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CANTIGAS AO DESAFIO XII

por Francisco Galego, em 31.01.12

Em muitos casos, as cantigas de escarnecer não passavam de uma maneira divertida de expressar, brincando, sentimentos de ternura. De tal modo assim é que, em bastantes casos, sentimos dúvidas sobre a maneira de as classificarmos. Há cantigas de escarnecer tão ternas que mais parecem cantigas de bem-querer. Enquanto que, a ternura de outras que foram classificadas como de bem-querer – por quase roçarem o ridículo –, mais parecerem cantigas de escarnecer. Há também as que não passam de simples e ingénuos trocadilhos.

 

Eu andei de terra em terra,

Até que aqui vim parar;

P’ra agora esta ranhosa,

Pensar que a quero namorar.

 

O cantar da meia-noite,

É um cantar excelente;

Acorda a quem está dormindo,

Alegra a quem está doente.

 

Armou-se esta titarada,

Na manhã da nossa feira;

A Tarata está zangada,

Quer que lhe pague a cadeira.

 

Não sou bonita de espanto,

Nem feia que meta horror;

Mas terei o meu encanto,

P’ra quem me tiver amor.

 

Chamaste-me moreninha,

Eu não sou tão delicada;

Mas em ti que és ruço e feio,

Seria mal empregada.

 

Nunca gostei de beijar,

Uma mulher que se pinta;

Porque sempre que a beijo,

A boca sabe-me a tinta.

 

Ó maçã encarnadinha,

Picada do rouxinol;

Se não fosses tão baixinha,

Entravas para o meu rol.

 

Olhem aqui p’ro meu par,

Que beleza d’hortaliça;

Já mo quiseram roubar,

Fui dar parte à justiça.

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publicado às 19:46


1 comentário

De antonio.oliveira a 01.06.2012 às 05:04

O DESAFIO ANTIGO


Antigamente o cantar
Era para todos se divertir
Mas hoje quem não pagar
O cantar não vai ouvir

Tornou-se uma coisa afamada
Que vai alem de medida
Quer desafio ou desgarrada
Em qualquer parte é ouvida

Para se cantar ao relento
Como antigamente se cantou
Alguem promete o pagamento
Se é que primeiro não pagou

Foi-se embora o bom tempo
Quando se juntavam os amigos
Todos a cantar ao relento
La na colheita dos trigos

Comia-se e bebia-se
E ninguém pagava nada
Chorava-se e ria-se
Com uma boa desgarrada

Mas começaram a explorar
Esta alegria de gente pobre
Que agora para se ouvir cantar
Pagas ouro prata e cobre

É triste que na nossa nacao
Aonde há tanta ladroagem
Que roubam a nossa tradicao
A sua verdadeira imagem

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