CRÓNICA DEL’REI DOM JOÃO I DA BOA MEMÓRIA
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Fernão Lopes,
Imprensa Nacional – Casa da Moeda, Lisboa, 1977
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Parte I, Capítulo LXVIII, p. 117:
“E mui poucos lugares e fidallgos tomarom voz do Meestre pera o ajudar, e todollos outros se deram a elRei de Castella obedeeçemdo a sseu mamdado; assi que pollas comarcas do rreino estavom por ell estas fotallezas, comvem a saber em amtre Tejo e Odiana: Arrõches, Allegrete, Castell de Vide, o Crato, a Ameheira, Momforte, Campo Mayor, Ollivemça, Villaviçosa, Portell, Moura, Noudall, Mertolla, Almadãa.”
Parte I, Capítulo CVI, p. 180:
“… escreveu o Mestre de Lisboa onde estava, a Gil Fernandes de Elvas, que fosse falar a Paae Rodriguez Marinho, Alcaide de Campo Maior, que alçasse voz por ele e que lhe faria muitas mercês.
Gil Fernandes cavalgou logo com cinquenta homens de armas consigo, e foi-se a Campo Maior; e estando fora da vila numa igreja que aí se faz, mandou dizer a Paae Rodriguez, que lhe prouvesse de sair fora do castelo, para falar com ele, coisas que eram de sua honra e proveito. Paee Rodriguez disse que não sairia fora mas que fosse ele Gil Fernandes entre o muro e a barreira do castelo e que levasse dez homens de armas consigo.
Gil Fernandes disse que lhe prazia, com a condição de que, de uma parte e de outra fosse feito preito e menagem, que fosse um seguro do outro; Paae Rodriguez disse que lhe prazia e assim foi firmado e posto entre eles. Então, apartou Gil Fernandes dez homens de armas e foi-se à barreira do castelo onde haviam de falar e achou já Paae Rodriguez prestes; e quando se vieram abraçar, lançou Paae Rodriguez a Gil Fernandes o braço no ombro à maneira de segurança e com a outra mão lhe segurou a espada e disse: vós sereis preso.