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Aqui se transcrevem textos, documentos e notícias que se referem à vida em Campo Maior ao longo dos tempos
Começo por dizer ao leitor (ou leitora) que discordou de algumas das ideias do meu texto anterior, que terá sido culpa minha não ter sabido explicitar claramente o que penso acerca do tema em questão.
Já quanto à sua afirmação de que considera injusta e pouco esclarecida a minha afirmação de que a política do anterior governo, consistiu fundamentalmente em processos de regressão, invocando como prova disso o alargamento dos exames como forma de implementar uma maior qualidade do ensino, quero esclarecer que considero que esse foi um dos mais gravosos motivos dessa regressão, baseando-me, entre outros aspectos, nos seguintes:
- Focar as questões da educação escolar nos exames, tende a transformar os professores em treinadores para garantirem bons resultados em termos de conhecimentos específicos;
- Quanto mais os exames forem introduzidos nos níveis etários mais baixos da educação escolar, mais se desviam os professores da sua função de educadores, tendendo a reduzí-los à mera função de instrutores.
Ora, como entendo que três vectores devem orientar a educação escolar - Instrução; Educação; Formação -, para que haja progressividade desde o saber aprender a aprender, para o saber ser e para o saber agir, essa progressividade deve ser acompanhada de processos de avaliação contínua e continuada que, sem excluir os exames, acompanhem o desenvolvimento dos alunos.
A visão dos exames como o processo que avalia com rigor os conhecimentos, é muito limitativa e muito pouco adequada às verdadeiras finalidades da educação.
Aqueles que tanto propalaram os erros e deficiências daquilo que designaram como o "eduquês" - sem com isto negar que tenha havido desvios e exageros a exigirem correcção -, cairam em exageros regressivos que apetece designar como o "examinês" do qual resulta que se pretenda apenas medir o que o aluno sabe, sem tomar em consideração aquilo em que se está a tornar e aquilo que vai ser capaz de fazer e realizar como ser social.
Focar as questões da educação escolar nos exames, terá como resultado seleccionar os alunos por classes, determinando assim que terão melhores oportunidades educativas os mais dotados e os mais privilegiados em termos de recursos, condenando ao fracasso os que mais necessitam de reforços educativos que compensem as suas dificuldades de forma a evoluirem até níveis razoáveis de formação. Só assim se podem garantir condições aceitáveis de sobrevivência nas sociedades tecnologicamente evoluidas para que estamos a evoluir.
Evidentemente que nada disto pressupôe a exclusão do recurso a exames. Há situações em que eles são o instrumento mais adequado para avaliar o grau de conhecimento e de aptidões resultantes da educação escolar. O mal está em constituí-los como instrumento único ou privilegiado dessa avaliação.
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