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A REVOLUÇÃO DE CAMPO MAIOR DE 2 DE JULHO DE 1808

por Francisco Galego, em 04.04.18

Depois do cerco de 1801, Campo Maior ficou ocupado pelas tropas francesas. Contudo, esta praça de guerra, pode considerar-se uma das que menos foi sentiu o peso desse domínio. Napoleão julgou os portugueses subjugados porque os viu sofridos. E contou achar da parte da Espanha igual moderação.

No início do ano de 1808, o comando francês teve por mais acertado abandonar a Praça de Campo Maior. À excepção de um Regimento de Suíços que entrou nesta Praça no dia 12 de Março e saiu no dia 13, não mais se viu tropa francesa, o que não foi pequena fortuna. Em consequência deste abandono, os seus armazéns foram espoliados de toda a pólvora, munições e apetrechos de guerra, as armas dos particulares foram guardadas em depósito. O Regimento Nº 20 que constituía a sua guarnição, foi desorganizado e extinto e uma parte dos seus elementos foram mandados para França. Esta extinção foi declarada no dia 14 de Maio de 1808.

Os arquivos, espingardas e mais utensílios militares foram mandados para Elvas. Igual espoliação se verificou quanto ao Hospital Real Militar e ao Assento. Mas a povoação foi deixada em paz.  

Quase sem saberem um do outro, os dois povos entraram em efervescência e se inflamaram. No dia 30 de Maio de 1808, deram-se os primeiros sinais de revolta em Badajoz os quais tiveram depois reflexos em Campo Maior.

Francisco Cesário Rodrigues Moacho, boticário e Luís José Xara, sem outra ocupação para além de um pequeno tráfico contingente sendo, portanto, ambos de condição humilde e medíocre fortuna, resolveram aproveitar a oportunidade da ocasião para restituir à sua Pátria a liberdade perdida. A estes juntou-se Francisco Pedro Xavier da Costa, que antes da desactivação da Praça era secretário do extinto Regimento Nº 20, da guarnição de Campo Maior e, sabendo que antigos militares estavam dispostos a passar a Espanha para assegurarem a sua subsistência combatendo ao lado dos espanhóis contra os franceses, resolveu ir com Cesário de jornada até Badajoz, em 8 de Junho. O primeiro procurava serviço como militar. O segundo procurou o comissário do Governo Supremo de Sevilha para lhe expor um plano que foi atendido com interesse sendo-lhe sido prometido que uma decisão seria tomada no praso de oito dias.

À conspiração associou-se em Campo Maior, o mercador Manuel António Gonçalves Niza que põs a sua casa à disposição para nela se reunirem.

Assim se deu começo ao processo que se veio a desenvolver em Campo Maior que, desde o início, teve a concordância e o apoio do General Galluzo que assegurava as ligações à Junta de Badajoz.

As tropas espanholas, designadas para ajudarem Campo Maior, eram comandadas por Nicolau Moreno de Monroy e consistiam num batalhão de cerca de 700 voluntários de Valença a que se juntou no dia seguinte um esquadrão do Regimento de Maria Luísa.

Guiadas por Luís Xara chegaram à Porta de São Pedro na madrugada de 2 de Julho de 1808, tendo-lhe sido franqueado o acesso à vila. Foram presos os responsáveis militares da vila. Quando o povo se começou a aperceber do que se estava a passar, começaram a surgir manifestações de apoio de uns e de desagrado de outros conforme era a sua afeição.

O comandante das tropas espanholas fez uma proclamação ao povo de Campo Maior. Foi constituída uma Junta do Governo Provisional de Campo Maior.

Cesário quis entregar as chaves da Praça ao Coronel Diogo Pereira da Gama do comandante de extinto Regimento Nº 20, mas este não as quis aceitar e daí resultou que o comando militar da Vila ficou entregue a Nicolau Moreno de Monroy. Este instalou o seu quartel general nas casas de D. José Carvajal.

A 4 de Julho procedeu-se à aclamação solene de Sua Alteza Real, o principie D. João. Foi rezada missa, tendo-se procedido à bênção das bandeiras de Espanha e de Portugal que foram levadas em procissão até ao castelo, ficando ali expostas lado a lado. Mas, a situação era perigosa, pois a vila estava desarmada, a praça com duas brechas, os armazéns sem munições e o inimigo fortemente armado e estacionado em Elvas.

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 Fonte: João Mariano de Nª Sr.ª do Carmo Fonseca -  Relação abreviada dos factos mais recomendáveis da revolução de Campo Maior em 1808, 1813.  

 

 

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