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CAMPO MAIOR - SÉCULO XVIII

por Francisco Galego, em 07.12.07
Cap. VI – Da Villa de Campo Mayor (p. 366 a 368)
 
Campo Maior foi povoação de 1.200 vizinhos. Hoje, por causa das guerras com Castela, acha-se com 850 , com casas muito nobres e limpas, cujos apelidos são Vaz, Galvão, Mexia e Sequeira, que a vieram povoar.
Foi ganha aos mouros na era de 1219, pela família dos Peres naturais de Badajoz; estes deram a vila à fábrica da Igreja de Santa Maria do Castelo, sendo bispo de Badajoz D. Pedro Peres, que lhe deu por armas Nª Sr.ª e um cordeiro com um circulo à roda que diz: Sigillum Capituli Pacensis.
Depois, no reinado de D. Dinis que lhe fez o castelo na parte mais alta do terreno para o lado de Elvas, havendo controvérsia entre os moradores sobre o lugar para onde haviam de estender a povoação, ajustaram que para o maior campo, de que resultou ter por nome Campo Maior.
Tem uma freguesia da invocação de Nª Srª da Expectação, que se edificou no tempo de D. Sebastião de Matos, bispo de Elvas, com um prior e dois vigários para administração dos sacramentos e rezarem em coro com os outros beneficiados: são benefícios simples e muito ténues.
Tem um convento da invocação de Santo António, de frades franciscanos, que vivem no castelo desta vila enquanto se acaba o convento que se lhes funda por ordem do sereníssimo rei D. Pedro II. Servem-se os padres da Igreja que antigamente foi matriz desta vila, a qual foi deixada pelos clérigos no ano de1645, sendo dela prior Fernando Gil Castelo. A primeira fundação deste convento foi junto às casas para o lado das Poças e que foi mandado derrubar por causa das guerras com Castela.
Tem outro convento de frades de São João de Deus, com título de Hospital del-Rey, onde se curam os soldados e mais gente de guerra da guarnição da Praça.
Tem Casa da Misericórdia com seu hospital.
Tem três ermidas (pois as mais estão extintas):
- uma de São João Baptista, em que o Santo é muito venerado pelos muitos milagres que Deus Nosso Senhor faz por sua intercepção;
- outra do Mártir S. Sebastião, imagem muito selecta e de singular beleza;
- a de S. Pedro que fica fora dos muros e na qual está o Santo pintado na parede com tal perspectiva que parece olhar para todas as direcções. Segundo a tradição, estando feita a ermida, entram nela dois forasteiro e, depois, quando se ausentaram, os naturais acharam a imagem pintada em fresco com dois cardeais ao lado. Esta pintura ainda hoje existe.
Foram baptizados na pia da antiga matriz desta vila o Beato Amadeu que instituiu a Ordem dos Amadeus em Itália (o seu nome secular fora João de Menezes e Silva, filho segundo de Ayres Gomes da Silva, alcaide de Campo Maior e Ouguela) e D. Isabel de Menezes, filha de D. Pedro de Menezes, Conde de Viana e primeiro Capitão de Ceuta e irmão de D. Diogo da Silva, primeiro Conde de Portalegre.
D. Beatriz da Silva, que instituiu a Ordem da Conceição em Castela foi irmã do dito João Menezes da Silva e filha de seus pais os quais passaram a Castela com a rainha D. Isabel, filha do Infante D. João, quando foi casar com El-rei D. João II de Castela.
Foi também natural desta vila o bispo Martinho Afonso Mexia que nela tem muitos sobrinhos e dilatada família; foi primeiro bispo de Viseu e depois de Coimbra e Vice-rei deste reino.
É esta vila muito abundante de trigo, cevada e legumes, com muitos montes no termo onde vivem os lavradores.
Dista da cidade de Elvas três léguas para Norte, meia légua do Rio Caia que nasce na Serra de São Mamede, junto ao Rio do Sete, termo da vila de Marvão e que corre pelo meio dos soutos de Alegrete e junto de Arronches, vindo a servir de linha de divisão entre esta vila de Campo maior e a cidade de Elvas. Com as águas do Caia regam-se muitas hortas e pomares e moem muitos moinhos. É rio de muitas pedras e, por essa razão, o peixe que cria é tido como sendo melhor que os dos outros rios.
Entre as muitas hortas que tem esta vila, é muito nomeada a Horta de São João Baptista pelo aparecimento que nela fez o santo a Gonçalo Rodrigues, homem virtuoso e pelo milagre que com ele usou em lhe tirara um lobinho que tinha na cabeça e passar-lho para o pé esquerdo, a fim de convencer os moradores a voltarem às suas casas de que se tinham retirado por causa da peste, a qual já tinha cessado como lhe afirmara São João Baptista.
P. ANTÓNIO CARVALHO DA COSTA, COROGRAFIA PORTUGUEZA E DESCRIPÇAM TOPOGRAFICA DO FAMOSO REYNO DE PORTUGAl ... Braga, 2ª ed.1868, 1ª ed. 1706 - 1712

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