se conservou…para evitar que o fogo se comunicasse aos mais celeiros contíguos, que não seriam menos de 800.
Não sendo menos dignos de iguais encómios e felicitações os mui nobres proprietários que correram de pronto ao lugar do incêndio… e ainda mais se deve ao geral da povoação que, ouvindo tocar o sino da câmara, abandonaram as suas casas, correndo da melhor vontade e voto próprio a acudir a um tão inesperado incidente…tornando-se muito distintos por esta ocasião os serviços prestados pelos senhores: subdirector da alfândega José das Dores; os artistas José António de Bastos, José Mendes da Mota, e Dâmaso de Albuquerque; os trabalhadores Manuel dos Santos Valadim, José Duarte, Manuel das Chagas e outros muitos cujos nomes ignoramos (…)”
 “A subscrição aberta pelo bondoso chefe da administração pública Sr. António César Lima Leitão em favor do infeliz António Rodrigues Valente a quem o fogo manifestado na eira no dia 21 do corrente reduzira à maior desgraça e miséria a quem o infortúnio havia roubado por meio das chamas, cerca de 20 moios e trigo.
Havendo 800 milheiros de trigo na eira, logo a fatalidade escolheu ser o do mais pobre que havia de arder. Devorando cerca de 20 moios de trigo que ficaram reduzidos a cinzas.          
O fogo foi lançado por descuido e pouca atenção. Ao que parece, alguém meteu uma caixa de fósforos no colete e, com o calor do sol, estes incendiaram-se.
Também, a força militar estacionada actualmente nesta terra é tão diminuta que não serve para qualquer eventualidade de maior alcance. Neste caso, apenas compareceram no incêndio 8 homens e 1 sargento, porque o resto do pessoal estava de serviço. E é com esta força disponível que se podem policiar entre 3 a 4 mil pessoas?
Não nos podemos conformar que, numa terra como Campo Maior onde já estiveram dois regimentos, se coloque agora um destacamento de 25 baionetas.”
(A VOZ DO ALEMTEJO, Nº 258 e 259, 25 e 29 de Setembro de 1863)
 

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publicado às 10:40


O SÍTIO DE S. PEDRO NA HISTÓRIA DE CAMPO MAIOR (VII)

por Francisco Galego, em 24.01.08
AS FESTAS DO POVO
            “As Festas do Povo tiveram este ano um brilhantismo desusado. Cerca de 5.000 pessoas aclamaram os briosos aviadores militares que visitaram a vila por ocasião das festas. (…) A nota mais animada das festas, foi a vinda de dois aviões do Grupo de Esquadrilhas de Aviação República, da Amadora, cuja chegada estava anunciada, no programa, para o primeiro dia das festas, tendo sido, à última hora, marcada para o segundo dia, por motivo dos mesmos aviões terem de inaugurar um campo de aviação, em Vila Real de Santo António.
            Manhã cedo, as estradas que conduzem ao Rossio de S. Pedro, onde se devia fazer a aterragem, ofereciam um aspecto curioso. Quase toda a população da vila e os forasteiros, afluíram aquele local para gozar o emocionante espectáculo da chegada dos aparelhos que, pela primeira vez, nos visitaram. A aterragem estava marcada para as 9 horas. A essa hora, encontravam-se já no Rossio cerca de 5.000 pessoas.”
(O CAMPOMAIORENSE, Ano III, Nº 62, 30 de Outubro de 1923)

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publicado às 10:37

O CAMPO DE FUTEBOL DO ROSSIO
“Existem algumas indicações de que, já antes do começo da Primeira Grande Guerra, tinham existido grupos de rapazes que ensaiavam os primeiros chutos na bola aproveitando as esplanadas dos antigos fortes do Cavaleiro e do Ribeirinho, o fosso terraplanado que viria a ser o Jardim das Viúvas,onde actualmente se situa o Lar Betânia, a terra batida do espaço onde se construiu o Jardim da Avenida,ou o Campo do Rossio, quando não estava ocupado com as eiras, pois era aí que a população fazia a debulha dos cereais e o apuro da palha. Este campo do Rossio foi arranjado pela Câmara, para a prática do futebol no começo dos anos vinte e foi o campo normalmente utilizado pelos grupos da terra quando disputavam entre si desafios ou quando recebiam grupos de terras vizinhas, principalmente Elvas, Portalegre ou Badajoz.
O campo que não dispunha de balizas fixas – improvisavam-se como dois paus a servir de postes ligados por uma corda a fazer de trave – nem sequer possuía as medidas regulamentares; mas foi o único espaço disponível para a prática do futebol até se tornar possível a utilização do Campo Capitão César Correia, no início dos anos 40.” (P. 19 do livro: Sporting Clube Campomaiorense – Das origens à actualidade (1926 – 2001), por F. Galego)
 

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publicado às 10:25


ORIGENS DE CAMPO MAIOR - CRONOLOGIA I

por Francisco Galego, em 13.01.08
NA PRÉ-HISTÓRIA
            Os vestígios mais antigos de presença de grupos humanos na área do concelho de Campo Maior foram datados como pertencendo à fase final do Neolítico ou, mais exactamente aos períodos designados como Calcolítico e Neocalcolítico.
Como pertencendo ao período Calcolítico estão referenciados os povoados de Farrusco, Atalaia da Figueira, Zebro e Santa Vitória. Este, por nós visitado, apresenta materiais que permitiram datá-lo entre 3.000 a.C. e 2.500 a.C. aproximadamente.
Como pertencendo ao período Neocalcolítico os povoados do Cabeço do Cubo, do Monte dos Surdos, do Monte do Altinho, da Horta do Mourato e da Cabeça Gorda.
Pertencendo também a este período, estão assinaladas as antas da Horta do Mourato, da Lapagueira e a Anta do Touro.
 
Próximo de Campo Maior, já dentro do limite do concelho de Elvas e encostado ao rio Caia localiza-se um importante povoado de um período mais recente:
O povoado da Serra de Segóvia
Trata-se dum recintofortificado, com construções de planta rectangular, que terá sido fundado por volta dos século VII-VI a.C. e que se manteve ocupado até ao século I d. C., ou seja, até à época da romanização.
Nas escavações foram encontrados materiais mais antigos, típicos da Idade do Bronze Final, e outros mais recentes, da Primeira Idade do Ferro, como as peças de cerâmica montadas com recurso ao torno de oleiro e escórias de fundição de ferro que aponta para o fabrico de peças fabricadas com este metal.
 Os materiais recolhidos indicam que a fundação do povoado tenha sido feita por populações provenientes do interior Península Ibérica que aqui se fixaram pela garantia de defesa apresentada por um local tão acidentado, devido à grande riqueza da área em jazidas de ferro e por perto dele se localizar a única jazida de estanho identificada a sul do Tejo. Por outro lado, os campos circundantes, irrigados pelo rio Caia, seriam bastante férteis para garantirem a subsistência de uma população agro-pastoril.
Os materiais mais recentes, pertencentes à Segunda Idade do Ferro, documentam contactos com povos vindos das áreas mediterrânicas, como os gregos e os cartagineses. Esses materiais revelam que eram abundantes os contactos com o mundo romano desde início do século I a.C.
O acidentado do terreno e as fortes muralhas de defesa que construíram em volta das casas rectangulares de paredes de pedra, indicam que este povoado poderá ter constituído uma entidade política autónoma, controlando o território que servia de base à subsistência da sua população de tipo celtibérico.
Uma investigadora, talvez a que mais aprofundadamente se dedicou ao estudou este povoado, formulou a hipótese de que Segóvia terá estado ligada aos confrontos entre o exército de Sertório e as tropas fiéis ao governo de Roma. Contudo, no estado actual da investigação, não dispomos de informação relevante que permita associar este povoado às guerras entre os celtiberos liderados por Sertório e as legiões romanas. De qualquer modo, o povoado de Segóvia deverá estar ligado à chegada dos romanos a esta região.

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publicado às 19:16


ORIGENS DE CAMPO MAIOR - CRONOLOGIA II

por Francisco Galego, em 13.01.08
A ROMANIZAÇÃO
Com os romanos, os povos da Península Ibérica entraram decisivamente numa fase propriamente histórica de civilização. Os romanos trazem a esta região elementos civilizacionais e de cultura que vão marcar profundamente esta região:
A)                             A unificação linguística – a generalização do uso do latim levou ao desaparecimento dos antigos dialectos e formas de expressão usadas pelos diversos grupos que habitavam a Península Ibérica; todas as línguas que nela actualmente se falam, à excepção do basco, têm como base o latim: o português; o galego; o castelhano e o catalão.
B)                             A unificação jurídica e administrativa – com o direito romano, foi introduzido um conceito de lei e de ordem que regula as relações sociais em todos os seus aspectos; as decisões deixam de ser tomadas consoante a vontade arbitrária de quem detém o poder, porque têm de ser tomadas em consonância com as leis. Os romanos estabeleceram o seu sistema administrativo organizando o território em províncias e municípios, que passavam a ser geridos pelas autoridades de Roma em colaboração com as populações locais.
C)                             A unificação religiosa – primeiro aceitaram os deuses locais, o que facilitou que estas aceitassem também os deuses romanos; depois, quando o cristianismo se tornou religião oficial do Império Romano, a religião cristã passou a ser a religião de todos os povos governados pelos romanos.

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publicado às 19:15

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