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Aqui se transcrevem textos, documentos e notícias que se referem à vida em Campo Maior ao longo dos tempos
Estes versos, feitos para serem declamados, podem ter um ritmo e uma métrica diferentes e caracterizam-se pelo encadeado dos versos em função do tema escolhido como nuclear de cada poema.
A preocupação central destas com posições poéticas, é essencialmente narrativa. Em muitas delas predomina a ironia. Outras são mais descritivas, tendo frequentemente um intenção moralizante.
Quanto à estrutura formal, nas “décimas” aparece primeiro uma quadra a que se chama mote. Seguem-se depois quatro estrofes de dez versos (daí o nome décimas). Cada uma dessas estrofes ou décimas, acaba com o verso que, pela mesma ordem, aparece na quadra de mote. Assim, o primeiro verso do mote é o último da primeira décima, e o último verso do mote terá de ser o último verso da última décima.
No mote a rima é do tipo a,b,c,b ou a,b,a,b. Nas décimas o esquema de rima é o a,b,b,a,a,c,c,d,d,c.
MOTE
Eu também já fui à Lua
Vive-se lá muito bem,
Se a vida assim continua,
Fica a Terra sem ninguém.
I
D’ir onde os outros vão
Já chegou a minha vez,
Mas, como sou português,
Não fui à televisão.
Causou-me admiração,
O movimento na rua;
Não se vê lá terra crua,
É toda bem cultivada.
Fui e vim p’la mesma estrada,
Eu também já fui à Lua.
II
Fartei-me de lá gozar,
Numa grande brincadeira:
Aquelas lindas estrelas,
Todas me qu’riam beijar.
Depressa torno a voltar;
Dou-lhe a certeza, porém,
Tudo vai e tudo vem,
Vai em cima e vai ao fundo,
Lá em cima é outro mundo,
Vive-se lá muito bem.
III
Há um caminho directo
Para quem lá queira ir;
Não há mais que descobrir,
Seja longe ou seja perto,
Já está tudo descoberto,
Desde o ardo à charrua;
Se o foguetão não recua
Não temos onde poisar;
Pobre de que cá ficar,
Se a vida assim continua.
IV
Lá toda a gente trabalha
Sem pagar contribuições.
Lá não há oposições:
Todos comem e ninguém ralha,
Toda a gente s’agasalha
Conforme o frio que tem.
Seja aqui ou seja além,
Seja juiz, seja réu,
Vai tudo viver p’ró céu,
Fica a Terra sem ninguém.
(Manuel Paio)
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