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O CERCO DE CAMPO MAIOR DE 1801

por Francisco Galego, em 02.04.18

 

         Na manhã do dia 20 de Maio de 1801 apareceu, sobre as alturas da Cabeça Aguda, a 4ª Divisão do exército espanhol… que, assenhoreando-se logo da campanha, formou o sítio da praça. E, tendo-se esta de antemão preparado para fazer uma defesa porfiada, se rendeu por capitulação no dia 6 de Junho com inexplicável mágoa dos habitantes que desejavam o prolongamento da resistência, chegando muitos ao ponto de representar ao governador, que então era Matias José Dias Azedo, que desistisse da rendição e continuasse na defesa. Os egoístas e os fracos, que sempre os há e que por toda a parte se encontrarão, temeram. Azedo sossegou os ânimos e cedeu às circunstâncias. Talvez porque o estado das coisas pedisse isso mesmo, pois dependia de Campo Maior a tranquilidade do Alentejo e do reino. Pois que, enquanto esta praça resistisse, as hostilidades não cessavam nem se ultimava a negociação da paz em Badajoz.

            A obstinação que Azedo tinha mostrado nos 18 dias que durou o cerco e o bombardeamento da vila, tinha azedado de tal modo os espanhóis que estes chegaram a passar a ordem de multiplicarem as baterias e se avivar o fogo para arrasarem a fortaleza. E não podia deixar de ser assim porque os franceses, que estavam aliados aos espanhóis, já começavam a mostrar descontentamento pela demora de se obter a rendição desta pequena praça de guerra.

            A praça rendeu-se com efeito em 6 de Junho mas a guarnição militar ganhou o direito a todas as honras militares. A povoação tinha sido atingida por 8.342 balas de canhão, 257 bombas e 1.217 granadas.

            Assinada a paz, foi a vila evacuada pelas tropas espanholas no dia 22 de Novembro de 1801.

            Não se descuidaram os habitantes de reparar as ruínas provocadas pelo bombardeamento; as suas casas estavam em breve habitáveis. Mas a reparação não foi geral. Mais de 10 anos depois ainda se viam sinais de destruição na Igreja Matriz, no Convento de São Francisco, nas Casas da Câmara e em alguns outros edifícios.

            As fortificações não foram prontamente reparadas, nem era de esperar que tão depressa o fossem, porque, devido ao parecer dos inspectores que as vistoriaram, estava resolvido abandonar esta praça de guerra por falta de condições de defesa.

Campo Maior foi desguarnecido de artilharia. As suas duas portas ficaram sem pontes levadiças, as suas muralhas ficaram arruinadas tendo ficado quase destruído o Forte do Príncipe e derrubados dois grandes pedaços de muro entre os baluartes de São Francisco e de Santa Rosa e outro no lado ocidental do baluarte de São Sebastião.

 

 

In, Frei João Mariano de Nª Sª do Carmo Fonseca - Memória Histórica da Junta de Campo Maior. 1813

 

 

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