NA PRÉ-HISTÓRIA
Os vestígios mais antigos de presença de grupos humanos na área do concelho de Campo Maior foram datados como pertencendo à fase final do Neolítico ou, mais exactamente aos períodos designados como Calcolítico e Neocalcolítico.
Como pertencendo ao período Calcolítico estão referenciados os povoados de Farrusco, Atalaia da Figueira, Zebro e Santa Vitória. Este, por nós visitado, apresenta materiais que permitiram datá-lo entre 3.000 a.C. e 2.500 a.C. aproximadamente.
Como pertencendo ao período Neocalcolítico os povoados do Cabeço do Cubo, do Monte dos Surdos, do Monte do Altinho, da Horta do Mourato e da Cabeça Gorda.
Pertencendo também a este período, estão assinaladas as antas da Horta do Mourato, da Lapagueira e a Anta do Touro.
Próximo de Campo Maior, já dentro do limite do concelho de Elvas e encostado ao rio Caia localiza-se um importante povoado de um período mais recente:
O povoado da Serra de Segóvia
Trata-se dum recintofortificado, com construções de planta rectangular, que terá sido fundado por volta dos século VII-VI a.C. e que se manteve ocupado até ao século I d. C., ou seja, até à época da romanização.
Nas escavações foram encontrados materiais mais antigos, típicos da Idade do Bronze Final, e outros mais recentes, da Primeira Idade do Ferro, como as peças de cerâmica montadas com recurso ao torno de oleiro e escórias de fundição de ferro que aponta para o fabrico de peças fabricadas com este metal.
Os materiais recolhidos indicam que a fundação do povoado tenha sido feita por populações provenientes do interior Península Ibérica que aqui se fixaram pela garantia de defesa apresentada por um local tão acidentado, devido à grande riqueza da área em jazidas de ferro e por perto dele se localizar a única jazida de estanho identificada a sul do Tejo. Por outro lado, os campos circundantes, irrigados pelo rio Caia, seriam bastante férteis para garantirem a subsistência de uma população agro-pastoril.
Os materiais mais recentes, pertencentes à Segunda Idade do Ferro, documentam contactos com povos vindos das áreas mediterrânicas, como os gregos e os cartagineses. Esses materiais revelam que eram abundantes os contactos com o mundo romano desde início do século I a.C.
O acidentado do terreno e as fortes muralhas de defesa que construíram em volta das casas rectangulares de paredes de pedra, indicam que este povoado poderá ter constituído uma entidade política autónoma, controlando o território que servia de base à subsistência da sua população de tipo celtibérico.
Uma investigadora, talvez a que mais aprofundadamente se dedicou ao estudou este povoado, formulou a hipótese de que Segóvia terá estado ligada aos confrontos entre o exército de Sertório e as tropas fiéis ao governo de Roma. Contudo, no estado actual da investigação, não dispomos de informação relevante que permita associar este povoado às guerras entre os celtiberos liderados por Sertório e as legiões romanas. De qualquer modo, o povoado de Segóvia deverá estar ligado à chegada dos romanos a esta região.