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LEITURA DE UMA PLANTA MILITAR...

por Francisco Galego, em 12.05.17

 

Os documentos que podemos utilizar para recolha de informações úteis e necessárias para a elaboração do conhecimento histórico, são dos mais variados tipos e, consoante a perspectiva e a estratégia utilizadas para a sua leitura e análise, são susceptívies de múltiplas interpretações.

Aqui se apresenta a leitura estruturada que procurámos fazer da Planta da Praça de Campo Maior, elaborada para fins militares, pelo Real Corpo de Engenheiros, publicada em 1817, em folha de 94 x 62 cm.

Para melhor organização da sua leitura, optou-se por constituir duas zonas representadas na Planta, para que, cada uma delas, correspondesse às fases de crescimento da vila, desde o início do séc. XIV até ao início do Séc. XIX.

As informações contidas no documento em análise foram organizadas por categorias que facilitassem, a sua leitura, o seu registo e a sua descrição.

 

SECTOR 1:

Esta é primeira área de crescimento da vila, nos séculos XIV, XV e XVI. Extravasando as muralhas do castelo medieval que abrigavam a “Vila Velha”, uma nova parte da vila vai alastrar descendo pela encosta, desde uma primeira radial formada pelas ruas da Barreira e da  Soalheira (ou, segundo a "Planta", rua da Cadeia) até uma nova radial formada por:  Rua das Poças, Rua da Misericórdia,  Rua do Paço e  Largo da Alagoa. Esta nova radial terá começado a ser ultrassada no século XVI, devido ao  crescimento de novas ruas para a zona oriental da malha urbana representada na "Planta".

 Vejamos o que a "Planta" nos apresenta este Sector 1, lendo e anotando de Norte  para Sul : 

Ruas e Largos:

  1. Largo da Alagoa; 2. Calçada da Costanilha; 3. Rua da Galega; 4. Ruinha; 5. Calçada da Aldeia de Pastor; 6. Praça Velha; 7. Rua do Castelo; 8. Rua da Cadeia (ou Barreira); 9. Rua da Soalheira; 10. Calçada Nova; 11. Calçada Vasco Romão; 12. Rua dos Forneiros; 13. Calçada da Misericórdia; 14. Calçada da Praça; 15. Rua Direita; 16. Rua da Estalagem Velha; 17. Largo da Porta Falsa.

Elementos destacados:

  1. Castelo; 2. Igreja da Misericórdia; 3. Igreja e Convento de S. Francisco; 4.. Assento (noutros documentos, designado como Assento das Provisões de Boca); 5. Meio-baluarte de Lisboa; 6. Meio-baluarte do Curral dos Coelhos; 7. Baluarte de Santa Cruz; 8. Meio-baluarte de S. Sebastião; 9. Ermida de S. Sebastião; 10.  Baluarte da Boa-Vista; 11. Meio-baluarte de Santa Rosa. Porta da Vila (ou Porta de Santa Maria); Porta Falsa (ou Poterna).

Extramuros:

  1. Luneta de Parquer (também designada noutros documentos como Forte de Schomberg ou Forte do Cachimbo); 2. Quinta do Prior; 3. Revelim da Porta da Vila; 4. Revelim da Boa-Vista; 5. Revelim de Santa Rosa;  6. Estradas para Elvas. 7. Estradas para Espanha (Badajoz).

 

SECTOR 2.

Numa nova fase  que terá começado no século XVI, deu-se o crescimento para a zona oriental a partir da linha demarcada pela sequência de ruas que separam os dois sectores  da malha urbana da vila: Rua das Poças; Rua da Misericórdia; Rua do Paço; Largo da Alagoa.

 Torna-se importante tomar em consideração que a época anterior à data em que foi desenhada esta “Planta”, foi marcada por grandes acontecimentos dos quais se destacam:

- A Restauração da Independência de Portugal, apos a qual a vila transformou  numa forte Praça de Guerra, para defesa da fronteira, na expectativa das tentativas de invasão durante a guerra com a Espanha - A Guerra da Restauração -  que iria durar 28 anos, desde o 1º de Dezembro de 1640  até à assinatura do Tratado de Paz, em Madrid, em 5 de Janeiro de 1668. É a configuração da vila que resultou desta conjuntura que está representada na "Planta".

- As sucessivas guerras nos séculos XVII e XVIII que só irão terminar com a queda de Napoleão confirmada  no Congresso de Viena em 1815.

- No caso específico de Campo Maior há que referir, principalmente, os efeitos provocados pelo Cerco de 1712 que durou cerca de um mês, causando grandes destruições, a que se seguiu a terrível catástrofe que foi a explosão do paiol instalado na torre de menagem do antigo Castelo, em 1732. 

Foi, portanto, um período  de assinaláveis mudanças em que a vila foi afectada por graves problemas  e  grandes obras de restauração. 

Vejamos então o que falta ler e analisar neste precioso documento que é a "Planta Militar de 1817". Na leitura e análise deste “Sector 2”, procedeu-se  a uma observação da "Planta" feita  de Sul para Norte.

A leitura e análise desta parte oriental foi feita usando as mesma categorias utilizadas para o “Sector1”, antes analisado.

Ruas e Largos: Rua das Poças; Largo das Poças; Rua da Guarda de S. Francisco; Ruinha de Santo António; Rua da Fonte de Baixo; Rua da Fonte de Cima; Rua da Canadinha; Rua das Pereiras; Rua do Menantio; Praça Nova; Rua da Canada; Rua de S.Pedro; Rua da Mouraria; Rua da Carreira; Rua da Misericórdia; Terreio da Misericórdia; Rua Estreita; Largo da Matriz; Rua do Tenente-General; Largo da Carreira; Rua do Poderozo; Rua de S. João de Deus; Rua de S. João Baptista; Rua da Alagoa.

Elementos destacados: Igreja da Matriz; Porta da Carreira (também designada como Porta de S. Pedro, ou como Porta Nova); Igreja e Hospital de São João de Deus, Igreja de São João Baptista; Meio-baluarte de S. Francisco; Tanque, bebedouro e fonte do Largo das Poças; Baluarte da Fonte do Concelho; Meio-baluarte do Príncipe; Baluarte do Cavaleiro.  

Extramuros: Estradas para Badajoz; Forte de São João Baptista; Fonte das Negras; Estrada de S. Pedro; Estrada dos Tilheiros; Revelim do Lago; Fonte Nova; Revelim da Carreira.

 

 NOTA: Para complemento de leitura, ver também:

CAMPO MAIOR – NOMES DE RUAS ANTIGAS ( I ) http://alemcaia.blogs.sapo.pt/campo-maior-nomes-de-ruas-antigas-i-177503

CAMPO MAIOR – NOMES DE RUAS ( II ) http://alemcaia.blogs.sapo.pt/campo-maior-nomes-de-ruas-ii-177674

 

 

 

 

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