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Campo Maior - Festas do Povo

por Francisco Galego, em 30.03.07

As Festas do Povo de Campo Maior têm as suas origens mais antigas no culto a S. João Baptista, constituído padroeiro de Campo Maior desde o século XVI. As comemorações em honra do Precursor de Cristo, remontam ao século XVIII. Começaram a fazer-se como forma de agradecer ao santo ter salvo Campo Maior nas aflições de um cerco por tropas invasoras que estavam na eminência de tomar de assalto a povoação, no contexto da Guerra de Sucessão de Espanha.

Na forma que até hoje têm revestido, começaram a fazer-se no ano de 1893. Desde então, até hoje, realizaram-se 32 vezes, com grande irregularidade, segundo os caprichos da fortuna e os acasos da política. Por várias vezes, os períodos de interrupção foram tão longos que parecia que esta tradição se ia para sempre perder. Mas, quando tudo parecia irremediavelmente esquecido, elas voltavam.

As Festas do Povo foram-se adaptando às transformações sofridas pela sociedade. Mas sempre crescendo em criatividade, em grandeza e em fama. A notoriedade alcançada há muito passou para além do espaço regional e das fronteiras de Portugal.

Sendo sempre incerta a sua continuidade, procurou-se com este livro deixar um testemunho, tão completo quanto possível, da sua evolução.

GALEGO, Francisco Pereira (2004). Campo Maior. As Festas do Povo, das origens à actualidade. Lisboa: Livros Horizonte.

 

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publicado às 15:45


Campo Maior - Cantar e bailar as saias

por Francisco Galego, em 30.03.07

O "Cantar e bailar as saias" constitui uma manifestação de cultura popular que, por tradição, remonta a tempos muito recuados e que, segundo investigadores que ao seu estudo se têm dedicado, se identifica com as populações do Alto Alentejo.

Em Campo Maior, as "saias" mantêm-se, ainda hoje, como a sua mais viva expressão de cultura popular.

Este livro procura inventariar a prática e criação contínua da população do concelho de Campo Maior, neste domínio, recuperar e preservar a memória ainda presente nas gerações mais antigas e explicitar as fases da evolução que o cantar de saias foi conhecendo ao longo do tempo. Nele se consubstancia a recolha, tão extensiva quanto foi possível, do que ainda sobrevive desta expressão cultural.

Este livro é também uma homenagem à criatividade de um povo de camponeses que, num passado não muito distante, desenvolveu interessantes formas de cultura popular em Campo Maior.

GALEGO, Francisco Pereira (2006). Campo Maior - Cantar e Bailar as Saias. Lisboa: Livros Horizonte.

 

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publicado às 15:31


MEMÓRIAS I

por Francisco Galego, em 30.03.07
           
Nasci aqui, em Campo Maior, vila raiana do Alto Alentejo, em plena Grande Guerra: a segunda, a de 1939 a 1945. Um conflito que envolveu homens de quase todas as nações e de todos os continentes. Pouco antes, do outro lado da fronteira, fora feito o ensaio geral, com a Guerra Civil de Espanha de 1936 a 1939. Ainda assisti aos efeitos tremendos dessa luta fratricida que dilacerou o povo espanhol, deixando um rasto de miséria que perdurou por muitos anos.
            Comecei a tomar consciência das coisas da vida quando a vida era, de facto, muito difícil. Como tive a sorte de não ser dos menos afortunados, não sofri a tormentosa miséria em que vi crescer alguns dos meus companheiros. Tenho consciência plena de que, uma coisa é suportar a carência de quase todas as coisas necessárias a uma vida minimamente decente, outra é ter apenas de ver o sofrimento que essa carência impõe aos que a têm de sofrer.
            A guerra é sempre um facto terrível. Mas esta, que estava em curso quando nasci, além dos aspectos tremendos de que se revestiu, teve a suprema importância de significar uma ruptura radical na evolução das sociedades humanas. Claro que as coisas não mudaram logo no tempo da guerra, tanto mais que não tivemos dela uma vivência directa. Mas os efeitos que ela implicou, desencadearam um processo acelerado de mudanças que não mais parou até aos dias de hoje.
            O mundo mudou tanto no espaço de meio século que os homens e mulheres da geração a que eu pertenço, quando recordam o mundo da sua infância, constatam que esse mundo não existe mais. Meu pai nasceu e viveu num mundo muito semelhante àquele em que se pai e seu avô tinham vivido. Brincaram nos mesmos espaços e praticaram os mesmos jogos. Os jogos que eu próprio ainda conheci. Mas os meus filhos não tiveram já qualquer contacto com os jogos e brincadeiras que animaram a minha infância.
            Nascido numa vila alentejana no início da última década da primeira metade do século vinte, o mundo da minha meninice era um mundo essencialmente rural. A população vivia, na sua quase totalidade, da agricultura e ocupava-se essencialmente no trabalho dos campos. A vila, embora tivesse rompido em vários sítios a cerca de muralhas a que a constrangera a sua função de praça de guerra, pouco tinha crescido nos últimos dois séculos. Todos se conheciam e, sobre cada um de nós, todos tinham amplas referências, bem como das famílias a que pertencíamos.
            Por toda a vila as carroças e os apetrechos da agricultura eram uma presença constante. As carroças puxadas por burros ou por muares começavam a soar de manhã bem cedo ao saírem para os campos. Os automóveis contavam-se pelos dedos de uma só mão. Tractores, debulhadoras e outras máquinas agrícolas começaram a chegar já eu estava no fim da escola primária. Os candeeiros a petróleo eram a única fonte de luz da maior parte das casas. A electricidade era de fraca qualidade e muito atreita a avarias que por vezes deixavam a vila na mais negra escuridão durante dias seguidos; por vezes, semanas e meses.
            Não falo de tudo isto por saudosismo. É uma tolice e uma grande hipocrisia falar dos “velhos tempos” como se dos bons tempos se tratasse. Os bons tempos são os do presente e os melhores tempos são provavelmente os do futuro que ainda estão para vir.
            Por gosto e por vocação fiz do estudo e do ensino da História o meu modo de vida. Mas o conhecimento da História não fez de mim um saudosista. Não choro o tempo que passou, nem exalto as suas “virtudes” perdidas. Eu sinto apenas uma imensa pena de já não poder viver o tempo que há-de vir pois tenho a convicção que ele será melhor do que o tempo que agora vivo. Parece-me ser esta a melhor e mais atilada maneira de entender as coisas importantes da vida.
            É importante compreender o passado, pois o seu conhecimento ajuda-nos a entender como e porquê as coisas evoluíram num certo sentido. Mas a contemplação do passado tem qualquer coisa de mórbido que não nos deixa apreciar o lado bom da vida que nos cabe viver.
            Todas as épocas tiveram os seus problemas e em todas elas isso foi motivo para alguns fazerem o choradinho de que “no meu tempo é que era bom”. O melhor e maior castigo que se lhes podia dar era fazê-los voltar a viver nesse tempo que só era bom porque é um tempo já passado.
            Por muito que por vezes nos pareça que não, o mundo vai evoluindo no sentido do seu progressivo aperfeiçoamento.
            Tenho consciência dos problemas que, neste momento, preocupam e atormentam os meus filhos. As dificuldades que vivem e, sobretudo, as dificuldades que vêem os outros viverem. Mas se me ponho a comparar as minhas recordações com as suas vivências, acabamos por chegar à conclusão de que talvez as coisas não sejam tão más como, nos “bons velhos tempos”, foram.
 
 
 
 

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publicado às 12:00


Autonomia Municipal em Risco II

por Francisco Galego, em 23.03.07
Passaram cerca de 140 anos sobre os graves acontecimentos que, durante meses tinham trazido angustiados e revoltados os habitantes de Campo Maior. O governo que, por essa altura, estava constituído em Portugal, decidira efectivar uma reforma administrativa que consistia essencialmente numa acção centralizadora que levava à criação de grandes concelhos e de que resultava o desaparecimento de antigos concelhos como Campo Maior.
Esta decisão provocou grande revolta entre os campomaiorenses que iam perder a sua autonomia municipal, tornando-se apenas numa paróquia civil, ou seja, numa espécie de aldeia de um novo concelho que teria como cabeça a cidade de Elvas.
Não se tratava apenas de uma questão de prestígio, embora isso, só por si, fosse de considerável importância. Tratava-se sobretudo de perder privilégios que eram de grande relevância para os campomaiorenses. Os serviços que, até aí, estavam sedeados na vila, iriam passar para a cidade de Elvas. Isto numa época de tanta dificuldade de transportes por causa das más estradas e das grandes distâncias que só podiam ser vencidas em longas, incómodas e demoradas caminhadas a pé, no dorso dos animais, ou em ronceiras carroças.
Além disso outras questões pesavam nas preocupações dos campomaiorenses. Campo Maior era, nessa altura, uma terra bem administrada. Havia décadas que a câmara estava entregue a um conjunto de homens, de que se destacava o comendador Barata, que muito bem cuidavam da vila sendo muito elogiadas as obras de beneficiação que tinham sido levadas a efeito. Em compensação Elvas, pelo contrário, tinha a fama de estar entregue a péssimos administradores. Daí advinha, entre outras consequências, que existisse uma grande diferença entre os impostos camarários que eram cobrados em Elvas e os que eram cobrados em Campo Maior.
 Acima de tudo havia o sentimento de revolta por verem assim menorizada uma terra de tanto prestígio, tão próspera e de tão notável quanto era Campo Maior. Até porque, naquele tempo, as diferenças entre Elvas e Campo Maior não seriam muito acentuadas.
Mas, no final do ano de1867, a situação começou a mudar. O governo lançou um novo imposto sobre o consumo. A situação já era tão crítica que esta foi a gota que fez transbordar. Os comerciantes de Lisboa, Porto e Braga revoltaram-se. No Porto houve conflitos de grande gravidade. Esta revolta, que ficaria conhecida como a Janeirinha, provocou a queda do governo que apresentou a sua demissão ao rei no dia 31 de Dezembro.
Os jornais noticiaram: “Caiu o ministério Fontes-Ferrão. Propagou-se por todo o país tão fausta notícia com a rapidez da electricidade e, não tem tido limites a alegria do povo. Lição eloquente para orgulhosos.”
Perante uma oposição tão generalizada, era preciso arrepiar caminho para repor a ordem e o equilíbrio político. O novo governo teve de anular as decisões que haviam sido tomadas e que provocavam a revolta das populações. Entre essas medidas, a que mais afectava os campomaiorenses, era a reforma administrativa que determinava a extinção do concelho de Campo Maior. E a notícia tão desejada acabou por chegar.
Para dar uma ideia da alegria com que foi recebida na vila a notícia de que tinha sido anulada esta nefasta decisão, transcrevo o que, a propósito foi publicado no nº 63 de 23 de Janeiro de 1868 do jornal de Elvas Democracia Pacífica:
"Campo Maior, 19 de Janeiro           
            Foi aqui imensamente festejada a dissolução parlamentar: repiques (dos sinos), toques de música, foguetes, vivas e iluminação, tudo enfim superabundou.
Na quinta-feira, 16 pelas 2 horas do dia, o ex-governador civil do distrito de Portalegre telegrafou ao ex-administrador deste concelho para que reassumisse o cargo. Pouco depois o oficial de diligências com o pregoeiro fazia pública a extinção e suspensão das leis que causaram distúrbios no reino. À noite as duas filarmónicas unidas foram tocar pelas ruas e à porta do dito administrador, havendo foguetes e os costumados vivas.
            Na sexta-feira, 17, o regozijo pela chegada da comissão que foi a Lisboa representar a el-rei contra a supressão do concelho, era tal que parecia um povo de loucos. A toda a hora se ouvia o rodar de caleches, de seges, char-à-bancs e de carros que conduziam gente para a estação de Elvas a esperarem a comissão campomaiorense que devia chegar pelas 7 ½ horas da noite como efectivamente chegou. Parecia que se despovoava Campo Maior.
Quando eram 7 horas da noite, mais de 2.000 pessoas enchiam a rua do Ramires, Cantos de Baixo e rua Direita, onde está a casa da sociedade artística, que tinha erguido um grandioso arco triunfal (trabalho do Sr. João Leitão e dos seus oficiais e amigos) tendo em cima um coreto para as duas filarmónicas que, reunidas, são uns quarenta músicos.
Às 7 ½ da noite soube-se que a comissão partia da estação de Elvas para Campo Maior, acompanhada de uma parte do povo, que a tinha ido esperar e que vinha com archotes pela estrada, cuja extensão é de 3 léguas.
Próximo das 8 horas da noite saiu a filarmónica, dirigindo-se a casa do fiscal da câmara, o qual saiu com a bandeira da mesma e acompanhado pelos mais vereadores (menos o Sr. presidente que, por ser membro da comissão vinha com ela), foi colocar-se na frente da música. Aos gritos do povo: - Viva a câmara! Viva o concelho! Viva el-rei! – marcharam todos, seguidos cada vez de mais povo, pelas ruas da Canadinha, Canada, Mouraria de Cima, Mouraria de Baixo, S, João de Deus, S. João Baptista, Terreiro da Estalagem, Paço Misericórdia e Direita, parando à porta da dita sociedade.
Aqui o povo, que nunca cessou de dar vivas, gritou: Ao campo! E lá marchou a câmara, a música e umas 3.000 pessoas, para a Porta de Santa Maria (vulgo Porta da Vila) e daqui pela estrada real até às proximidades da ermida de S. João Baptista, extramuros e a dois 2 Km da povoação.
Não sei descrever quanto presenciei: infinitas luzes de archotes por toda a estrada e montes próximos, as negras nuvens de povo, música, fogueiras nas hortas, foguetes ao ar em todas as direcções correspondendo aos que se ouviam lançados pelo povo que acompanhava a comissão e que já vinha a 3 Km de distância.
Ao chegar a comissão próximo dos elementos da câmara, aquela se apeou e sua caleches, tocando a música um hino dedicado à comissão, composto pela Sr.ª D. Emília Rangel Mattoso dos Santos Rosado, filha do comendador e doutor em medicina, António Maria Rodrigues dos Santos, membro da comissão.
Cessou a música e a câmara entregou o estandarte ao seu presidente, havendo grande ovação e vivas.
O Sr. presidente da câmara e comendador Cristóvão Cardoso d’Albuquerque Barata, com o estandarte da câmara, caminhava á frente da música seguida do povo e na retaguarda as caleches, as seges, etc.
Seriam 11 horas da noite, entrava tudo na vila, dirigindo-se para a Praça Nova pelas ruas Direita, do Ramires e de S. Pedro. Chegados à praça, cessou a música. A câmara, a comissão e muitos cavalheiros subiram as escadas dos paços do concelho e do segundo pátio. O Sr. presidente agradeceu ao povo a honra de o terem nomeado membro da comissão. Seguiu-se o Sr. Dr. Santos que também agradeceu a mesma honra, dando conta ao povo do bom resultado da missão. Seguiu-se o Sr. João Dubraz que, com os seus costumados discursos enérgicos, relatou como se deu princípio, no Grémio, na rua da Canada, aos acontecimentos que Campo Maior tem presenciado, elogiando a comissão que foi a Lisboa e os indivíduos desta vila, residentes na capital, que se associaram a ela, concluindo o discurso em propor ao povo e à câmara, para comemorar os acontecimentos de Campo Maior o seguinte: que a rua da Canada, d’ora avante seja chamada Rua 13 de Dezembro; a rua da Canadinha, seja Rua do Conde d’Ávila; a Praça Nova, seja agora Praça de D. Luís I; o Largo da Carreira, fique sendo o Largo dos Carvajais; a rua do Tenente General, tenha o nome de Rua do Visconde de Seabra; a rua da Cadeia, se denomine para o futuro Calçada do Castelo; ao Terreiro da Estalagem, se dê o nome de hoje em diante de Largo do Barata; e ao Terreiro da Misericórdia, se chame desde já Largo do Barão de Barcelinhos. Tudo foi muito aplaudido pelo povo e pela câmara. (…)
Começou então todo o povo a sair da praça e a música foi para o coreto da sociedade artística (na Rua Direita), a tocar escolhidas peças, bem como nas duas seguintes noites, havendo espontânea iluminação pública. Esquecia-me de dizer que, na segunda noite, foi a filarmónica tocar à porta de todos os cavalheiros da comissão, em sinal de reconhecimento pelos serviços que prestaram.
Permita-se-me dizer que a comissão foi muito obsequia da por muita gente de Lisboa , especialmente pelo Ex.mo Conde d’Ávila, que a recebeu na respectiva sala do ministério do reino; e que, dando a palavra ao Sr. Dr. Santos, o ouviu por espaço de quase uma hora, de pé e com toda a atenção, respondendo que se demorassem uns dias e iriam satisfeitos para suas casas. Sua Ex.ª, despediu-se da comissão apertando a mão a todos.
Nos teatros e em toda a parte se falava da comissão de Campo Maior".
(Assinado: Um professor)
 

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publicado às 11:00


Autonomia municipal em risco (1868)

por Francisco Galego, em 16.03.07
Quantos campomaiorenses saberão que esta nossa terra esteve, há quase 140 anos, condenada a tornar-se uma aldeia de um concelho que teria a sua sede municipal na cidade de Elvas?
Desde 9 de Maio de 1866, no governo do país estavam políticos nos quais se depositavam grandes esperanças. Alguns eram ainda bastante jovens e brilhantes e daí as expectativas de grandes mudanças. Entre eles sobressaíam, o Ministro de Reino Martens Ferrão e o Ministro da Fazenda Fontes Pereira de Melo. Mas, por um lado, a crise do país era profunda porque os problemas eram antigos e de carácter estrutural; por outro lado, os jovens governantes, se eram dotados de saber teórico, eram pouco cientes da realidade social e política em que lhes cabia intervir. Na ânsia de tudo mudar, no mais curto prazo possível, acabaram por impor decisões que suscitaram o descontentamento generalizado.
Entre as reformas propostas sobressaíram, pelo choque que provocaram nas populações, a reforma administrativa e a reforma judicial, porque vinham alterar tradições seculares que não foram nem bem explicadas nem bem entendidas. O descontentamento foi-se acumulando, atingindo o seu máximo no final do ano de 1867, quando se pretendeu dar execução às reformas que tinham sido aprovadas pelo parlamento.
Muitas das vilas que se viram privadas da sua autonomia municipal e destituídas dos seus tribunais judiciais, entraram em revolta aberta contra as decisões governamentais. Entre elas estava a vila de Campo Maior. Vejamos como um jornal de Elvas - Democracia Pacífica, Nº 61 de 3ª-feira 31 de Dezembro de 1867- se referiu, pela pena do grande escritor campomaiorense que foi João Dubraz, a esta situação, quando foi conhecido o teor da reforma publicada pelo Decreto de 10 de Dezembro de 1867
 
 “A tão esperada e estudada circunscrição administrativa apareceu afinal. Decretou-se a famosa hecatombe concelhia. As ilusões fagueiras esvaeceram-se como fumo, É feia como a morte a fatal realidade. (…)”
…essa reforma cai como um flagelo sobre as povoações sacrificadas.”
 
A nova circunscrição civil, reduzindo a sete os concelhos do distrito de Portalegre, conservou somente dos antigos: Alter do Chão; Avis; Castelo de Vide; Elvas; Monforte; Niza; Portalegre.
Ao de Elvas tiraram Santa Eulália e Barbacena e juntaram-lhe o de Campo Maior.
O que causou mais geral espanto foi a reconstrução do de Monforte… a agregação da paróquia civil de Santa Eulália ao concelho de Monforte é uma aberração de todos os princípios razoáveis…”
Campo Maior, mau grado ou bom grado do governo, tem mais de 1.500 fogos na sua população...
 
Para termos uma ideia da injustiça desta situação imposta aos campomaiorenses, compare-se a dimensão de outras vilas do Alto Alentejo que eram mantidas como concelhos autónomos, pela nova legislação, tomando a que cada fogo correspondia em média a 4 habitantes: Castelo de Vide,1.400; Alter do Chão, 749; Avis, 869; Monforte, 972; Niza, 1.176 fogos.
Daí que o autor do artigo continuasse:
 
...os seis mil cidadãos de Campo Maiorforam espoliados das suas economias e granjeios de sete séculos em favor de Elvas que bem pouco terá para si quanto mais para repartircom os que agora lhe foram agregados.
Era já duro e bem duro que se extinguisse o concelho de Campo Maior no distrito onde se conservam os de Castelo de Vide, de Niza, de Avis e de Monforte. Mas recusar-se-lhe o regime municipal? Negar-se município próprio à vila que no Alentejo tem mais pessoal?
Ora, ou regime municipal serve para estes e outros casos excepcionais ou é na lei um pleonasmo. Se não é excrescência inútil, dê-se a quem o deve ter para não oprimir quem deve ser independente.
 
Mais adiante, noutra página do mesmo jornal, noticiava-se:
 
Grande meeting em Campo Maior – Domingo, 15 de Dezembro de 1867, como consequência da nova lei da administração civil aprovada em 10 de Dezembro de 1867.
Em Campo Maior houve um meeting na Praça Nova em consequência da anexação daquele concelho a Elvas. Nomeou-se uma comissão composta de 50 indivíduos para representarem ao rei em nome do povo, pedindo o regime municipal para Campo Maior. A extinta câmara dispôs tudo em ordem de modo que não foi alterada a tranquilidade pública.
O povo estava indignado chegando a ouvir-se gritos como: queime-se o arquivo, que é propriedade nossa e não dos elvenses!
Para cima de oitocentos cidadãos ocuparam o grande salão dos paços da extinta câmara, a sala de audiências judiciais, as escadas e mais proximidades do edifício. Falaram, em sentido pacífico diferentes cavalheiros da localidade e a assembleia dissolveu-se depois de adoptar algumas resoluções de resistência legal, tendo uma grande comissão delegada assinado, em nome da assembleia, uma representação a el-rei.
Eis o que se diz nessa representação:
Senhor, - Campo Maior está de luto.
Seis mil cidadãos de todas as condições e estados, acabam de comissionar os cinquenta cidadãos,seus conterrâneos, abaixo assinados, para virem expressar ante o trono de vossa majestade um sentimento que não tem nome, nem espécie na linguagem dos homens; porque é ao mesmo tempo um gemido e um rugido; um acto de energia e um arranco de desânimo.
Ainda ontem, real senhor, Campo Maior era uma vila das mais florescentes do reino; mais populosa do que grande número das cidades que se ufanam dos seus títulos, tão rica e laboriosa como as que primam de activas e opulentas. E vai decairfatalmente do seu estado presente e das suas esperanças, derrubada por um simples rasgo de pena.
Que crime tinha feito esta boa e pacífica povoação? Porque desmereceram tanto os descendentes dos guerreiros de 1712, 1801 e 1811? Porque se eleva Castelo de Vide, Niza, Avis e Monforte, quanto se abate Campo Maior? Que actos de degradação rebaixam esta nobre vila do nível de Almeida, de Aldeia Galega, de Portel e de Gavião?
Mas, ao rei não se fazem perguntas, posto que a queixa seja libérrima na sua forma. Os ministros de vossa majestade não podiam errar e é de crer que tantas mágoas, tão grande desespero, só tenham por causa um lapso, uma inadvertência, um descuido de revisão.
Em toda a circunscrição administrativa não há uma única vila, com as condições de Campo Maior, que não seja sede de concelho. Das quatro a que se concedeu o regime municipal, nenhuma pode sofrer comparação com Campo Maior que dele foi privada.
Por estes fundamentos pois, os abaixo assinados, usando os poderes que lhes foram concedidos pelo grande meeting de hoje, pedem a vossa majestade que na folha oficial seja rectificada a omissão que, sem dúvida, houve sobre a concessão do regime municipal, visto que, não só foi proposto pela junta geral, mas até se anunciou em Campo Maior, a toda a população, que fora concedido, por assim ter sido declaradopor um alto funcionário do estado.   
 
Mas, a vila de Campo Maior, que configurou o seu descontentamento por atitudes de grande ordem e legalidade, não era a única vila a manifestar a sua indignação contra os arbítrios criados por esta reforma.
Houve protestos contra a nova lei da administração nos seguintes concelhos, tendo havido motins de alguma violência em alguns deles: Lourinhã, Belém, Castro Marim(motins muito graves), Alcoutim, Almeida, Gavião, Póvoa de Lanhoso, Cabeceiras de Basto, Olhão, Coruche, Alvito, Vidigueira, Almodôvar, Mangualde, Sátão, Penalva do Castelo, etc.
No dia 29 do corrente, houve eleições para a escolha dos representantes das várias localidades na gestão da câmara do reestruturado e ampliado novo concelho de Elvas. Mas, na assembleia de voto de Campo Maior não houve eleição em consequência dos eleitores não quererem votar.
O ano de 1867 acabava com tempo seco mas muito frio e com uma profunda amargura, provocada por um sentimento de grande injustiça, no coração dos campomaiorenses.
Voltaremos a este assunto para relatarmos como acabou por se resolver a situação.

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publicado às 16:41


O Palácio Visconde de Olivã

por Francisco Galego, em 14.03.07

Frontaria do Palácio Visconde de Olivã
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O actual Palácio Olivã, é certamente uma das mais nobres casas e provavelmente a mais antiga construção de Campo Maior, por ser uma das que conseguiu sobreviver à grande tragédia de 1732, em que, do rebentamento do paiol da pólvora resultou a quase total destruição do casario desta vila raiana.
            Na sua Galeria de Figuras, publicada nos anos 50 do século passado, João Pessoa escreve sobre D. Manuel de Menezes, natural de Campo Maior, cronista-mor do reino e com uma carreira começada ao lado do Prior do Crato e que terminou com a prestação de honrosos serviços no Oriente já sob o governo dos Filipes, o seguinte:
 
Encontrava-se no seu paço de Campo Maior, então cercado de vasta quinta (hoje ,Casa do Barata), preocupado com o estudo e afastado das lides oficiais, quando em 1625, o nomearam General da Armada, para comandar a esquadra de vinte e seis navios guarnecidos por 24.000 homens, com a qual foi restaurar a cidade da Baía, usurpada pelos holandeses.
 
Este texto permite tiara algumas ilações importantes sobre o actua Palácio Olivã:
- Tendo os Menezes ocupado a função de governadores de Campo Maior, daí resulta que a sua residência fosse referida como o paço;
- Assim sendo, o nome da rua onde o palácio se localiza, não adveio de nela se localizar um passo processional, mas de ter sido a rua da residência do governador.
 
Estêvão da Gama de Moura e Azevedo, governador de Campo Maior no século XVIII, refere-se a mesmo palácio do seguinte modo:
(Estas casas) são de D. João de Aguilar Mexia, no Terreiro das Estalagens, com oito janelas e outras tantas baixas. Tem dentro uma horta com muitas árvores, uma fonte com a mesma água que vem à que tem nas fontes públicas o Povo. Nelas se tem acomodado o Sr. Infante D. Francisco (irmão de D. João V), as três vezes que tem vindo a esta praça. Nestas mesmas casas se fez aposentadoria para S. Majestade (D. João V), que Deus guarde, o ano de 1716, de que não usou, porque vindo no dia doze de Novembro a esta praça voltou no mesmo a Elvas, por causa da chuva que sobreveio.
- Por este texto se pode concluir que, no início do Século XVIII, o palácio seria, senão a mais nobre, uma das mais nobres casas de Campo Maior.
 
No século XIX o actual Palácio Olivã foi adquirido por um tal José Vitorino Machado, natural de Olivença. O qual, através do comércio conseguiu enriquecer, tornando-se grande proprietário e chegando mesmo a ocupar cargos elevados na administração local. Foi este senhor que adquiriu o Palácio dos Menezes (Casa do Barata), no qual viveu como nobre embora fosse apenas um abastado plebeu. Casou com uma senhora elvense muito mais nova, que foi sua herdeira universal.
Esta senhora casou depois, em segundas núpcias, com Cristóvão Cardoso de Albuquerque Barata, oriundo de Paredes de Coura, sargento de brigadas que serviu na guarnição de Elvas e, depois, na de Campo Maior.
Foi durante muito tempo chefe do Partido Progressista, sucessivamente investido no cargo de Administrador do Concelho.
Apreciado pelos seus actos como político viu, em Janeiro de 1868, o seu nome dado ao largo onde se situa o palácio de sua residência, que passou a chamar-se Largo do Barata. Devido à sua benevolência com os mais humildes, veio a ser agraciado como Comendador da Ordem de Cristo. Seu filho, Cristóvão Cardoso Cabral Coutinho de Albuquerque Barata que fez carreira, primeiro como advogado, depois na magistratura atingindo o cargo de Juiz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça, foi agraciado com o título de Visconde de Olivã.
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Porta de acesso ao palácio, ostentando o brasão do Visconde de Olivã
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A estes dois ilustres campomaiorenses se deve a restauração e conservação do palácio nos finais do século XIX e primeira metade do século XX.
Actualmente, o palácio, que tem estado a ser restaurado pela Câmara Municipal de Campo Maior, está ocupado por vários serviços: Biblioteca Municipal, Repartição de Finanças e Museu do Azeite, para o qual se aproveitaram as instalações do lagar de azeite que existia no palácio.
Os seus jardins, visitáveis pelo público, beneficiaram também de importante restauração.
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                                               Fonte no jardim do palácio
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Vista do jardim e do portal que dá acesso ao pomar
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Vista parcial do pomar
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Prquena capela no fundo do pomar
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publicado às 14:51


Campo Maior e as suas fontes

por Francisco Galego, em 13.03.07
Campo Maior, praça de guerra até meados do século XIX, foi com Ouguela, Elvas, Juromenha e Olivença, uma das principais defesas do corredor do Xévora-Caia, por onde se fizeram as maiores tentativas de invasão do nosso território a partir do país vizinho.
A sua função militar determinou fortemente o crescimento do casco urbano da vila. Confinada no cerco das muralhas, viu, durante séculos, limitado o seu crescimento e, mesmo, definido o tipo de utilização dos seus campos, uma vez que, por razões de estratégia militar, as terras que rodeavam a povoação não deviam ser arborizadas. Predominava, por isso, o campo aberto, servindo de plantio a searas e de pasto aos rebanhos de gado ovino.
Porém, em épocas de relações pacíficas com a Espanha, como no período que vai desde o século XIV, ao século XVII, abrandadas as preocupações defensivas, a vila pôde crescer para além das muralhas.
Esse crescimento foi então determinado por um outro factor: a existência de fontes que garantissem o abastecimento de água à população.
Durante o período atrás referido, a vila cresceu ao encontro das grandes nascentes de água. Assim, desenvolveu-se uma área de crescimento em direcção à Fonte S. Pedro, a nordeste do núcleo medieval, outra em direcção à Fonte Nova, a noroeste, uma terceira em direcção à área da Fonte das Negras, a leste.
As fontes, são, portanto, um dos factores do crescimento do núcleo urbano. Nesses pontos se localizam as mais antigas e persistentes nascentes de água do concelho.
A Fonte de S. Pedro, provavelmente a mais antiga, é local habitado desde os mais remotos tempos. Vestígios de ocupação romana, têm aparecido com abundância no espaço que a rodeia. Perto da fonte, localiza-se o mais antigo dos locais de culto de Campo Maior: a Ermida de S. Pedro. Este templo assenta sobre vestígios de um templo romano.
Estas fontes ficaram exteriores à vila quando, mais uma vez, por razões de estratégia militar, a vila teve de ser defendida após a Restauração de 1640. Na eminência de ataques pelo exército espanhol, a vila foi dotada de novas muralhas e de um conjunto de baluartes. Devido a isso, deu-se uma contracção do casco urbano que provocou o desaparecimento de bairros que se tinham estendido nas três direcções atrás referidas.
Mas, as fontes persistiram até à actualidade. Essas fontes exteriores estão localizadas nos pontos principais de acesso à vila e vão desempenhar uma tríplice função que definiu a sua estrutura muito particular: são simultaneamente fontes de abastecimento de água potável; são bebedouros para os animais e tanques para a lavagem das roupas.
Por outro lado, prevenindo a possibilidade de cercos demorados, a vila teve de se dotar de outras fontes, internas às muralhas, que assegurassem o abastecimento normal de água. Por isso, essas fontes internas eram mais simples porque desempenhavam apenas essa função. Na actualidade, estas fontes têm um mero carácter decorativo, pois o sistema de abastecimento de água ao domicílio tornou-as desnecessárias.

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publicado às 18:06


Fonte de S. Pedro

por Francisco Galego, em 13.03.07
Tudo indica que seja a mais antiga das fontes de Campo Maior.
É constituída por uma tríplice estrutura de acordo com as funções a que se destinava: fonte, bebedouro e tanque.
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Fonte de S. Pedro
Em primeiro plano, o tanque para lavar roupa, seguindo-se o bebedouro e a fonte.
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Localizada numa importante saída de Campo Maior, perto do local onde se ramificam os caminhos que dão acesso a Ouguela e às terras mais férteis do concelho.
Fica situada à entrada de um vasto terreno plano que antigamente se chamava “a defesa de S. Pedro”: este terreno, propriedade do município, tinha funções importantíssimas para a comunidade agrícola que habitou Campo Maior até meados do século XX. Aí se localizava uma área importante de cultivo de cereais, a qual servia também de pastoreio comunitário para os gados, em aproveitamento dos restolhos, e de rossio onde se faziam as eiras. A função de pastoreio comunitário está bem testemunhada na existência de um bebedouro de muros baixos destinado ao gado ovino, o qual fica a pouca distância da Fonte de S. Pedro, e é alimentado pelo mesmo nascente.
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Fonte do Rossio, vendo-se os bebedouros para animais de tracção e gado ovino
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A Fonte de S. Pedro foi sempre de tal importância para a população de Campo Maior que, quando se projectou a construção do cemitério no terreno murado adjacente à Ermida de S. Pedro, o povo protestou, temendo a contaminação das águas. A Câmara, devido à pertinência da razão invocada, mudou o local do cemitério para o sítio onde, até hoje, se localiza.
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publicado às 18:00


Fonte das Negras

por Francisco Galego, em 13.03.07
Nenhum documento nos elucida sobre a razão deste nome. Será que, noutro tempo, foi a fonte destinada ao abastecimento de água feito por escravas negras?
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Fonte das Negras
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A fonte, na sua localização actual, é bastante recente, pois está datada de 1936. Mas, ela é muito mais antiga pois que assim se designam os terrenos em volta em documentos que referem a existência nesse local do convento de Santo António, de monges da Ordem de S. Francisco e que teve de ser demolido para se construírem as muralhas em 1645. A fonte primitiva estaria numa das paredes exteriores desse convento. A mesma nascente abastecia a comunidade religiosa que o habitava.
Embora a sua estrutura indique apenas a função de abastecimento de água para beber, o tanque de recepção das suas bicas é amplo para servir também de bebedouro aos animais de tracção. Mas, como a água que escorria deste bebedouro era utilizada para abastecer os tanquinhos onde as mulheres lavavam roupa, também esta fonte exterior desempenhava uma tríplice função.  
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publicado às 17:57


Fonte do Chafariz ou da Abertura

por Francisco Galego, em 13.03.07
Esta fonte só está localizada no sítio actual desde 1936, pois que, antes de ser derrubada a cortina de muralha seiscentista que ligava o baluarte de S. Francisco ao meio baluarte de Santa Rosa, esta fonte não existia. A sua função era desempenhada por uma outra que lhe fica muito próxima: a Fonte de S. Francisco.
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Fonte do Chafariz ou da Abertura
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Tal como a Fonte das Negras, apresenta um tanque de recepção das bicas de grande dimensão, pois desempenhava também a função de bebedouro para os animais de tracção. Aliás, o nome de chafariz indica claramente essa função.
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Fonte do Chafariz ou da Abertura - Painel de azulejos
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O seu frontispício é decorado por interessante painel de azulejos representando uma cena campestre, onde figura o típico carro canudo, meio de transporte muito utilizado até meados do século XX.
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publicado às 17:52

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