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Aqui se transcrevem textos, documentos e notícias que se referem à vida em Campo Maior ao longo dos tempos
Estes versos, feitos para serem declamados, podem ter um ritmo e uma métrica diferentes e caracterizam-se pelo encadeado dos versos em função do tema escolhido como nuclear de cada poema.
A preocupação central destas com posições poéticas, é essencialmente narrativa. Em muitas delas predomina a ironia. Outras são mais descritivas, tendo frequentemente um intenção moralizante.
Quanto à estrutura formal, nas “décimas” aparece primeiro uma quadra a que se chama mote. Seguem-se depois quatro estrofes de dez versos (daí o nome décimas). Cada uma dessas estrofes ou décimas, acaba com o verso que, pela mesma ordem, aparece na quadra de mote. Assim, o primeiro verso do mote é o último da primeira décima, e o último verso do mote terá de ser o último verso da última décima.
No mote a rima é do tipo a,b,c,b ou a,b,a,b. Nas décimas o esquema de rima é o a,b,b,a,a,c,c,d,d,c
Mote
A mulher com quem eu casei,
Sempre viveu farta e cheia;
Mandava-a temperar a açorda,
Com as “cordalhas” da candeia.
I
Não via a cor ao dinheiro,
Com isso era estimada,
Muitas vezes era escovada,
C’uma escova de marmeleiro.
Isto é que é o verdadeiro,
Mentiras nunca as direi,
Uma saia lhe comprei,
Ao fim de casado dez anos.
Vendeu tripas aos milhanos,
A mulher com quem casei.
II
Um ano matei-lhe um porquinho,
Que não pesava uma grama,
Para comer teve fama,
Ainda lhe sobrou toucinho.
Comia muita carne e bebia muito vinho,
Quando chegava em casa alheia,
Se pedia uma boa ceia,
Em recompensa dava-lhe um tombo,
De água nos olhos e lenha no lombo,
Viveu sempre farta e cheia.
III
Uma vez chamava-lhe filha,
Outra vezes era “canorsa”,
A cama era de palhoça,
Levantava-a com uma forquilha.
Como ninguém ela brilha,
Isso posso eu afirmar,
Fome nunca a deixei passar,
Mas sempre desviada da fartura,
Com a sombra da gordura,
Mandava-a temperar o jantar.
IV
Era uma boa sujeita,
Disso poso eu dar sinais,
Do que via comer às mais,
Ficava ela satisfeita.
Era de barriga estreita,
Escassa como uma centopeia,
Não enchia tripa e meia,
Era uma louva-a-deus de gorda,
Mandava-lhe temperar a açorda,
Com as “cordalhas” da candeia.
( Declamado por: José Francisco Toureiro Rúbio)
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