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Aqui se transcrevem textos, documentos e notícias que se referem à vida em Campo Maior ao longo dos tempos
Desde tempos recuados, cada povoação tinha as suas próprias festas e romarias. Mas, algumas delas, por motivos religiosos, ou pelo brilho das suas realizações, atraíam gente de outras terras, tornando-se famosas como locais de trocas, de diversão e de peregrinação.
No Alto Alentejo, sobressaía entre todas, a feira de São Mateus, em Elvas. A feira de São Mateus remonta ao século XVI, pois, segundo os investigadores, terá começado a funcionar entre 1525 e 1574.[1] Cerca de duzentos anos mais tarde, veio a associar-se-lhe uma peregrinação que, a partir de 1737, se começou a fazer no sítio aonde se veio a construir o santuário do Senhor Jesus da Piedade. Tanto a feira como a romaria, ganharam grande importância entre as gentes do Alto Alentejo, tanto mais que a sua realização, coincidindo com o equinócio do Outono, marcava o período em que se dava por encerrado um ano agrícola e se começavam a tomar as disposições para o arranque do ano agrícola que se ia seguir.
As pessoas, em grande parte as que estavam mais ligadas ao trabalho nos campos, aproveitando a romaria pela devoção, e a Feira de São Mateus por ser local de trocas muito necessárias às actividades agrícolas, deslocavam-se a Elvas para aí permanecerem durante os dias que durava o evento. Os transportes eram, em tempos antigos, difíceis e lentos. Em volta do terreno da feira, formavam-se grandes acampamentos de gentes vinda de quase todas as terras desta região[2].
A Feira de São Mateus em Elvas e a Romaria ao Senhor da Piedade, tiveram o seu período de maior esplendor entre meados do século XIX e meados do Século XX.
In, Francisco Pereira Galego – Cantar e Bailar as Saias. Lisboa. 2006
[1] Gama, Eurico (1965). O Senhor Jesus da Piedade de Elvas, Elvas. Pág. 217.
[2] Interessante realçar que, entre os romeiros que vinham nas suas carroças acampar, se contavam as gentes de Olivença, dando continuidade à tradição que remontava ao tempo da sua pertença a Portugal.
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