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Aqui se transcrevem textos, documentos e notícias que se referem à vida em Campo Maior ao longo dos tempos
ANTEPASSADOS QUASE DECONHECIDOS (1)
Dos grupos que primeiro se terão constituindo e que se extinguiram com a Primeira Grande Guerra, ficou apenas memória de um que se chamava 5 de Outubro Foot-Ball Club; mas, mesmo este, tinha cessado por completo as suas actividades no início dos anos 20.
Nada podemos afirmar sobre quando e como terá chegado a Campo Maior o conhecimento e a prática do futebol. O mais provável é que tenha sido trazido por jovens da terra que estudavam em Lisboa ou em Coimbra, pois em ambas as cidades, o futebol se desenvolveu desde muito cedo.
De concreto apenas podemos encontrar testemunhos de que, antes da guerra de 1914-1918, existiam em Campo Maior grupos que se dedicavam à prática do futebol.
O jornal de Elvas O Leste, em Julho de 1915, referia os nomes dos clubes que, em Elvas, se dedicavam à prática do futebol: Sport Club Progresso, União Desportiva Elvense, e Grupo Académico. Segundo o jornal, a prática do futebol já estava antes instalada nos hábitos da juventude pois “ Houve uma época, que o amôr do foot-ball era como que uma doença que atacava a mocidade... a cada passo, ao dobrar da esquina ou no meio de qualquer rua, tinhamos que nos esquivar ... para evitar o ímpeto de uma bola de trapo com que a juventude se divertia.
O mesmo jornal, em Fevereiro de 1916, em crónica assinada por J.R. que, quase de certeza terá sido escrita pelo punho de João Ruivo, noticia a realização de um desafio em Campo Maior entre o União Desportiva Elvense e o Club Desportivo 5 de Outubro tendo este alinhado com: Mourato, José Ruivo, Guitano, Saragoça, João Ruivo ( Captain ) , Garcia, Botica, Sérgio e Alberto Mourato, porque na 1ª parte faltaram Serafim e Ensinas. Segundo o cronista: O grupo 5 de Outubro, mostrou-se ainda pouco conhecedor das passagens, chutando com muita força dando em resultado entregarem constantemente a bola aos adversários e limitando-se à defesa durante quasi todo o jogo pois fizeram poucas e mal rematadas avançadas.
Na segunda parte, quiçá por entrarem nos seus logares os jogadores que haviam faltado à primeira, jogou-se com mais calor, defendendo melhor o 5 de Outubro, pelo que se não marcou mais nenhuma bola, contribuindo tambem para isso o facto do half-centro do União Desportiva Elvense ter abandonado o campo por motivos estranhos ao desafio...
Findo o desafio (com o resultado final de 3-0, golos marcados na 1ª parte),
Vitoriaram-se os grupos com os hurrahs do estilo, indo em seguida abancar no Gavião Branco onde foi servido um lanche pelo 5 de Outubro.
Bom seria que os senhores jogadores do 5 de Outubro se convencessem de que a disciplina é a base do Association e que em vez de andarem a flirtar pelas calles se lembrarem dos seus compromissos.
João Ruivo, grande animador cultural desde os tempos que se seguiram à Implantação da República, foi um dos seus principais praticantes. Da sua biblioteca fazia parte um livro sobre futebol, O Football-Indispensavel a todos os jogadores- de Joseph Manchon editado em 1910 em Lisboa e que deve ter constituído o manual que orientou as primeiras experiências feitas em Campo Maior para se praticar o futebol com alguma seriedade. Há entre os documentos que João Ruivo deixou, uma cópia manuscrita dos estatutos que ele próprio redigiu para o Club Desportivo Cinco de Outubro, no qual jogou até ser mobilizado para ir combater nos campos de França.
Na reunião que se fez para a fundação do Club Desportivo Cinco de Outubro e que se efectuou a 5 de Outubro de 1915 numa casa no Largo Dr. Regala, a qual ficou a funcionar como sede provisória, foi aprovado o Regulamento Interno Provisório e foi também deliberado “que se participasse a sua fundação aos seus congéneres Lusitano Sporting Club e Grupo Sportivo Campomaiorense (...) Em seguida alguns dos presentes que pertenciam ao antigo Grupo Sportivo ofereceram para os cofres da nova associação um escudo e cinco centavos que lhes coube por dissolução daquele”.
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