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ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL

por Francisco Galego, em 31.08.07
Em Campo Maior, em meados do século vinte, os assalariados rurais reuniam-se ao ar livre nos Cantos de Baixo quando o tempo o permitia e frequentavam a sede da música no Assento, ou a da Casa do Povo; os comerciantes, os oficiais e os mestres dos ofícios, bem como os pequenos e médios proprietários, eram presença habitual na Sociedade da Praça que, aliás, fazia cuidadosa selecção na admissão de novos associados; acima destas e no vértice da pirâmide social, o Grémio ou Sociedade dos Ricos era o “santo dos santos” só acessível a uma elite muito restrita porque muito seleccionada.
Um pouco mais tarde, por razões clubistas, tinham aparecido alguns centros de convívio mais interclassistas como a sede do Sporting Clube Campomaiorense e a Casa do Benfica.
Como locais de convívio masculino, para os trabalhadores rurais, havia também muitas tabernas espalhadas por quase todas as zonas da vila.
Café, propriamente dito, apenas o desaparecido Café Central ou Café Guitano, com uma extraordinária organização ao encontro da estratificação que caracterizava a sociedade campomaiorense nesse tempo: numa primeira sala encontrávamos um clima perfeito de taberna, tanto no que respeitava ao mobiliário como no tipo de serviço que aí se dispensava aos clientes; na parte central uma zona constituída por duas salas – a do bilhar e a das mesas para se tomar café e cavaquear; depois seguia-se uma espécie de reservado para os clientes de categoria que não apreciavam o convívio generalizado com a outra gente. Num canto desta última sala, ficavam as mesas que funcionavam como restaurante.
 
Esta organização dos centros de convívio numa vila como Campo Maior, sociedade fundamentalmente agrícola e com características bastante arcaicas, parecerá hoje inacreditável para as novas gerações. Mas estava irremediavelmente de acordo com as condições de vida desse tempo.
Depois, embora tudo parecesse continuar na mesma, uma vez que a situação política de ditadura persistia, tudo começou a mudar. Começou com o incontível fluxo migratório que arrastou para as grandes cidades e para a Europa uma tal massa de gente que nada poderia, a partir daí, permanecer como tinha sido. Os pobres tornaram-se menos e menos pobres. Com isso, os ricos começaram a cair do seu pedestal. A agricultura, com a mecanização, sofreu tão profundas mudanças que muitos não conseguiram sobreviver-lhes, vendo-se obrigados a mudarem por completo o seu modo de vida. Parecia que tudo se desmoronava tal era o impulso de mudança provocado pela nova situação.
Foi todo um estilo de vida que desapareceu. Nestas condições, tornava-se inevitável que muitas das organizações e associações desaparecessem porque tinham nascido para outro modelo de sociedade.
Diz-se que as fontes, em períodos de grandes secas, antes de secarem por completo, deitam um jorro mais forte parecendo que vão renascer. De certo modo foi isso que aconteceu com as antigas “sociedades” e locais de convívio. No início dos anos 60, quando elas já tinham entrado numa acentuada decadência prenunciando o seu fim, a televisão começara a transmissão regular de programas para todas as regiões do país. Os equipamentos e os aparelhos receptores eram caros. As associações e clubes aproveitaram para os instalar e, organizando espaços para assistência aos programas, atraíram de novo as massas associativas que garantissem a sua subsistência.
Foi sol de pouca dura. A facilidade na aquisição desses equipamentos pelas famílias ditou o fim irremediável dessas agremiações. Delas nada mais resta na vila raiana de Campo Maior.
 

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publicado às 15:46


TRADIÇÕES

por Francisco Galego, em 27.08.07
             Terá sido no final do anos 80 ou no começo da década seguinte que a Câmara Municipal de Campo Maior, promoveu uma festa de evocação da época medieval. Creio que, entre outros objectivos, pretendia chamar a atenção para o valor patrimonial, histórico e cultural do castelo, então relativamente esquecido e ainda menos aproveitado do que está hoje.
Nessa altura, a iniciativa foi bastante inovadora e teve um impacto muito significativo. Hoje as realizações deste tipo estão de tal modo generalizadas, há tantas povoações que as levam a efeito, que se está a cair numa certa banalização.
Pessoalmente, não as aprecio porque, tendo um discutível valor enquanto reconstituições de carácter histórico, resultam, na maioria dos casos, em simulações de fraca espectacularidade.
Na verdade, quem viu uma viu todas porque, não se baseando numa vivência cultural das populações, são feitas de estereótipos que nada têm a ver com a própria comunidade que as realiza e muitas delas só muito longinquamente poderão ser tomadas como reconstituições aceitáveis da época que pretendem evocar.
Por esta e por outras razões, aprecio mais esta realização que, pela segunda vez, se levou a efeito em Campo Maior.
Aqui, em Campo Maior, realizou-se de 25 de Agosto a 2 de Setembro, um programa de animação cultural que tem o nome de Tradições. Tem como objectivos expressos o reviver e o reavivar a memória das tradições locais.
            No ano passado, estes objectivos foram alcançados através da ornamentação das janelas com flores de papel e da realização de desfiles e espectáculos de carácter etnográfico. Estas actividades suscitaram alguma adesão e contentamento entre a população e entre os que visitaram a vila nessa ocasião.
            No dia em que estou a escrever esta crónica a realização da segunda edição deste evento vai ainda a meio. Neste ano, as Tradições arrancaram num dia de impertinente e inesperada chuva que causou alguma falta de brilho e de animação no desfile do primeiro dia. No segundo dia as condições melhoraram e o cortejo decorreu bastante melhor. Quanto aos espectáculos, aqueles que me foi dado ver deixaram-me a sensação de algum desencanto causado, por um lado, por se tratar de “algo já visto” pois, mais de metade dos grupos folclóricos que nos visitaram eram repetentes, uma vez que já cá tinham estado no ano passado e praticamente nada mudaram, quer quanto a repertório, quer quanto às coreografias; por outro lado, esse desencanto agravou-se em certos casos porque alguns deles se apresentaram mais desfalcados do que seria de esperar, sendo o caso mais extremo o do Rancho Folclórico de Cabeção que tinha uma dúzia de elementos no instrumental e nas vozes para acompanhamento de apenas cinco pares de “bailadores”, sendo que em dois deles as figuras masculinas estavam representadas por rapazinhos na pré-adolescência, e noutro par o elemento masculino era preenchido por uma rapariga com trajo de homem. Enfim, serão dificuldades de recrutamento de elementos capazes. Mas, às vezes, é preferível não aparecer do que aparecer em tais condições.
            Na minha opinião, se outras edições do mesmo evento viessem a acontecer, devia haver maior empenho em mostrar outras opções neste domínio do folclore. Porque o povo gosta, como se comprova pelas assistências que acorrem a este tipo de espectáculos. Mas é preciso corresponder a esse gosto mantendo um certo nível de qualidade.
O povo gosta porque, no fundo, se trata de evocar aspectos muito enraizados na cultura popular:
- As janelas ornamentadas evocam as Festas do Povo que, pela grandiosidade que alcançaram, são cada vez mais difíceis de organizar com alguma regularidade;
- Os cantares dos ranchos folclóricos permitem animar essa extraordinária manifestação de canto e de dança popular tão cultivada pelo povo de Campo Maior que são as Saias;
- Quanto aos desfiles etnográficos, reavivam a memória do modo de viver nesta vila há mais de cinquenta anos, quando a sua população, os nossos avós, eram, na grande maioria, gente ligada ao trabalho no campo, evocando uma cultura camponesa hoje desaparecida, uma cultura de gente com um modo próprio de viver que se manifestava nos hábitos ligados ao seu modo de trabalhar e nas suas maneiras de conviver e de se divertir. Nos desfiles, os figurantes envergam trajes que em tempos idos constituíam o modo de vestir dos camponeses, principalmente as mulheres que tanto orgulho tinham na sua maneira de trajar, vestindo-se de acordo com as tarefas que tinham de desenvolver ao longo do ano. Havia um modo de trajar na apanha da azeitona e outro para “escardar” que era diferente do que se usava para ceifar. Havia também, para além da roupa de trabalhar no campo, o traje de portas – os aventais bordados, as blusas e as saias de chita, que só se vestiam até às portas da vila, quando se ia para o trabalho e, a partir das portas da vila, na volta do trabalho, para regressar a casa.
 
No meu entender, há razão para se levarem a efeito eventos desta natureza para promover alguma animação cultural na vila de Campo Maior. Se não podemos assumir o pesado encargo de enfeitar todos os anos as nossas ruas, ao menos poderemos tentar, anualmente, promover uma festa deste género em que se ornamentem as janelas e até se deviam enfeitar com mastros e bandeirolas os espaços públicos onde ainda se podem balhar as saias. Reconstituam-se os fatos de camponesas que as nossas avós usaram e organizem-se bandos de arruada para percorrerem as ruas cantando as quadras de antigamente ou aquelas que agora quiserem e souberem improvisar.
            Não é imitando o que os outros fazem que podemos despertar o interesse e a aprovação que farão com que outros nos venham visitar. Pensem que o que fez a grandeza das nossas Festas é a sua imensa originalidade e o grande valor artístico que conseguiram alcançar como demonstração legítima de cultura popular.
            Campo Maior precisa de ter actividades culturais próprias que façam vir até nós gentes de outros lugares, porque isso seria útil e bom em vários aspectos.
Todos temos consciência de que, pelo enorme esforço que implicam, as Festas do Povo se não podem fazer senão espaçadamente. Mas um festival de folclore local é bem mais fácil e menos custoso de se fazer. Por outro lado, é uma forma de mostrar e de dizer aos outros como foi e que coisas realizou o povo que somos. Ao mesmo tempo vamos conservando a nossa memória colectiva e mostrando às novas gerações quem eram e como viviam os nossos antepassados.
                                                                                                           

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publicado às 18:05


NOUTRO TEMPO ... O VERÃO ...

por Francisco Galego, em 17.08.07
 Quando chegam as grandes calmarias de Verão, o Alentejo torna-se mais profundo. Mais isolado do resto do mundo. A terra ressequida, nas horas de calor mais intenso, parece tornar-se um imenso brasido. Olhando para longe, sobre os restolhos, vemos um tremeluzir que parece desvanecer o contorno das coisas. No entanto, é esta terra esbraseada que mais me traz as recordações da minha infância.
Por esta altura, livres da escola e das tarefas a que ela obrigava, batíamos os campos, insensíveis ao calor que tanto incomodava os mais velhos, sobretudo os que tinham de labutar penosamente na canseira das ceifas e no trabalho de debulha a que se entregavam nas eiras. Numa busca vadia procurávamos grilos, pássaros que estonteados pelo calor se punham ao alcance das nossas fisgas. Deitávamos a mão a alguns figos  que, na ausência dos donos, ficassem ao nosso alcance Quando regressávamos esbraseados e sedentos, trazíamos os bolsos cheios de tudo a que pudéssemos ter colhido, despertado a nossa gula e o nosso interesse. Éramos livres e felizes, embora muito inconscientes dos perigos que frequentemente corríamos e das maldades e excessos que quase sempre praticávamos.
Por circunstâncias da minha vida, cedo abandonei esta vida que não sendo muito boa era sobretudo vivida com grande sentido de camaradagem. As maltas em que nos integrávamos, os que vivendo em proximidade de ruas ou de bairros, eram autênticas escolas de aprendizagem de coisas que não se aprendiam nos bancos das escolas mas que nos moldaram para o resto da vida:
- a solidariedade entre os membros do grupo;
- o sentido de pertença aquela pequena comunidade;
- o sentido de entreajuda;
- a lealdade e o dever de cuidar dos mais novos, dos mais fracos e mais desprotegidos;
- a coragem para lutar em defesa do interesse de todos.
 A vila mudou muito. O mundo da minha infância morreu. Posso apenas recordá-lo, tentar dá-lo a conhecer aqueles que o não viveram. Se estivesse na minha mão, procuraria que as novas gerações conhecessem a comunidade rural em que cresci para a vida, aqui em Campo Maior.
 

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publicado às 18:45


EMIGRANTES

por Francisco Galego, em 16.08.07
Com o Verão, regressaram de visita à sua terra muitos dos campomaiorenses que fazem a sua vida em terras mais ou menos distantes. Trá-los a saudade e a necessidade de reverem os seus e os locais onde cresceram e viveram parte da sua existência.
            Noutras terras, a recepção aos emigrantes é programada e organizada com a preocupação de lhes propiciar o melhor acolhimento e estadia possíveis. Aqui, em Campo Maior, não se tem verificado tal preocupação. Sendo a nossa terra pobre de eventos de carácter tradicional, torna-se fácil perceber que não seja muito aliciante para os que cá vêm, fazer por aqui grande demora. Por isso, abreviam a estadia, procurando nas praias melhores condições de descanso e de diversão.

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publicado às 18:41


NO ANTIGAMENTE … CAMPO MAIOR (III)

por Francisco Galego, em 10.08.07
 
Segundo a quase totalidade dos autores que descrevem o Alentejo, o pastoreio e a criação de gados foi, até ao fim do século XVIII, uma actividade agrícola fundamental nesta região. Atendendo à grande extensão dos baldios, à importância dos restolhos que ficavam, após as ceifas, nas terras ocupadas com a cultura dos cereais e às folhas que ficavam anualmente em pousio, devido ao sistema de rotação de culturas, podemos entender quanto o pastoreio devia ser uma actividade de grande importância económica.
Os cereais apresentavam uma grande irregularidade de rendimento pois só propiciavam lucros abundantes nos raros anos de fartas colheitas. Os gados podiam garantir um rendimento mais regular pois que, mesmo nos anos agrícolas mais fracos, os animais podiam alimentar-se nos campos.
 
            Os bovinos desempenhavam antigamente uma função muito importante pois serviam de animais de tracção dos pesados carros usados para o transporte dos produtos da terra e para puxarem os pesados arados de madeira com pontas de ferro com que se faziam as lavras nos campos.
No decurso do século XIX foram perdendo terreno em favor dos muares, pois os carros de eixo móvel, de tracção por bois, começaram a desaparecer no Alentejo há cerca de duzentos anos, substituídos pelos carros mais leves, de eixo fixo em ferro e rodas de raios, puxados por muares.
Mais tarde, com o fabrico de arados em ferro, mais leves e mais eficazes devido à utilização do sistema da relha e da aiveca, tornou-se possível a utilização de parelhas de muares na lavra dos campos. Os bois foram sendo postos de lado pois eram demasiado lentos para responderam às crescentes necessidades da cultura dos cereais.
Um documento de 1830 descreve deste modo a situação dos transportes em Campo Maior, nesta fase de transição dos bovinos para os muares: “Contam-se nesta vila 80 carros de bestas (mulas, burros, cavalos) e cinquenta carros de bois, mais ou menos. Os carros de bestas pertencem tanto aos lavradores como aos seareiros e aos carreteiros, sendo que estes os usam para com eles fazerem transportes; os carros de bois pertencem aos cultivadores das herdades.” Esta passagem dá a entender que, provavelmente, as bestas ainda não eram utilizadas no trabalho dos campos, mas as “charretes” puxadas por cavalos e os carros puxados por mulas eram de emprego corrente em Campo Maior.
Assim, a grande novidade na agricultura no século XIX foi a generalização do emprego dos muares nos transportes e no trabalho dos campos. O seareiro que antes possuía uma junta de bois, passou a poder possuir uma parelha que lhe produzia em menos tempo muito mais trabalho.
 
O pastoreio dos ovinos implicava o comércio da lã e da sua utilização pelas oficinas locais ou para exportação para terras onde estivesse mais desenvolvida a tecelagem. O comércio da lã, como o comércio do trigo, vão constituir os dois principais factores para o desenvolvimento de actividades de uma economia capitalista na agricultura alentejana.
A associação das searas aos rebanhos de ovelhas existe no Alentejo mesmo ao nível das paisagens, tratando-se sem dúvida de duas actividades complementares por causa da rotação de culturas, da utilização dos baldios e do aproveitamento dos restolhos. 
No Alentejo havia pastores que tomavam de arrendamento as herdades apenas para nelas colocarem os seus rebanhos em pastagem, sem as cultivarem. E isto acontecia tanto para os ovinos como para os porcos. Daí as frequentes queixas contra a existência de grandes extensões de terras que ficavam incultas para nelas se praticar apenas o pastoreio. Além da lã os pastores fabricavam o queijo que conseguiam vender mesmo para Lisboa onde eram muito apreciados. No distrito de Portalegre havia grandes rebanhos de ovinos com particular incidência nos concelhos de Campo Maior, Fronteira, Ponte de Sor e Gavião.
Segundo um autor anónimo de Campo Maior que enviou relatório para Lisboa, em 1779, cinco pessoas arrendaram 39 das 54 herdades do concelho, tendo uma dessas pessoas tomado para si 9 dessas herdades, não para as cultivar, mas para nelas colocar os seus rebanhos de ovelhas.
No concelho de Campo Maior, que era considerado um dos mais ricos do Alentejo, por nele predominarem os solos argilosos, o cura em resposta a um inquérito feito em 1758, queixava-se da pequenez da sua paróquia que ocupava todo o concelho, o qual, por ser tão pequeno, não teria espaço suficiente para o pastoreio. Por isso se tornava necessário ir procurar pastagens fora do concelho.
Em 1775 terá havido uma tal polémica neste concelho envolvendo as questões do pastoreio que suscitou um inquérito ordenado pela Corte Suprema do Reino, o qual forneceu preciosas informações sobre a situação local. Essas informações não deixam dúvidas quanto à importância dos criadores de gado no concelho de Campo Maior, no século XVIII.
Num outro documento, o notário do concelho pretendendo classificar os signatários de uma petição favorável à manutenção das pastagens em comum, coloca os criadores de gado e os pastores ao mesmo nível dos lavradores, seareiros e carreteiros. O poder desse criadores e pastores era tal que, em 1757, conseguiram obter a abolição de um regulamento municipal que lhes era hostil porque impedia que, quem não tivesse quatro juntas de bois e não cultivasse uma herdade, pudesse beneficiar do pastoreio nos baldios.
A criação de gado ovino terá alcançado tal extensão que gente pobre vinha para Campo Maior em busca de fortuna, na expectativa de que, começando como pastores, pudessem vir a tornar-se proprietários de rebanhos e, até mesmo, lavradores. O número de cabeças de gado ovino era de 22.782 em 1775; portanto, muito elevado para um concelho de tão pequeno território. Só assim se compreende o vigor das polémicas em torno das pastagens nos baldios. Em 1788 foi aprovado um regulamento que obrigava os de fora a alugarem uma terra para a poderem aproveitar para pastagem. Trinta anos mais tarde houve reclamações contra os excessos da criação de gados atribuindo-os ao direito de cercar os campos e à obrigação de os gados se deslocarem apenas pelas canadas.
Há notícias de que boa parte destes gados passavam para Espanha em contrabando. O autor anónimo de Campo Maior avaliava em 60.000 o número de animais que passavam todos os anos para Castela, declarando que colhera esta cifra junto de um castelhano bem colocado e sublinhando que se tratava de animais de vários espécies e não apenas originárias do Alentejo. Em 16 de Maio de 1796 foi tomada uma resolução com um título bem significativo: Aviso destinado a evitar a passagem de gado do Alentejo para Espanha. Tratava-se sobretudo de animais destinados ao fornecimento de carnes de borrego e de porco.
De qualquer modo, todas as informações apontam para que se possa concluir que, em Campo Maior e em geral na região de Elvas, a criação de gado ovino ocupava um lugar notável na economia local.
 
A criação de porcos no concelho de Campo Maior, embora importante, não teve tanta relevância como a criação de ovelhas. A mancha de montado nesta região foi sempre escassa, muito inferior à extensão das terras destinadas à produção de cereais.
 
 

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publicado às 18:44


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